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28/Jun/2022

Dólar cai com melhora no cenário para commodities

Depois de certa volatilidade, o dólar se firmou em baixa e fechou a sessão desta segunda-feira (27/06) a R$ 5,23, queda de 0,35%. Sem indicadores domésticos de peso, o mercado trabalhou em linha com o comportamento da moeda norte-americana no exterior, de fluxos pontuais (financeiros e comerciais) e de ajustes de posições no mercado futuro, em semana marcada pela definição da última Ptax de junho. Na máxima, na primeira hora de negócios, o dólar correu até R$ 5,27. Com sucessivas mínimas no início da tarde, desceu até R$ 5,20. A retomada do apetite por ativos ligados a commodities com sinais de reabertura da economia chinesa após surto recente de Covid-19 acabou se sobrepondo ao aumento da percepção de risco fiscal doméstico, em grande parte já incorporado aos preços dos ativos. O minério de ferro subiu 4,17% no Porto chinês de Qingdao e o Banco do Povo da China (PBoC) prometeu seguir com política monetária frouxa para apoiar a economia.

Além disso, a perda de fôlego da moeda norte-americana frente a pares fortes abriu espaço para uma realização de lucros e desmonte de posições defensivas. O dólar vem de quatro semanas seguidas de alta ante o Real, período em que saltou do patamar de R$ 4,80 para mais de R$ 5,20, e marca valorização superior a 10% no mês. Segundo a Venice Investimentos, existe muito receio com a desaceleração da economia global. Esse sinal positivo da China melhora o ambiente para commodities e acaba se refletindo na taxa de câmbio. O Real foi muito castigado pela questão do risco fiscal com o pacote de bondades do governo. Os ataques à Petrobras também afetaram bastante o sentimento do investidor. O Conselho de Administração da Petrobras aprovou Caio Mario de Andrade, egresso da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, para a presidência da estatal. No campo fiscal, o relator da PEC dos Combustíveis, senador Fernando Bezerra (MDB), adiou a apresentação de seu parecer para esta terça-feira (28/06).

Apelidado de "pacote do desespero" nos bastidores, a PEC traz ampliação do Auxílio Brasil (de R$ 400,00 para R$ 600,00), aumento do vale gás e voucher de R$ 1.000,00 para caminhoneiros. Tais medidas têm impacto fiscal estimado em R$ 34,8 bilhões fora do teto de gastos. Estados como São Paulo e Goiás anunciaram redução do ICMS sobre combustíveis, na esteira da sanção de lei que estabelece teto para a cobrança do imposto estadual sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte. A redução tributária tem mão dupla: traz alívio na inflação deste ano, mas pode comprometer a arrecadação de Estados e, por tabela, as contas públicas. Para a Venice Investimentos, a questão fiscal deve continuar a permear os negócios no mercado de câmbio e pode exacerbar a volatilidade à medida que as eleições presidenciais se aproximam. A Venice trabalha com uma faixa ampla para oscilação do dólar nas próximas semanas (entre R$ 4,95 e R$ 5,25), dado o grau de incertezas interno e no exterior. Os ativos podem não estar precificando 100% o período eleitoral, mas o dólar pode cair para R$ 5,00 no curto prazo.

Há os fundamentos das commodities e a taxa de juros pode subir mais e se aproximar de 14%, o que estimula o carry trade. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) trabalhou em queda, abaixo dos 104,000 pontos, sobretudo em razão de perdas frente ao euro. Mesmo assim, segue no maior patamar em 20 anos. O dólar apresentou desempenho misto na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, subindo frente a pares do Real como peso mexicano e o rand sul-africano. O Citi avalia que o quadro global está se tornando cada vez mais desafiador para a moeda brasileira. Por ora, os preços ainda elevados impedem uma depreciação mais significativa da taxa de câmbio. Contudo, quanto mais os países desenvolvidos avançarem no aperto monetário, "menos amigável" fica o ambiente para o Real. Perspectivas de preços de commodities mais baixos à frente podem exacerbar esse impacto. Adicionalmente, as incertezas ligadas à política fiscal podem aumentar à medida em que se aproxima a eleição presidencial. O Citi que trabalha com taxa de câmbio de R$ 5,25 no fim do ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.