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10/Jun/2022

Inflação está pressionada e disseminada no Brasil

A CM Capital elevou de 8,96% para 9,03% a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, mesmo com a surpresa para baixo no dado de maio (0,47%). A notícia na margem é positiva, mas não é o suficiente para mostrar uma reversão da trajetória da inflação. Na decomposição dos grupos e na análise qualitativa, foram muitos impactos de questões específicas e pontuais. Em Alimentação, houve uma queda sazonal em diversos itens, como o tomate, algo que já era esperado. E em Habitação ainda sentimos os benefícios da mudança de bandeira tarifária de escassez hídrica para `verde', que deixa de fazer efeito nos próximos meses. E vale ligar um alerta porque em julho geralmente há uma nova mudança da bandeira, devido ao inverno. Embora os combustíveis tenham desacelerado em relação a abril (3,20% para 1,0%), o cenário deve voltar a ser desafiador nos próximos meses.

A CM Capital calcula uma defasagem de 41,83% no preço da gasolina, uma das maiores desde a implementação da paridade internacional. O reajuste é inevitável. O barril de petróleo não vai arrefecer no curto nem no médio prazo. Diante desses elementos, a corretora prevê que o pico da inflação em 12 meses chegue em junho, a 12,29%. A taxa desacelerou de 12,13% para 11,73% na passagem de abril para maio. Há preocupação adicional com o grupo Saúde, que arrefeceu de 1,77% para 1,01%, mas deve ser pressionado pelo reajuste de até 15,5% nos planos de saúde individuais e familiares, autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio. Mesmo com a surpresa de maio, é descartado um impacto do dado na decisão de semana que vem do Comitê de Política Monetária (Copom). A projeção é de uma alta de 0,75%, com um aperto adicional de 0,50% em agosto e juros terminais de 14,0%. Houve um agravamento no cenário base com o qual o Banco Central trabalhava.

Para o Goldman Sachs, o IPCA de maio ficou abaixo das expectativas, mas não altera a percepção de um quadro inflacionário pressionado e disseminado no Brasil. A taxa acumulada em 12 meses pelo índice, que cedeu de 12,13% em abril para 11,73% nesta leitura, deve continuar acima de 10% até outubro e ceder abaixo de 8,0% apenas em abril de 2023. O choque amplo e provavelmente duradouro sobre os preços de commodities e outros custos logísticos e de insumos deve manter as pressões sobre a inflação ao consumidor altas no curto prazo. As surpresas para baixo com energia elétrica (-6,27% para -7,95%), combustíveis (3,20% para 1,0%) e alimentação no domicílio (2,59% para 0,43%) explicam em boa medida a baixa do IPCA de maio, que atingiu 0,47%. Mesmo com o resultado abaixo do previsto, a tendência ainda é de que as pressões no horizonte aumentem a inércia inflacionária.

O cenário desafiador para a inflação corrente e prospectiva e os sinais hawkish do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) requerem uma calibragem conservadora da política monetária. Para o Bank of America (BofA), o IPCA de maio surpreendeu para baixo e reforça a avaliação de que o pico da inflação brasileira em 12 meses deve ter ficado para trás. Diante dos sinais de alívio do ritmo de aumento de preços, a tendência é que o Banco Central (BC) veja espaço para encerrar o ciclo de aumento dos juros em junho, com a Selic em 13,25%. Tudo considerado, o resultado positivo dá mais motivos para o Banco Central não alongar o ciclo de aperto, sustentando a visão de uma última alta de 0,5% em junho, trazendo a Selic a 13,25%. À frente, as estimativas preliminares do BofA sugerem inflação de 0,43% em junho e 0,52% em julho, consistente com uma trajetória de arrefecimento da taxa em 12 meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.