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20/Jun/2022

Dólar sobe com cenários interno e externo negativos

Uma conjuntura de fatores externos ruins para moedas emergentes e um ambiente doméstico politicamente tenso deram o tom dos ativos na sexta-feira (17/06). Fortalecida no exterior, a moeda norte-americana escalou 2,35% sobre o Real, a R$ 5,14, consolidando uma sequência de resultados ruins para a divisa brasileira: uma alta de 3,12% na semana passada e de 8,24% no mês. Com uma perspectiva de aperto monetário duro nos Estados Unidos e sinais da China que esfriaram as commodities, a sexta-feira (17/06) foi de dólar fortalecido globalmente, tanto ante emergentes quanto frente a moedas fortes. Tanto que o índice DXY (que mede o ímpeto do dólar ante seus pares) trabalhava acima dos 104,000 pontos. No Brasil, o impacto foi sentido com mais força sobre o Real em ajuste aos movimentos de quinta-feira (16/06 e feriado no Brasil) no mercado e pelo clima de tensão política interna criado após o anúncio de reajuste nos combustíveis pela Petrobras, à revelia do Palácio do Planalto.

Segundo a Frente Corretora, os fatores externos pesaram mais no câmbio. Na quinta-feira (16/06), como não teve mercado no Brasil, acabou não precificando a subida do dólar proveniente da alta de juros nos Estados Unidos. Na sexta-feira (17/06), foram somados dois dias ruins em um dia só. Na quarta-feira (15/06), o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) endureceu o tom e subiu a taxa de juros em 75 pontos-base, num ritmo não visto em décadas. De lá para cá, recados do presidente da instituição e de diretores fizeram crescer as apostas de que o aperto deve seguir agressivo. As moedas ligadas às exportações de commodities perderam com ímpeto extra, após incertezas sobre a produção industrial chinesa. Com o preço do aço caindo, as usinas tentam cortar a produção para ajustar a oferta em relação à demanda, que está fraca, e geram preocupação extra aos exportadores de matéria-prima, como o Brasil.

Na sexta-feira (17/06), o minério de ferro negociado no Porto de Qingdao fechou em queda superior a 5%, no menor nível desde dezembro de 2021. Dia ruim também para o petróleo, com o barril do Brent em queda em torno de 6%. Assim, uma aposta no ciclo aquecido de commodities que vinha descolando a moeda brasileira das tensões externas nos últimos meses, perdeu ímpeto. O azedume externo não foi ajudado pelo cenário doméstico. O anúncio de reajuste nos combustíveis pela Petrobras, acompanhando a política de paridade com os preços internacionais, provocou críticas. O assunto suscitou reações fortes do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com pressões adicionais para que o já demitido presidente da estatal, José Mauro Coelho, deixe o cargo de fato. A ideia do Palácio do Planalto é emplacar Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Paulo Guedes, no comando da empresa nesta semana.

Segundo a Monte Bravo Investimentos, o ruído político a meses da eleição adiciona incerteza ao cenário interno, tanto em relação a uma interferência mais contundente na estatal, quanto de medidas com fins políticos que afetem as contas públicas negativamente. Contando os fatores externos e internos negativos para os papéis brasileiros, a sexta-feira (17/06) foi de saída massiva da Bolsa brasileira, o que também ajuda a explicar a perda do Real. A Bolsa está tendo realização grande, dando sinal de que fluxo de curto prazo é de saída. Isso pressiona a taxa de câmbio e deixa o Real em nível mais depreciado, o que é normal de se esperar, considerando o comportamento externo do dólar. Houve alguns ruídos políticos, decisão da Petrobras sobre reajuste de combustíveis e a reação do governo gera sempre uma incerteza, o que coloca um prêmio na taxa de câmbio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.