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04/Jul/2022

Dólar avança com aumento do risco fiscal no Brasil

A busca global pela moeda norte-americana diante de sinais de perda de fôlego da atividade na Europa e nos Estados Unidos, aliada ao aumento da percepção de risco fiscal com a tramitação da PEC dos Combustíveis no Congresso, pautou os negócios no mercado de câmbio local na sessão de sexta-feira (1º/07). Após encerrar junho com alta de 10,15%, o maior avanço mensal desde março de 2020, o dólar emendou o terceiro pregão seguido de valorização e fechou acima da linha de R$ 5,30 pela primeira vez desde 4 de fevereiro, a R$ 5,32. O mercado já abriu sob impacto de dados ruins de atividade e inflação na Europa. O PMI industrial da zona do euro caiu a 52,1 em junho, menor patamar em 22 meses, embora acima da prévia. O CPI na zona do euro atingiu alta anual de 8,6% em junho, máxima história. A leitura fraca do PMI dos Estados Unidos medido pelo ISM de Chicago veio fraca: queda de 56,1 em maio para 53 em junho, abaixo do previsto (54,3).

O indicador se aproxima cada vez mais da linha de 50, que separa expansão de retração. Não bastassem os ventos externos negativos, pesava sobre os negócios a ampliação dos gastos previstos na PEC dos Combustíveis, aprovada no dia 30 de junho de forma relâmpago em dois turnos no Senado com decretação do “estado de emergência”. Já estavam na conta do mercado o aumento do Auxílio Brasil (de R$ 400,00 para R$ 600,00), a ampliação do vale gás e o voucher a caminhoneiros de R$ 1.000,00 mensais. No apagar das luzes, contudo, foram incluídos no texto o "auxílio-taxista", com custo de R$ 2 bilhões, e a adição de R$ 500 milhões para o programa Alimenta Brasil, o que elevou a fatura extrateto de R$ 38,75 bilhões para R$ 41,25 bilhões. Chamado de "pacote de desespero" nos bastidores, por representar a principal cartada do presidente Jair Bolsonaro para tentar subir nas pesquisas de intenção de voto, a PEC dos Combustíveis pode também passar de forma expressa pela Câmara, ao ser acoplada a chamada PEC dos Biocombustíveis em tramitação na Casa.

Segundo o Banco Ourinvest, esse aumento de gastos em ano eleitoral, com medidas para tentar angariar votos, piora muito a percepção dos investidores sobre a questão institucional. Isso tem aumentado a volatilidade da taxa de câmbio e levado a uma tendência de depreciação. Foi em meio a esse painel adverso que o mercado abriu elevando o dólar rapidamente para cima de R$ 5,30. A máxima da sessão, a R$ 5,33, veio ainda pela manhã de sexta-feira (1ª/07). Ao longo da tarde, em meio a ajustes intraday, a moeda chegou a tocar o patamar de R$ 5,29, mas voltou a ganhar fôlego na última hora de negócios e fechou em alta de 1,65%, a R$ 5,23. Com isso, encerrou a semana passada com valorização de 1,30%. As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, estão agora abaixo de 5%. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou em alta ao longo de toda a sessão e chegou acima da casa dos 105,000 pontos, sobretudo em razão dos ganhos frente ao euro.

Mesmo com a probabilidade de alta de 75 pontos-base da taxa básica americana neste mês caindo da faixa de 80% para 60% (segundo monitoramento do CME Group), a perspectiva ainda é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central-norte-americano) será mais rápido que o Banco Central Europeu (BCE) no ajuste da política monetária. Para a Armor Capital, vários dados ao longo da semana passada aumentaram o temor de recessão nos Estados Unidos. Teoricamente, com a economia norte-americana mais fraca, o dólar deveria perder valor. Mas o que está acontecendo é um movimento de 'risk off', o que potencializa o dólar e aumenta a busca por ativos mais seguros como as Treasuries. A onda global de busca pelo dólar castiga todas as divisas emergentes. Na média, contudo, o Real apresenta desempenho inferior à de seus pares em razão da percepção de risco fiscal com o decreto de estado de emergência. Há dúvidas se o aumento de gastos ficará circunscrito ao que está previsto na PEC. A insegurança com a política fiscal no médio prazo tem atrapalhado bastante o Real. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.