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21/Jun/2022

Desempenho favorável do agronegócio brasileiro

A guerra na Ucrânia trouxe desafios severos para todos os setores da economia. Mas, para a agropecuária trouxe também oportunidades. Com as rupturas nas cadeias tradicionais, o Brasil pode conquistar novos mercados. Mas para isso, o País precisará de um "plano safra de guerra". Felizmente, o Brasil tem um histórico de sucesso em que se apoiar. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 1975 e 2020 a produtividade total dos fatores (PTF), a relação entre o índice de produto total e o índice de insumos, cresceu 400% na agricultura. Nas últimas duas décadas, a PTF do setor no Brasil cresceu cerca de 3,2% ao ano, bem acima da média mundial de 1,7%. Além dos ganhos diretos em lucros, empregos, renda e arrecadação, o aumento da produtividade na agricultura teve um impacto social. Ele permitiu a expansão da oferta em nível maior que o crescimento da demanda, reduzindo os preços dos alimentos. Entre 1978 e 2005, a queda nos preços da cesta básica foi de cerca de 75%.

Não se trata de uma dádiva. O crescimento está fundamentalmente baseado em tecnologia. Entre 1995 e 2017, para um crescimento de 100% no valor bruto da produção, a participação da tecnologia subiu de 50% para pouco mais de 60%, enquanto a participação do fator trabalho caiu de 31% para 20% e o fator terra ficou estável em 20%. As reformas no sistema de pesquisa, que viabilizaram novos modelos de produção, como o plantio direto, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta ou o uso de transgênicos, foram acompanhadas de mecanismos modernos de financiamento da produção, como políticas de crédito, de seguro, de preços e o corte dos subsídios. Tudo isso foi impulsionado pela criação de adidos agrícolas que viabilizaram maior abertura e comunicação com novos mercados. O contraste com a indústria é chocante. A trajetória espetacular da agropecuária nas últimas décadas é quase um negativo da trajetória deprimente da indústria.

Ao aproveitar essa combinação de pesquisa e financiamento, os agropecuaristas brasileiros fizeram do agro não só um modelo de produtividade, mas de sustentabilidade. Desde 1990, a produção cresceu quase quatro vezes mais que a área plantada. Segundo o Ipea, nos últimos 15 anos o agro alcançou a marca de 113% na meta de mitigação de carbono e de 290% na de recuperação de pastagens. Além dos alimentos, a transição energética gera oportunidades para fontes renováveis, como etanol de cana-de-açúcar ou de milho e biodiesel de soja ou de sebo bovino. É possível saltar dos atuais 270 milhões de toneladas de grãos para mais de 300 milhões de toneladas, sem aumentos substantivos na área plantada. Mas, isso exigirá esforços e adaptações. Há problemas estruturais crônicos, como a ineficiência no escoamento da produção. O crescimento da produção no Cerrado, em parte na direção Centro-Oeste e de áreas da Região Norte-Nordeste, não foi acompanhado de melhorias na infraestrutura logística.

Do ponto de vista conjuntural, já na pandemia a busca de muitos países por garantir estoques aumentou a demanda e os preços dos produtos, mas também dos insumos, exigindo mais crédito. Porém, com as dificuldades econômicas do País, a oferta está limitada. Há pouco a se esperar de um governo irredutivelmente disfuncional e, agora, obcecado com as eleições. A saída é se unir às tradings, aos bancos privados, às cooperativas, às associações de classe. Além disso, não adianta o Brasil ser um grande exportador, se os produtores ficarem descapitalizados, comprometendo a produção futura. Tem de ter um programa articulado, com preço de garantia, com seguro funcionando. Não se pode poupar esforços. Eles trarão não só ganhos econômicos para o Brasil, mas sociais para o mundo. Segundo a Embrapa, o agro brasileiro já alimenta 800 milhões de pessoas no mundo. Em menos de dez anos, o Brasil pode alimentar 1 bilhão de pessoas, sendo um país que vai defender a segurança alimentar e, portanto, a paz, porque não haverá paz enquanto houver fome. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.