ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Jul/2022

Vulnerabilidades para o sistema financeiro mundial

Segundo o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), a combinação de um cenário de baixo crescimento econômico, inflação elevada e aperto nas condições financeiras globais pode criar novas vulnerabilidades para o sistema financeiro mundial. Dentre as preocupações, estão possíveis impactos adversos nas economias emergentes e o aumento do endividamento de governos, empresas e famílias. O aumento do endividamento entre governos, empresas não financeiras e famílias em resposta à Covid-19 expõe esses setores a custos de dívida crescentes, especialmente porque as taxas de juros aumentaram em muitas jurisdições. Os mercados estão conseguindo lidar com o aumento da volatilidade de forma adequada, mas destaca a liquidez se deteriorou em mercados de dívida relevantes. Nesse cenário, é recomendado ao G20 que mantenha a vigilância uma vez que uma deterioração inesperada das condições econômicas pode testar a resiliência financeira do sistema financeiro global. A identificação e avaliação de vulnerabilidades em todo o sistema financeiro é um mandato central do FSB.

Três fatores se destacam no cenário atual: o aumento da dívida soberana, de empresas e famílias; descasamentos de liquidez e alavancagem não identificados por agentes não bancários e, por último, condições econômicas divergentes nas economias e que, diante do processo de subida de juros para controlar a disparada da inflação, podem impactar os fluxos de capital e gerar vulnerabilidades aos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. A resiliência do sistema financeiro mundial é essencial para um forte e sustentável crescimento global. Chama a atenção ainda a volatilidade nos mercados de commodities causada pela guerra na Ucrânia, em seu quinto mês, e que jogou luz para o risco de tensões financeiras no segmento. A recuperação desigual da Covid-19 expõe os emergentes, que podem ter seu crescimento futuro abalado por cicatrizes deixadas pela pandemia. Com capacidade fiscal limitada, países em desenvolvimento não conseguem dar o mesmo suporte a suas economias como as nações ricas, resultando em uma retomada díspar, o que, por consequência, aumenta o risco de repercussões negativas.

A recuperação dos impactos econômicos da crise da Covid-19 tem sido divergente entre as jurisdições, em parte devido a diferentes fatores cíclicos e estruturais, incluindo medidas de saúde e em parte devido à duração diferente das restrições relacionadas à política de saúde. Os países emergentes têm apresentado uma recuperação relativamente mais fraca que as desenvolvidas, observa, sob a capacidade limitada de mais estímulo fiscal em suas economias. Essa disparidade faz com que os riscos das cicatrizes pandêmicas sejam muito mais significativos para nações em desenvolvimento, mas também aumenta o risco de repercussões negativas. O organismo alerta para o aperto das condições financeiras diante do aumento da inflação, impactada pela interrupção nas cadeias globais de suprimentos e a recuperação da demanda mundial. A invasão russa à Ucrânia, afirma, aumentou substancialmente tais desafios, causando um revés no crescimento global, elevando a incerteza econômica. Além disso, o impacto no preço das commodities, que pressionou os custos da indústria e das famílias, também pesa mais para as economias emergentes.

Tomados em conjunto, esses contratempos podem implicar que as cicatrizes da pandemia tenham um potencial maior no futuro para prejudicar o crescimento. Os riscos de cicatrizes podem ser particularmente significativos em países emergentes que podem sofrer grandes oscilações nas condições de financiamento externo enquanto têm espaço limitado para apoiar a economia real. O cenário atual exacerba os desafios para os formuladores de políticas, neste caso, ministros de finanças e bancos centrais, no apoio a uma recuperação forte, equitativa e inclusiva. Um sistema financeiro global resiliente é uma pré-condição necessária para enfrentar esses desafios. Nesse sentido, o organismo defende que as estratégias de saída da Covid-19 sejam endereçadas levando em conta condições econômicas domésticas específicas e evitando reações excessivas do mercado financeiro. Isso, admite, pode limitar o escopo de uma saída totalmente sincronizada entre os países. Como exemplo, o FSB cita uma comunicação clara e consistente por parte do Banco Central, o que, na sua visão, pode ajudar os participantes do mercado a avaliar os impulsionadores das diferenças na normalização de políticas adotadas nas economias.

No caso dos países emergentes, essa tem sido uma das estratégias de saída da Covid-19. O FSB menciona, em especial, o Brasil. Segundo a entidade, o país se comunicou estreitamente em tempo real sobre suas ações durante a pandemia no intuito de acelerar qualquer processo legislativo e aliviar possíveis problemas no futuro. As análises sobre a saída da pandemia fazem parte de um relatório final que será entregue ao G20, no encontro de novembro. O documento visa a apresentar conclusões sobre as questões de estabilidade financeira relacionadas aos efeitos de cicatrização da Covid-19 e como essas questões no futuro serão abordadas no futuro. Criada no auge da crise internacional de 2008, o FSB é uma iniciativa do G20. A função da entidade é coordenar o trabalho de autoridades e estabelecer políticas de regulação e supervisão com foco na estabilidade do sistema financeiro global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.