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10/Jun/2022

Dólar fecha em alta com piora no ambiente externo

O mercado doméstico de câmbio experimentou mais um dia marcado por alta instabilidade e liquidez reduzida. Após muitas trocas de sinal, o dólar se firmou em alta nas duas últimas horas de pregão, na esteira da derrocada das Bolsas em Nova York e da aceleração dos ganhos no exterior. A divisa chegou até a tocar pontualmente o patamar de R$ 4,92. No fim da sessão desta quinta-feira (09/06), o dólar fechou a 4,90, em alta de 0,52%. Fluxo de recursos pontuais e ajustes no mercado futuro amenizaram parte das pressões externas sobre a formação da taxa de câmbio, levando o Real até a operar na contramão de seus pares em diversos momentos do pregão. O resultado abaixo do esperado do IPCA de maio desautorizou apostas em taxa Selic na faixa de 14%, mas a perspectiva majoritária é de duas altas de 0,50% da taxa básica, hoje em 12,75%.

Isso mantém a atratividade da renda fixa local e torna custosas apostas mais contundentes contra a moeda brasileira. Segundo a Treviso Corretora, o quadro externo é muito ruim, com o problema da inflação e perda de força do crescimento. O Federal Reseve (Fed, o banco central norte-americano) talvez tenha que aumentar os juros com mais rapidez. O Banco Central Europeu (BCE) falou mais duro. As expectativas estão se deteriorando e todos correm para se proteger no dólar. A queda pontual da moeda norte-americana no Brasil foi atribuída à entrada de exportadores e a perspectivas melhores para a economia brasileira, com retomada do crescimento e sinais de que o pico da inflação já passou. A liquidez está mais moderada e com piora mais forte do sentimento, o dólar acabou acompanhando o exterior. A Frente Corretora nota que há um movimento forte de exportadores, dado que os preços das commodities se recuperaram recentemente com as notícias de relaxamento das medidas restritivas na China.

Sem dúvida, o exportador está atuando com força, até no mercado futuro. Isso faz com que o Real às vezes se descole do movimento externo do dólar. No exterior, investidores se acautelaram em meio aos temores de estagflação. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou manutenção da taxa de juros, mas acenou com alta em julho e setembro. Houve também montagem de posições defensivas à espera da divulgação, nesta sexta-feira (10/06), do índice de preços ao consumidor (CPI) de maio nos Estados Unidos. Um número acima do esperado pode mexer com as expectativas para o ritmo e a intensidade do ajuste da política monetária pelo Federal Reserve, que anuncia a nova taxa básica dos Estados Unidos no dia 15 de junho. Para a JF Trust, a expectativa de inflação anualizada em 8% nos Estados Unidos corrobora o prolongamento da alta de juros pelo Fed no segundo semestre, o que pressiona o dólar para cima no exterior.

O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou em alta firme e registrou máximas, acima da linha de 103,200 pontos. A moeda norte-americana também avançou em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com exceção da lira turca e do rublo russo. Anúncio de novas medidas de restrição em áreas de Xangai, na China, avivam receios de novos problemas nas cadeias de suprimentos globais. O tom duro do BCE não foi capaz de dar sustentação ao euro, já que há risco de desaceleração mais forte da atividade em cenário de inflação ainda elevada. A autoridade revisou para cima projeções de inflação, que deve se manter acima da meta até 2024, e cortou as estimativas para o PIB da região neste e no próximo ano. O BCE não descartou a possibilidade de um aumento de 50 pontos-base na taxa de juros em setembro, mas ponderou que, em razão da incerteza provocada pela guerra da Ucrânia, manterá a opcionalidade, flexibilidade, dependências de dados e gradualismo na condução da política monetária.

No Brasil, o IPCA de maio subiu 0,47%, desaceleração em relação a abril (1,06%). O IPCA acumula agora alta de 4,78% no ano e de 11,73% em 12 meses. Apesar da perda de fôlego do índice cheio, analistas ponderaram que a dinâmica inflacionária ainda preocupa. Para o Banco Modal, por exemplo, a composição qualitativa do índice é ruim e corrobora a perspectiva de continuidade do aperto monetário, com pelos menos duas altas da taxa Selic em 0,50%, para 13,75% ao ano. Já o Bank of America diz que o pico da inflação parece ter ficado para trás e vê fim do ciclo de aperto com alta final da Selic em 0,50% na reunião do Copom na semana que vem, para 13,25% ao ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.