27/Jun/2022
O banqueiro e atual membro do conselho de administração do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, apontou a escalada do desmatamento na região sob o governo Jair Bolsonaro. Ele disse que a falta de combate à prática, somada à elevada média de emissões de carbono, tem feito do País um pária no debate mundial. Bracher tem elevado o tom na causa ambiental. A percepção é de que o Estado renunciou ao direito de impor a ordem na região. O desmatamento no bioma amazônico cresceu 70% nos últimos três anos, o que impacta a imagem do Brasil no exterior, muito mais que os vários problemas já conhecidos do País, como a violência e o excesso de burocracia e judicialização. O desmatamento faz manchetes no mundo todo.
Esse é um problema brasileiro, mas está no centro do principal problema do mundo para as próximas décadas. E o Brasil está no centro disso. Hoje há tecnologia para reduzir decisivamente as emissões mundiais de carbono, mas sempre deve restar uma quantidade de gás de efeito estufa a ser capturado, um volume estimado em cerca de 50 milhões de toneladas de carbono ao ano. Para ilustrar o peso da Amazônia nesse jogo, ele lembrou que a floresta guarda 500 bilhões de toneladas de carbono. Se a Amazônia queimar, é “game over” no combate ao aquecimento global. O executivo defendeu, porém, que a reversão do cenário é factível, ao lembrar que o Brasil já teve êxito no combate ao desmatamento no passado porque 46% das emissões brasileiras vêm de desmatamento.
O País já mostrou que é possível lidar com isso. Entre 2002 e 2012, o Brasil reduziu em 80% o desmatamento na Amazônia. O País tem 70 milhões de hectares de áreas degradadas que podem ser recuperadas, melhorando o balanço de carbono. Por fim, Bracher lembrou que o Brasil é responsável por 4,5% das emissões mundiais de carbono, enquanto a população é pouco mais de 3% da mundial. A média de emissão do País está quase 50% acima da média mundial. Isso ajuda a explicar por que o Brasil é cada vez mais considerado pária na discussão ambiental global. Um país com as características brasileiras (matriz energética limpa) emitindo 50% acima da média mundial é algo absolutamente inaceitável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.