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23/Jun/2022

Dólar tem avanço e fecha perto do teto de R$ 5,18

Nesta quarta-feira (22/06), o câmbio apresentou muita instabilidade e trocas de sinal, mas o dólar se firmou em alta na reta final do pregão, em meio a uma deterioração dos índices acionários em Nova York, e fechou perto do teto de R$ 5,18. A oscilação do dólar ao longo da sessão reflete um mercado cauteloso e sem convicção para apostas mais contundentes, depois da forte reprecificação da moeda nos últimos dias, quando escalou da faixa de R$ 5,00 para trabalhar acima de R$ 5,15. Já teriam sido incorporados à formação da taxa de câmbio, em grande parte, tanto o ajuste mais rápido da política monetária norte-americana quando o aumento da percepção de risco político e fiscal domésticos. A cautela com o desenrolar das investidas do governo e de seus aliados no Congresso para conter os preços de combustíveis permanece no radar e impede apostas em uma rodada de apreciação do Real, mas já não é capaz de sustentar uma arrancada do dólar para além de R$ 5,20.

A avaliação é a de que a possibilidade de aumento de gastos públicos com ampliação do vale gás e de auxílio para caminhoneiros, embora ruins do ponto vista fiscal, assustam menos do que uma mudança na Lei das Estatais. Além disso, esfria a possibilidade de uma CPI da Petrobras, em meio ao arranhão na imagem do presidente Jair Bolsonaro com a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Com oscilação de cerca de R$ 0,06 entre a mínima (R$ 5,12) e a máxima R$ (5,18), o dólar encerrou a sessão em alta de 0,45%, a R$ 5,17, levando a valorização no mês a 8,93%. O dólar futuro para julho, que havia caído na terça-feira (21/06) abaixo da cotação à vista quando o mercado spot já estava fechado, passou a maior parte do dia em alta e alcançou o patamar de R$ 5,19 nas máximas. Segundo a Blue3, o mercado já vinha precificando o aumento de juros nos Estados Unidos e a questão fiscal doméstica. Houve uma correção forte, com o dólar acima de R$ 5,15, e agora tem uma acomodação.

A indicação do Copom de manutenção da política monetária em campo restritivo por mais tempo mantém a atratividade da renda fixa local e oferece um colchão de proteção para o Real. No front político, a prisão do ex-ministro da Educação "tomou os holofotes" e deixou em segundo plano os debates para mudança da Lei das Estatais e a instalação da CPI da Petrobras. Mas, ainda há cautela com a situação em torno dos preços de combustíveis e a possibilidade de expansão dos gastos públicos. O governo já discute a possibilidade de auxílio-caminhoneiro de até R$ 1.000,00. É preciso ver o impacto fiscal desse voucher para caminhoneiros e da ampliação do vale gás. As forças vindas do exterior foram opostas. O dólar se enfraqueceu contra pares fortes, em especial o euro e o iene, mas subiu na comparação com a maioria das divisas de países exportadores de commodities, cujos preços sofrem diante da perspectiva de desaceleração da economia global.

Ao aperto monetário dos BCs mundo afora, em especial nos países desenvolvidos, se somam dúvidas sobre o fôlego da economia chinesa. Não por acaso, o dólar chacoalhou mais no início da sessão desta quarta-feira (22/06), marcada pela expectativa em torno de depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Senado dos Estados Unidos. Powell foi enérgico em sua fala contra a inflação e não descartou aceleração do processo de alta de juros, mas afirmou que o risco de recessão com o aperto monetário não é elevado, dada a força da economia norte-americana. Powell afirmou que será necessário levar os Fed funds acima do nível neutro, que seria de cerca de 2,5% no longo prazo. O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou que uma elevação de 75 pontos-base nos juros em julho seria algo razoável de se debater, mas pontuou que não vê necessidade de uma elevação e 100 pontos-base, como aventada por parte dos analistas.

O presidente do Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao Congresso suspensão por três meses do imposto federal sobre gasolina e exortou as companhias a repassarem a economia com tributos para os preços ao consumidor. As cotações do petróleo caíram, com o tipo Brent, referência para Petrobras, fechando em baixa 2,54%, a US$ 111,74 por barril. As taxas dos Treasuries caíram em bloco, com a T-note, principal ativo do mundo, recuando mais de 3%. Para o Citi, a probabilidade de recessão global se aproxima de 50%. O discurso de Powell foi bem recebido pelos investidores. Segundo a Veedha Investimentos, a percepção é que quanto antes esse cenário de inflação alta for revertido, mesmo que seja com aumento de juros, melhor. Já o cenário para commodities é mais complicado do que o do primeiro trimestre. Há risco de que a dose de aperto monetário dos bancos centrais desenvolvidos possa abalar o ambiente econômico e a demanda por commodities. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.