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14/Jul/2022

Dólar sofre recuo após duas sessões de alta firme

Depois de dois pregões seguidos de alta firme, em que acumulou valorização de 3,25%, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (13/07) em leve baixa, no patamar de R$ 5,40. O refresco para o Real veio na esteira da perda de fôlego da moeda norte-americana no exterior, a despeito de o índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em junho ter vindo acima do esperado, ensejando até apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa acelerar o passo e subir a taxa básica em 100 pontos-base. A queda do dólar no exterior ante as divisas emergentes é atribuída, sobretudo, a ajustes de posições e realização de lucros. O mercado já teria embutido nos últimos dias a perspectiva de aceleração inflacionária e agora estaria apenas aparando excessos. Além disso, o dia mais ameno para commodities, após o tombo recente, teria favorecido divisas emergentes.

No Brasil, houve relatos de fluxo positivo, com exportadores aproveitando a escalada recente da moeda para internalizar recursos. O CPI nos Estados Unidos foi de 1,3% em junho. O núcleo, que exclui preços voláteis como energia e alimentos, subiu 0,7%, além das expectativas (0,5%). Na comparação anual, o índice saltou para 9,1%, também acima do esperado, e atingiu o maior nível desde novembro de 2021. O núcleo registrou avanço de 5,9%, superando previsão de alta de 5,7%. Logo após a divulgação do CPI, o dólar chegou a ensaiar nova alta e ultrapassou a barreira de R$ 5,45, correndo até a máxima de R$ 5,46 (0,50%). Mas, o impulso comprador logo amainou e a moeda voltou a recuar, tocando mínima a R$ 5,36. Com uma diminuição das perdas na última hora do pregão, acompanhando o comportamento da moeda norte-americana no exterior, o dólar fechou a R$ 5,40, em baixa de 0,61%. A divisa ainda acumula ganhos de 2,62% na semana e de 3,27% no mês.

Segundo o Banco Ourinvest, a percepção é que o mercado já havia se antecipado a um número ruim do CPI e está fazendo um ajuste para baixo no dólar. Está realizando no fato. É simples volatilidade. Referência do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY correu entre mínima aos 107,477 pontos e máxima, logo após a divulgação do CPI, aos 108,583 pontos. No fim do dia, rodava no limiar dos 108,000 pontos. O euro chegou a ser negociado pontualmente abaixo da paridade com o dólar. O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, afirmou que o CPI de junho pede uma postura mais forte contra a inflação e alertou que vê riscos de recessão nos Estados Unidos. O presidente do Fed de Atlanta, Rafael Bostic, afirmou que a inflação mais elevada pode fazer os dirigentes considerarem uma alta de 100 pontos-base em sua reunião de política monetária neste mês. Monitoramento do CME Group mostra que o mercado embute mais de 70% de chance de que o Fed eleve a taxa em 100 pontos-base.

Para a Western Asset, o CPI, além de ter vindo acima do esperado, mostra que a economia norte-americana enfrenta um processo inflacionário mais amplo e disseminado. Dada à liquidação de ativos de risco e à escalada do dólar nos últimos dias, o mercado aparentemente já incorporou a perspectiva de alta mais forte dos juros pelo Fed e consequente desaceleração da economia, o que ajudaria a explicar o alívio, ainda que modesto, do dólar nesta quarta-feira (13/07). O dólar se fortaleceu muito nos últimos dias com essa percepção de que a política monetária do Estados Unidos será mais forte que a de outros blocos. As commodities caíram diante da possibilidade de recessão e os problemas na economia chinesa. O Livro Bege, que serve de base para as decisões do Fed, revelou que vários dos doze distritos em que o Fed está presente relataram desaceleração da demanda desde meados de maio.

Empresários em cinco distritos mostraram preocupações com risco crescente de que a economia americana entre em recessão. Apesar disso, houve também relatos de pressões inflacionárias. Além do fortalecimento do dólar no exterior e da queda das commodities, o Real teria sofrido nos últimos tempos com a piora da percepção de risco fiscal em razão da PEC dos Benefícios, aprovada ontem em primeiro turno na Câmara e em processo final de votação. Para a Western, em uma perspectiva de longo prazo, o Real está em nível muito depreciado tendo em vista os fundamentos e o nível da taxa de juros. No curto prazo, contudo, há fatores que podem levar a nova rodada de depreciação, como queda adicional das commodities e eventuais derrapadas no campo fiscal e político. O Real já está muito fraco para se apostar em novas depreciações. O dólar já está bem estressado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.