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30/Jun/2022

SICREDI: oferta de mais recursos com taxas livres

A instituição de crédito cooperativo Sicredi espera financiar com taxas controladas de 40% a 45% dos recursos na safra 2022/2023. Os outros 55% a 60% tendem a ser financiados com taxas livres. A distribuição dos recursos entre taxas controladas e livres dependerá do anúncio oficial do Plano Safra 2022/2023. A previsão é de crescimento mais acentuado nos recursos com taxas livres. Os recursos com taxas controladas são captados da poupança e por depósitos à vista. O banco pode remanejar os recursos entre livres e controlados conforme o montante anunciado pelo governo, podendo elevar a fatia de recursos livres para atender a necessidade do produtor rural. A divisão vai depender do montante de recursos equalizados que serão disponibilizados. O montante de recursos com taxas equalizadas pelo governo a serem recebidos pelo Sicredi vai depender do total ofertado e de como será a distribuição entre as instituições financeiras. A fatia depende do total anunciado e dos mecanismos de leilão.

Assim como as demais instituições financeiras, o Sicredi pediu ao governo liberação de R$ 20 bilhões em recursos totais com taxas equalizadas para a próxima safra ante R$ 13 bilhões em 2021/2022. O pleito foi de elevação de 70% a 80% em recursos equalizados, mas depende do governo. Do montante total dos recursos que serão distribuídos pelo Sicredi, de R$ 50,6 bilhões, 54% devem ser destinados ao custeio, 22% para investimento e 21% para Cédulas de Produtor Rural (CPRs). Por públicos, 40% da carteira tende a ser ofertada para demais produtores, 21% para pequenos produtores, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e 19% para produtores de médio porte, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). O Plano Safra 2022/2023 deve contar com taxas de juros mais altas na comparação com a temporada anterior, dado o aumento da taxa Selic no ano-safra. Isso afeta, mas o produtor terá um pedaço com juros livres e outro pedaço com juros controlados e vai olhar a taxa média da sua operação.

O Plano Safra é a principal política pública de crédito agrícola e terá vigência a partir de 1º de julho. A proporção das taxas de juros influenciará no montante total ofertado para a safra. Os juros serão desafio para essa safra e próximas safras, em virtude da conjuntura econômica. Os choques de juros que poderiam ter sido transitórios estão durando mais do que o previsto. Para grandes produtores, a taxa de juros pode ficar próxima dos dois dígitos. O nível da taxa de juros afeta o montante de recursos disponibilizados pelo governo. Se a taxa for muito baixa, haverá menos recursos disponíveis, e, se for mais alta, haverá mais recursos. Para pequenos produtores, as taxas ainda devem ficar abaixo de dois dígitos. Meio ponto de taxa já traz pulverização de volumes maiores ou menores, pela diferença entre custos e juros. Isso influencia tanto no volume quanto na estratégia do próprio produtor, de esperar para fazer os investimentos ou fazer logo.

O banco vai ampliar a diversificação de fontes de recursos para financiamento agrícola a fim de diminuir a dependência do crédito oficial. A cada ano-safra. O Sicredi amplia a diversificação do funding, para diminuir a dependência de recursos equalizados do governo e minimizar a escassez de recursos em algumas linhas. Na safra 2022/2023, aumentarão as captações por Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), por poupança, por depósitos de cooperados e depósitos interbancários. O banco também opera o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) e FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste). Entre as fontes alternativas buscadas pelo banco, o maior crescimento de recursos deve vir pela captação por meio das LCAs para a safra 2022/2023. As captações de LCAs vem sendo feitas bastante robustas. Outro destaque deve ser o crescimento das captações de letras financeiras sustentáveis (outra modalidade de título).

O Sicredi é um dos principais players da captação de Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural (DIR). Nesta frente, captava boa parte de recursos que não eram utilizados pela Caixa Econômica Federal. Contudo, a Caixa vem sinalizando que diminuirá os repasses de DIR para outros bancos. O funding em DIR também é diversificado em captação de players e o banco não dependemos somente de uma única instituição. O DIR é uma fonte importante de captação para o banco. O recurso captado pelo DIR vai principalmente para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) a taxas bem menores. É relevante para oxigenar o mercado e fazer o recurso chegar no produtor rural. A mudança de estratégia da Caixa vai afetar a captação de DIR, mas a diversificação de fontes e novos players devem suprir a lacuna. Se mudar a estratégia e realmente atender o produtor na ponta, tudo bem. O ruim é quando estratégia é anunciada e os recursos realmente não chegam ao produtor rural.

Seria positivo que instituições grandes, como a Caixa, atendessem o Pronaf de forma efetiva e fizessem esse papel na ponta com produtor, juntamente com o Sicredi. Ressalta-se a escassez crescente de recursos repassados via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A diversificação de fontes acaba sendo mitigadora dessa situação para atender a demanda dos produtores. O término dos recursos repassados pelo BNDES antes do período fim do ano-safra, visto nos últimos anos, deve ocorrer novamente em 2022/2023. Todo ano, os recursos do BNDES acabam mais cedo. O aumento da oferta, nominalmente, ainda não acompanha a demanda de recursos. A crise de componentes para máquinas agrícolas elevou o custo de aquisição dos equipamentos pelos produtores, o que demanda maior aporte para investimentos. O recurso se esgota porque a operação antes tinha custo menor. Hoje, a inflação subiu mais, a valor nominal, que o volume ofertado. Por isso, o esgotamento deve vir mais rápido neste ano do que a demanda batida no ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.