ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Jul/2022

Amazônia: junho com mais queimadas desde 2007

De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia e o Cerrado brasileiros registraram aumento no número de queimadas. No primeiro semestre deste ano, 7.533 focos de incêndio foram relatados na Floresta Amazônica, crescimento de 17% em relação ao mesmo período de 2021. No Cerrado, por sua vez, foram 10.869 registros, valor 13% maior que o dos seis primeiros meses do ano passado. Os últimos 30 dias foram particularmente ruins para a Amazônia, quando 2.562 focos de incêndio fizeram do mês o pior junho desde 2007. No Cerrado, houve 4.239 registros, aumento de 1,4% em relação ao ano passado e o pior patamar desde junho de 2010. Desde 2019, primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro, esse índice é crescente. Historicamente, anos eleitorais têm os maiores índices de desmatamento e queimadas. Os dados do Programa Queimadas do Inpe seguem outros maus resultados.

Há duas semanas, levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou que, nos cinco primeiros meses de 2022, a Amazônia Legal registrou recorde de desmatamento e em 151 dias houve a derrubada de 3.360 Km² de floresta. A área desmatada é a maior em 15 anos e os municípios mais afetados são, respectivamente, Apuí (AM), Altamira (PA), Lábrea (AM), Novo Progresso (PA) e Novo Aripuanã (AM). Agora, os dados do Deter, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, atualizados até o dia 24 de junho, mostram que mesmo faltando uma semana para fechar o mês já é o pior junho registrado desde o início do monitoramento no bioma. Foram 752 quilômetros quadrados desmatados. A área sob alerta de desmatamento em junho de 2022 aumentou 55% em comparação a junho do ano passado. De acordo com o Deter, na Amazônia houve redução de 17% no número de alertas de desmatamento, em comparação com junho de 2021.

Quando analisados os alertas de desmatamento desde o início do ano, no entanto, é o pior primeiro semestre (ainda incompleto) desde o lançamento do sistema de monitoramento. Foram 3.750 quilômetros quadrados, crescimento de 4% em relação ao mesmo período de 2021. A gestão Jair Bolsonaro tem sido marcada por recordes nos índices de desmatamento, aumento de focos de incêndio florestal e críticas da comunidade internacional em relação à atuação do País na área. Após uma série de compromissos assumidos pelo governo na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), em Glasgow, o embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson, chegou a afirmar, em dezembro do ano passado, que o País teria de provar que protege efetivamente o meio ambiente para conseguir atrair investimentos estrangeiros, incluindo o do Reino Unido. O Brasil quer mais investimento em sua economia, mas, no futuro, não vai ser possível atrair os fundos maiores sem uma política ambiental clara nos níveis federal e estaduais.

De acordo com o IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), não há nenhuma condição climática neste ano que possa favorecer o avanço dos focos de incêndio nestes biomas. Pelo contrário, o efeito do La Niña favorece a penetração de maior umidade no continente. A explicação é aumento de fogo causado por humano. Na raiz desse fato, concretizado em dados, está o descontrole da fiscalização dos órgãos ambientais. Fazendo um paralelo com o período imediatamente anterior à promulgação da Constituição de 1988: em 1987 e 1988, havia a expectativa de um novo marco legal que reduziria o desmatamento. Houve, então, uma explosão das atividades ilegais na Amazônia. Neste ano há uma leitura parecida. A possível mudança de presidente vai trazer a tendência de uma diminuição da ilegalidade. Desde 2019, mesmo o atual presidente proibiu o uso de fogo (em atividades agrícolas durante os meses de seca) e foi totalmente ignorado.

Para combater as ilegalidades ambientais e a repercussão negativa, o governo federal criou em 2020 o Conselho Nacional da Amazônia Legal, comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Entre as medidas implementadas estão a utilização das Forças Armadas para o combate a atividades ilegais na região, por meio das Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs). Para especialistas, no entanto, o investimento crescente nessas frentes de combate a ilegalidades não surtiu efeito e os números do desmatamento continuaram a crescer. Em resposta a críticas, o governo brasileiro assinou em Glasgow acordos para zerar o desmate ilegal até 2028 e reflorestar 18 milhões de hectares até 2030. Entre os efeitos das queimadas, além da perda de biodiversidade, prejuízos econômicos e à saúde, está a emissão de gases geradores do efeito estufa. Estudo de 2021, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostra que os incêndios florestais no Brasil acresceram em 21% emissões anuais do País. Cortar pela metade o volume emitido, até 2030, é outro compromisso assumido pelo Brasil durante a COP-26. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.