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18/Jul/2022

Cúpula do Mercosul esvaziada em meio a rusgas

Sem a presença do presidente do Brasil e com rusgas cada vez maiores entre os presidentes de Uruguai e Argentina, o Paraguai sedia nesta semana a 60ª Cúpula do Mercosul. Com divergências políticas, econômicas e de visão para o futuro do bloco, os grupos técnicos dos quatro países tentarão apresentar entregas enquanto se espera pouco do encontro de chefes de Estado. O presidente Jair Bolsonaro confirmou que não irá ao encontro. As reuniões do Conselho de Mercado Comum (CMC) e de ministros da Economia e presidentes de Bancos Centrais ocorrerão na quarta-feira (20/07). O encontro dos presidentes está marcado para quinta-feira (21/07). O anúncio da desistência de Bolsonaro pegou de surpresa o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, mas o mandatário não conseguiu convencer o presidente brasileiro a comparecer e posar para fotos com o presidente argentino Alberto Fernández. Essa será a primeira cúpula presencial do bloco desde o começo da pandemia de Covid-19, e marcaria o primeiro encontro pessoal entre os dois presidentes.

Fernández tampouco faz qualquer esforço de aproximação com o Bolsonaro, visto que já declarou torcer pela vitória do ex-presidente Lula nas eleições deste ano. Apesar da ausência de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve ir ao encontro. Embora haja desentendimentos entre os países, há entregas importantes a serem feitas pelas áreas técnicas. Enquanto ignora Bolsonaro, Alberto Fernández segue em pé de guerra com o líder de centro-direita do Uruguai, Luis Lacalle Pou. Nas comemorações virtuais dos 30 anos do Tratado de Assunção, em março deste ano, os dois presidentes chegaram a bater boca publicamente sobre o futuro do bloco. Desde então, as relações estiveram estremecidas e pioraram na semana passada, após o anúncio de que o Uruguai abriu negociações para um acordo de livre comércio com a China, à revelia das atuais regras do Mercosul. Apesar de ter sido ofuscado pela ausência de Bolsonaro no encontro desta semana, o timing do anúncio de Lacalle Pou foi pensado justamente para pôr o "bode na sala" da reunião.

Desde o ano 2000, os países membros do Mercosul podem negociar acordos de livre comércio apenas em conjunto. O Uruguai, porém, vem pressionando pela flexibilização da regra e quer aproveitar as mudanças geopolíticas trazidas pela pandemia e pela guerra no Leste Europeu para conseguir melhores condições para suas exportações agropecuárias, sem ficar travado pelo protecionismo que a Argentina historicamente imprime nestas negociações. Foi justamente isso que emperrou a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul no ano passado. Apesar do Uruguai ser favorável à redução da TEC, condicionou o corte ao apoio à permissão para negociar acordos bilateralmente. Os argentinos foram contrários e, como as alterações das regras do Mercosul são feitas por unanimidade, nenhuma das ações foi tomada. O Brasil então decidiu reduzir temporariamente a taxa por conta própria, em dois cortes de 10%, aproveitando de uma exceção no regulamento do bloco que permite medidas do tipo para a "proteção da vida e da saúde das pessoas", a justificativa, no caso, foi a inflação trazida pela pandemia e pela guerra no Leste Europeu. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.