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15/Jul/2022

Empresas investindo em sistemas agroflorestais

De olho na economia do futuro, que tem o objetivo de combinar alta produtividade e baixo impacto socioambiental, startups apostam na agrofloresta para transformar o agronegócio. Nesse sistema, áreas degradadas e de baixa produtividade podem ser recuperadas com o cultivo de árvores e plantas de culturas diferentes. Ou seja, o produtor usa a mesma área para plantar árvores e produtos agrícolas, garantindo benefícios ecológicos e econômicos. A premissa do modelo é imitar o comportamento e a lógica das florestas, mantendo o solo saudável e diversificando a produção do negócio. Além disso, os produtores podem agregar valor à sua oferta, ter acesso a capital verde e explorar novos mercados. O sistema, que pode ajudar no cumprimento de metas ambientais, tem atraído empresas de diferentes setores. Em 2018, por exemplo, a varejista de moda Renner fez uma chamada pública para criar um programa focado em agrofloresta têxtil.

A startup Farfarm foi uma das escolhidas para implementar o projeto, cujo objetivo era fixar o algodão orgânico como única commodity das propriedades ao lado da cooperativa de agricultura familiar na região de Canarana, em Mato Grosso. Ao todo, foram plantados 15 hectares de algodão por 11 produtores da região. Criada em 2016, a Farfarm é especializada em cadeias produtivas responsáveis. Com parceiros como Renner e Vert, a empresa fornece uma série de serviços, desde montar uma cadeia produtiva do zero até trabalhar o posicionamento ESG (melhores práticas ambientes, sociais e de governança). Um dos pilares mais importantes do negócio é relacionar sustentabilidade e justiça social, além de conectar comunidades e agricultores a grandes marcas compradoras. A Pretaterra, consultoria de design agroflorestal, foi uma das parceiras da Farfarm no projeto da Renner. A empresa fez o diagnóstico da área, partindo da análise de dados da região, e criou um sistema integrado com linhas florestais. Ele inclui árvores frutíferas, feijão, espécies madeireiras e o algodão.

No município de Apuí, no Amazonas, o café agroflorestal produzido no maior projeto de assentamento rural do País, o Rio Juma, também tem sido destaque. Na década de 1980, diversos brasileiros foram atraídos para a região com a promessa de terras gratuitas para produção agrícola. Muitos produtores eram familiarizados com o cultivo do café e levaram as mesmas técnicas de plantio para a Região Norte do País. Com dificuldade para produzir na região, agricultores abandonaram os cafezais e a pecuária intensiva começou a tomar conta. O Instituto de Conservação e Desenvolvimento da Amazônia (Idesam) iniciou um acompanhamento com agricultores e, ao analisar a região, os técnicos perceberam que as áreas abandonadas começaram a receber sombra de árvores nativas e como resultado apresentavam produção maior e com mais qualidade. Uma das empresas apoiadas pelo instituto é a Café Apuí, que também conta com os serviços da startup Amazônia Agroflorestal na logística de produção e na captação de investimentos. A Amazônia Agroflorestal afirma que 100% do café produzido pelos agricultores é comprado e vendido em todo o País, além de ser exportado para uma empresa da Europa.

O projeto de transição dos antigos cafezais para agrofloresta começou com a participação de 30 famílias, mas o objetivo é alcançar 300 famílias até 2026. Em abril, a empresa captou R$ 11 milhões em investimentos para expandir o projeto. A maior parte desse valor foi fechada como um empréstimo com a gestora Mirova, e a devolução do pagamento será feita com créditos de carbono gerados pelo cultivo do café. Uma das grandes vilãs da emissão de gases de efeito estufa, a pecuária também pode ser beneficiada pela agricultura regenerativa. A Luxor Agro, criada em 2016, trabalha gerenciando fazendas e criando soluções para a agricultura regenerativa em larga escala. Atualmente, são três unidades de negócio, em 25 mil hectares de extensão. O sistema pode ser altamente lucrativo e criar um sistema que dê mais dinheiro que o convencional. Se tiver uma geada ou uma seca prolongada, vou perder menos dinheiro do que o produtor convencional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.