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30/Jun/2022

Bolsa-Caminhoneiro: governo enfrenta dificuldades

O governo está com dificuldade para colocar em pé o vale-caminhoneiro, benefício emergencial de R$ 1.000,00 que deve ser concedido até o final do ano para a compra de diesel. A medida foi negociada pelo Palácio do Planalto com líderes do Congresso Nacional sem que estivesse definido o modelo do programa, a lista dos beneficiados, como fazer a transferência do benefício e, depois, a fiscalização do uso do dinheiro. Por isso, o auxílio vem sendo chamado ironicamente pelos técnicos do governo de "PIX caminhoneiro". É uma situação muito diferente do Auxílio Brasil, cujos candidatos fazem o cadastramento para se habilitar ao programa nos centros de referência de assistência social das prefeituras, os Cras, e que já está em atividade.

Um jogo de empurra em torno da responsabilidade pela implantação do benefício se instalou no governo. O Ministério da Economia transferiu para Ministério da Cidadania, que passou para o Ministério da Infraestrutura. O governo Bolsonaro pretende se basear em um cadastro genérico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que inclui, até mesmo, registros de veículos menores, como Kombi e furgão, podendo abrir espaço para uma série de fraudes. O cadastro tem sido ampliado. Neste mês, mais cinco mil pessoas já correram para o sistema e se cadastraram como motoristas de carga. Essa média mensal de novos cadastros tem se mantido neste ano, apesar de toda a crise causada pela alta do diesel e de a classe de motoristas ameaçar greves, sob alegação de não ter mais condições financeiras de trabalha. O risco elevado de fraudes também foi alertado por técnicos da área econômica.

Seja qual for o critério que o governo venha a apresentar para aprovar o novo programa, líderes dos caminhoneiros têm criticado duramente a medida, que é vista pela categoria como ação eleitoreira para evitar riscos de greve e paralisações a menos de quatro meses das eleições. Os caminhoneiros e seus representantes cobram o fim da paridade de preço internacional (PPI) praticada pela Petrobras, que atrela o preço do combustível às oscilações do dólar e das commodities no mercado externo. A Frente Parlamentar dos Caminhoneiros critica a atuação de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) afirmou que, se o governo quisesse fazer alguma coisa, já teria feito, mas que não toma atitudes que possam mudar, de fato, a situação.

A Abrava sugere que, no lugar do PPI, o governo poderia criar o PPB (preço de paridade brasileiro), utilizando parâmetros do mercado interno pelo que é produzido internamente e o que é importado, fazendo uma média, e não precificar tudo com base no mercado internacional. O lucro da Petrobras é seis vezes maior que o resto das petroleiras pelo mundo. Há duas semanas, a Petrobras declarou que não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel. Na avaliação da Petrobras, o atual cenário mundial é de escassez e, como o Brasil é deficitário em produção de óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, o resultado é este: poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.