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08/Jul/2022

Queda do petróleo traz certo alívio para Petrobras

O medo de uma recessão mundial derrubou o preço do petróleo no mercado internacional, cotado abaixo de US$ 100,00 por barril em boa parte do pregão do dia 5 de julho. Era nesse patamar que o insumo operava antes do anúncio da guerra entre Rússia e a Ucrânia, no final de fevereiro. O petróleo em queda praticamente anulou a defasagem entre os preços dos combustíveis no Brasil e no exterior. O movimento é um alento para o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, que, por agora, não será pressionado a ter que reajustar o preço do diesel e da gasolina e receber pesadas críticas do governo. A estatal viu quatro presidentes caírem após reajustarem os preços dos combustíveis em três anos e meio da gestão de Jair Bolsonaro. Nas últimas semanas, o presidente da República chegou a afirmar que seria preciso mudar toda a diretoria da companhia para dar uma nova dinâmica à empresa. Na Petrobras, a decisão de mexer nos preços é tomada pelo presidente em conjunto com outros dois diretores: o financeiro e o de comercialização.

Ou seja, no mesmo no comando da estatal, Paes de Andrade não poderia sozinho segurar os preços dos combustíveis como quer o governo. O estatuto da companhia exige que ela siga em sua política de preços uma paridade com as cotações internacionais. A alta dos combustíveis ajuda a pressionar ainda mais a inflação, castigando a população que vê seu poder de compra desaparecer. Um cenário complicado para o presidente da República, que tenta a reeleição, mas não tem conseguido avançar nas intenções de voto da população de mais baixa renda, a mais prejudicada pelos efeitos da inflação. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) ressalta que a queda do petróleo é uma boa notícia para o governo brasileiro que, no curto prazo, não terá que pressionar a Petrobras para não reajustar os preços. Com o novo cenário, os preços da estatal não vão precisar de reajustes, mas a alta do dólar deve segurar possíveis reduções nos preços.

Se a guerra não trouxer eventos extraordinários e a recessão voltar, o petróleo pode ir para US$ 80,00 por barril, nível pré-pandemia. Segundo o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), ainda existe muita volatilidade no mercado e pelo menos no curto prazo o Brasil não deve sentir o impacto dessa queda. Até porque a Petrobras não aumenta o preço imediatamente quando aumenta no exterior, mas também não diminui, ela prefere esperar ver se esse rumo vai se manter. Os preços praticados nas refinarias da estatal no Brasil atingiram a paridade com o mercado internacional no dia 5 de julho, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Na média, o preço do diesel está 3% acima da média internacional e a gasolina, 2%, puxados pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada no final do ano passado. Enquanto os portos que servem de referência para a Petrobras tiveram a defasagem zerada, ou seja, alinhados com o preço externo, o porto de Aratu, na Bahia, estava, no dia 5 de julho, com o preço do diesel 7% acima do mercado internacional e a gasolina, 15%.

A expectativa de uma recessão mais forte do que o esperado surgiu após aumento generalizado dos juros nas principais economias, o que levou à valorização do dólar. Bancos como o Citi já projetam que o preço da commodity pode chegar a US$ 65,00 por barril até o final do ano, contrapondo previsões como a do JPMorgan, de que a cotação poderia atingir até US$ 300,00 por barril por conta da guerra no Leste Europeu. Uma recessão global generalizada, se confirmada, levará à retração das commodities de maneira geral, mas a dúvida é se isso ocorrerá por um período curto ou longo. No caso do petróleo, esse recuo na economia acontece em um momento em que os estoques estão historicamente baixos, algumas refinarias fecharam, e a oferta pode continuar não atendendo a demanda. São duas visões do mesmo problema. Do lado da economia a questão da inflação e da recessão. Do outro, uma demanda alta em que a produção de petróleo não está dando conta. No Brasil ainda tem o problema do dólar alto, mas se tiver uma queda significativa do preço do petróleo, será possível sentir a diferença de preço.

Mas, apesar da queda do petróleo nos últimos dias, os derivados da commodity continuam em alta. Tem fatores que jogam o preço para baixo e outros para cima. Além disso, a valorização do dólar deixa o petróleo mais caro em outras moedas, como o Real. O mercado está muito especulativo, mas se a queda do petróleo for relevante e sustentável, em algum momento chegará ao Brasil. Porém, tudo vai depender do dólar. Desde o início deste ano, o preço do petróleo era o fator predominante para as altas e baixas dos combustíveis nas refinarias, mas agora passou a ser a moeda norte-americana, que até pouco tempo jogava a favor dos preços no Brasil. O cenário é de incerteza. Agora, o mercado está prevendo uma recessão global e, consequentemente, consumirá menos petróleo. Mas, está caindo também porque o dólar se valorizou em relação a quase todas as moedas. Por outro lado, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) resiste em aumentar a produção, a guerra na Ucrânia continua prejudicando a oferta de gás para a Europa e na China os surtos de Covid-19 têm promovido lockdowns.

Apesar de não se reverter imediatamente em redução de preços no Brasil, a queda do petróleo é favorável para a Petrobras, porque não vai precisar aumentar, e quem sabe até reduzir, mas tudo vai depender do dólar. Para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a era atual é da volatilidade e os mercados estão operando com muita especulação, não existe fundamento no curto prazo para queda do petróleo perto de 10% ao dia como está ocorrendo. Se não houver uma recessão forte como está se prevendo, os preços devem voltar a subir, porque o mercado da commodity está pressionado e haverá problema de oferta, elevando novamente os preços. Os investimentos no setor se retraíram na pandemia e não voltaram, e o aumento das sanções à Rússia vai levar novamente à escassez da commodity. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.