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28/Jun/2022

Desemprego atinge os mais jovens e os mais velhos

Segundo pesquisa da consultoria IDados, nos últimos dez anos, o Brasil ganhou mais de 2,2 milhões de desempregados só nas duas pontas mais sensíveis do mercado de trabalho: de jovens e de profissionais acima de 50 anos. Na geração mais nova, entre 18 e 24 anos, um em cada quatro jovens está desocupado no País. No outro extremo, cerca 880 mil pessoas acima de 50 anos perderam o emprego no período. No total, são 7,6 milhões de desempregados nas faixas de 14 a 29 anos e no chamado 50+. Hoje, essas duas gerações são as que mais têm dificuldade para conseguir emprego. O que sobra para um, falta para o outro. A mais nova, apesar de ser antenada e tecnológica, não tem a experiência que as empresas pedem.

Os sêniores, por outro lado, têm a experiência e a vivência de trabalho, mas sofrem com o preconceito em relação ao potencial para acompanhar as inovações do mercado e por, supostamente, serem menos flexíveis. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego dos brasileiros entre 14 e 17 anos era de 36,4%, ou seja, mais de um terço dessa população estava sem emprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aqueles entre 18 e 24 anos, as taxas caem um pouco, para 22,8%. Entre os mais velhos, esse percentual é bem menor, em torno de 7%, mas dobrou nos últimos dez anos. Em 2012, o número de desempregados acima de 50 anos era de 508,9 mil pessoas.

Hoje, eles são 1,4 milhão de pessoas em busca de uma recolocação. A expectativa é de que esse grupo continue subindo nos próximos anos por causa das mudanças nas regras da Previdência Social. Com o aumento da faixa etária para se aposentar (62 anos para mulheres e 65 anos para homens), as pessoas vão precisar ficar mais tempo no mercado. Apesar da taxa de desemprego desse grupo ser menor comparada à média nacional de 11%, os números escondem uma situação complicada. Sem oportunidades, muitos desses trabalhadores desistem de buscar trabalho, vivem na informalidade ou tentam o empreendedorismo.

Há também os chamados "nem nem nem", aqueles que não trabalham, não buscam emprego e não são aposentados. Segundo a Catho, esses profissionais sofrem com o etarismo. Existe a crença de que os profissionais mais velhos não conseguem acompanhar a tecnologia. Por isso, os recrutadores têm receio de contratar essas pessoas, mesmo elas tendo experiência. Há um movimento, ainda tímido, para criar programas e iniciativas que estimulem a contratação desse grupo de pessoas. O objetivo é dar suporte, desenvolver carreiras e aprimorar a cultura de diversidade. O grupo Elfa, empresa de soluções e serviços logísticos de saúde, criou no ano passado o programa Talento Sênior para atrair e engajar profissionais com 50 anos ou mais. Hoje, a média de idade na companhia é de 27 anos.

O primeiro ano do programa teve mais de 1 mil inscrições para oito vagas. É um processo que exige uma certa experiência. Os profissionais foram contratados para áreas de recursos humanos, TI, comercial e digital. Todos estão em posição de gerência e coordenação. Para este ano, uma nova seleção deverá ser feita no segundo semestre. A população está envelhecendo, mas com uma expectativa de vida cada vez maior. Segundo o IBGE, em 2060 as pessoas com 65 anos ou mais vão representar 25% da população brasileira e somarão 60 milhões de pessoas. Na avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a perspectiva para os mais jovens é um pouco melhor no longo prazo.

A última década foi muito difícil para os jovens (de 2014 para cá, eles perderam 14% da renda), mas o jogo pode estar virando para eles. Com a digitalização e a transição geográfica, eles serão mais valorizados. Essa geração fez uma transição educacional forte e tem um nível educacional bem superior ao de seus pais. O problema é que isso não significou melhora na produtividade, ou seja, não houve avanço em termos de inserção trabalhista. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), trata-se de uma geração mais pobre que a de seus pais. Isso porque o número de empregos bem remunerados de nível médio diminuiu. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.