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07/Jul/2022

Dólar tem avanço pelo quinto pregão consecutivo

O dólar moderou o ritmo de alta na segunda etapa de negócios nesta quarta-feira (06/07) na esteira da melhora do humor dos mercados acionários em Nova York após a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Após superar o teto de R$ 5,45 e correr até a máxima de R$ 5,46, o dólar rodou entre R$ 5,41 e R$ 5,43. No fim da sessão, subia 0,60%, cotado a R$ 5,42, o maior valor de fechamento desde o dia 27 de janeiro. Foi a quinta sessão consecutiva de valorização do dólar, que já acumula alta de 3,57% em julho. Mais uma vez, o temor de recessão global, em meio ao aperto monetário nos países desenvolvidos para combater a inflação, derrubou os preços das commodities e levou a uma rodada de valorização da moeda norte-americana. Referência do desempenho do dólar frente a pares fortes, o índice DXY superou os 107 pontos, no maior nível em 20 anos.

O euro apanhou mais uma vez em razão de indicadores fracos de atividade na zona do euro, enquanto a libra sofreu com a crise política no governo Boris Johnson, que enfrenta debandada de ministros. As cotações do petróleo caíram novamente, com o tipo Brent, referência para Petrobras, fechando em baixa de 2,02%, a US$ 100,69 por barril. Os preços futuros do cobre, termômetro das expectativas de crescimento, tocaram os menores níveis desde novembro de 2020. No Brasil, as atenções seguem voltadas à tramitação da PEC dos Benefícios (ou Kamikaze) na Câmara. Votação em comissão especial da Casa foi adiada por pedido de vista da oposição. Os debates devem ser retomados nesta quinta-feira (07/07) e a previsão é que o texto chegue ao plenário da Câmara ainda nesta semana. Apesar de desconforto do mercado com o aumento do chamado do risco fiscal, o Real não apresentou as piores perdas de entre seus pares emergentes, papel que coube ao peso colombiano, seguido pelo rand sul-africano e o peso chileno, todos em baixa superior a 1% frente ao dólar.

Em sua ata, o Fed se mostrou disposto a agir rapidamente e pôr a política monetária em campo restritivo, em meio ao risco significativo de que a inflação elevada possa se tornar arraigada. Dirigentes do Fed veem alta da taxa básica (hoje já faixa entre 1,50% e 1,75%) em 50 pontos ou 75 pontos como apropriada no encontro deste mês. Depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, admitir que o controle da inflação envolverá "alguma dor", sobreveio na ata a avaliação de que o aperto monetário pode reduzir o crescimento da atividade por um tempo. O staff do Fed cortou as projeções de crescimento para 2022 e 2023. A previsão é que a conversão do índice de preços de gastos com consumo (PCE) para a meta de 2% ocorra apenas em 2024. Não houve menção, contudo, à possibilidade de recessão, o que pode ajudar a explicar a resposta dos mercados acionários em Nova York. Para a JF Trust, a ata foi agressiva. O Fed admite risco de menos crescimento com aperto maior da política monetária.

O contexto é de mais valorização do dólar no mundo. A alta das Bolsas em Nova York após a ata do Fed é vista como um movimento pontual de alívio. Com esse ambiente de taxas de juros mais altas no mundo e perda de força das commodities, ativos de risco e moedas emergentes tendem a sofrer. As taxas dos Treasuries apresentaram alta expressiva nesta quarta-feira (06/07) e registraram máximas, na esteira da divulgação da ata do Fed. O retorno da T-note de 10 anos chegou a tocar 2,93% na máxima e encerrou abaixo da taxa da T-note de 2 anos, que chegou ao nível de 2,95%. A inversão da curva de juros norte-americana é vista como prenúncio de recessão. Segundo a Planejar, a ata mostrou que o Fed está comprometido com o controle da inflação. Existe um movimento de valorização do dólar frente a todas as moedas. No Brasil, o risco fiscal e político voltou a ser um tema do mercado e está fazendo preço.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado afirma que a PEC dos Benefícios, que libera gastos de R$ 41,2 bilhões extrateto, fragiliza ainda mais o teto dos gastos e reduz a confiança no compromisso com a disciplina fiscal. A PEC eleva o valor do Auxílio Brasil de R$ 400,00 para R$ 600,00 mensais e amplia o vale-gás, além de criar o bolsa caminhoneiro, no valor de R$ 1.000,00, e um auxílio para taxistas. A JF Trust chama a atenção para o fato de que as benesses sociais e a redução do ICMS neste ano trazem um legado pesado para o próximo governo. É duvidoso que o próximo presidente consiga diminuir os gastos com o Auxílio Brasil ao passo que o aumento do ICMS sobre combustíveis tende a pressionar a inflação em 2023. O mercado vê que está sendo contratada uma pressão política enorme para o próximo presidente. A inflação vai ser ainda alta e terá demanda por gastos. É um quadro totalmente diferente do primeiro mandato de Lula. Está mais parecido com 2001 e 2019, que foram anos de correções importantes no mercado norte-americano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.