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24/Jun/2022

Caminhoneiros: boa parte desconhece piso do frete

De acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), após mais de quatro anos da adoção do piso mínimo do frete rodoviário, 45% dos caminhoneiros ainda desconhecem a lei da tabela do frete. Dos 1 mil transportadores rodoviários autônomos entrevistados, apenas 55% disseram conhecer a lei. O maior percentual dos que conhecem a lei foi encontrado entre os entrevistados no Porto de Santos (SP), com 95,5% dos ouvidos respondendo afirmativamente. A pesquisa mostra que a lei do piso mínimo do frete hoje, de certa forma, não é aplicada. Como os caminhoneiros desconhecem a lei, acabam auxiliando para que contratantes não cumprem e ganham até mesmo acima dele. A lei do piso mínimo de frete hoje, de certa forma, não é aplicada até mesmo por falta de fiscalização adequada.

O desconhecimento dos transportadores sobre o piso é atribuído à falta de informação da categoria, que passa horas do dia na estrada e, muitas vezes, tem informação filtrada até mesmo pelos contratantes do frete. É uma soma de fatores: caminhoneiro desconhecendo o piso não cobra, não cobrando o transportador omite a informação. A parte que não conhece a lei acaba não tendo o seu direito adquirido cumprido pela falta de fiscalização. Os contratantes se favorecem da quantidade de transportadores que desconhecem a lei. Parte por desconhecimento da lei aceita frete proposto ao contratado fora do piso e outra parte que conhece a lei acaba aceitando porque não consegue cobrar por excedente de oferta de maio de obra e sofre retaliação. A entidade se reuniu ontem como Ministério da Infraestrutura e com Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutir campanhas educativas sobre o tema aos transportadores.

Sobre a satisfação dos caminhoneiros com a tabela do frete, a pesquisa revelou que 72% dos transportadores entrevistados estão insatisfeitos com o piso, com 38% considerando a lei como "ruim". A maioria está insatisfeita principalmente porque a tabela não é fiscalizada. Cabe ao poder público e à ANTT fiscalizar e fazer a lei ser cumprida. A tabela de fretes foi criada em maio de 2018, sob a Lei 13.703/18, pelo governo Michel Temer, após a greve dos caminhoneiros que bloqueou estradas e comprometeu o abastecimento de combustível, de medicamentos e de alimentos em todo o Brasil. Desde lá, os caminhoneiros reclamam do não cumprimento do piso mínimo e da falta de fiscalização pela ANTT. Houve uma grande mudança na situação da categoria entre 2018 e atualmente, principalmente pela abertura de diálogo junto ao governo, sendo recebida como entidade de transportes, e pela criação de leis de amparo à categoria. Foi um movimento deflagrado por falta de direitos. Desde lá, foram criadas leis de amparo à categoria, mas que, de certa forma, não são cumpridas.

O caminhoneiro conquistou direitos, porém não chegam até o profissional. Se ainda não chegou como benefício ao caminhoneiro autônomo é porque o poder econômico em contrapartida ao caminhoneiro autônomo é muito desigual. A pesquisa também mostrou que a maior parte dos caminhoneiros conta com algum intermediário para contratação do frete, desde aplicativos a agenciadores de cargas. De toda forma, existe alguém que acaba ficando com parte do frete. Cerca de 30% do frete fica com intermediário. A pesquisa evidenciou também o perfil dos caminhoneiros autônomos brasileiros. De acordo com o estudo, 99% são homens, 50% possuem escolaridade média, com tempo médio de profissão de 19 anos. Do total dos caminhoneiros ouvidos, 84% possuem 1 caminhão com idade média de 14 anos. A pesquisa constatou média de remuneração líquida de R$ 3,9 mil mensal aos caminhoneiros. O quesito remuneração foi considerada como a terceira maior dificuldade apontada pelos caminhoneiros para a atividade, atrás de infraestrutura das rodovias e de segurança.

Sobre a forma de atuação dos caminhoneiros, do total de entrevistados, 64,3% informaram que ainda não aderiram ao MEI caminhoneiro. A maioria continua como autônomo. Parte disso deve-se ao teto baixo para aplicação da profissão pelo MEI, hoje de R$ 280 mil em faturamento bruto mensal que pelo custo do diesel e quantidade de fretes é baixo. Para a pesquisa, foram entrevistados 1 mil caminhoneiros autônomos em cinco pontos de maior fluxo do País: Porto de Santos (SP), Contagem (MG), Porto de Paranaguá (PR), Feira de Santana (BA) e São Paulo (SP). O levantamento foi realizado de 4 a 18 de abril deste ano pela AGP Pesquisas. A CNTA congrega 850 mil caminhoneiros, por meio de 120 sindicatos, e é considerada a entidade legal de representação dos interesses da categoria. Segundo a entidade, 65% do transporte rodoviário de cargas do Brasil passa direta ou indiretamente pelos autônomos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.