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09/Jun/2022

Dólar sobe com precificação do risco fiscal no País

A instabilidade marcou os negócios no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quarta-feira (08/06). O dólar se firmou em alta nas últimas horas dos negócios e fechou na casa de R$ 4,89, em meio à aceleração dos ganhos da moeda norte-americana ante os pares, sobretudo o iene, e à piora das Bolsas em Nova York. O Real segue pressionado pela reprecificação do risco fiscal doméstico, na esteira do plano do governo para reduzir os preços de combustíveis, e pela piora do apetite ao risco no exterior. Crescem os temores de que a economia global amargue um quadro de estagflação diante da disparada do petróleo e do aperto monetário em diversos países, em especial nos Estados Unidos. Na outra ponta, favoreceria a moeda brasileira a reabertura da economia chinesa, que tende a dar sustentação aos preços das commodities e, por tabela, contribuir para fluxo comercial. Além disso, a taxa de juros doméstica elevada torna muito custosas apostas contra o Real e tende a atrair capitais de curto prazo.

Não por acaso, a mínima de R$ 4,84 (-0,53%) foi atribuída a fluxo de capital externo pontual para ativos domésticos e a ajustes no mercado futuro. Na máxima, o dólar chegou a superar o teto de R$ 4,90, ao atingir R$ 4,90 (+0,69%). No fim da sessão, a divisa avançava 0,33%, cotada a R$ 4,89. Com isso, o dólar já acumula valorização de 2,33% nesta semana e de 2,89% neste início de junho. No ano, as perdas são de 12,30%. A liquidez foi reduzida, com o contrato de dólar futuro para julho, principal termômetro do apetite por negócios, girando pouco mais de US$ 10 bilhões. Segundo a Blue3, a preocupação com a questão fiscal está se refletindo no câmbio. O pacote dos combustíveis parece uma manobra eleitoral. Os Estados vão perder arrecadação e não se sabe como será ao certo a compensação. Reunião entre secretários de Fazenda dos Estados e o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), relator do projeto de lei (PLP 18) que fixa teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis e energia, terminou sem acordo.

Os principais pontos de discordância são o nível de compensação da União aos Estados pela perda de receita e uma eventual "modulação" no corte da alíquota do tributo. Apesar da falta de alinhamento com os governos estaduais, o relator apresentou seu parecer, mantendo basicamente os pontos do texto aprovado na Câmara dos Deputados. Entre os acréscimos e mudanças, houve inclusão da zeragem de PIS/Cofins sobre gasolina e álcool hidratado. Estados sem dívidas com a União serão contemplados com compensação. Já os estados endividados terão compensação via serviço da dívida (juros), e não pelo estoque. A JF Trust acredita que o contexto político e a inflação elevada devem levar o Congresso a aprovar o pacote de zeragem de tributos sobre combustíveis. As fontes de compensação fiscal aos Estados ainda dependem de receitas duvidosas, como recursos da privatização da Eletrobras e tamanho da arrecadação federal. Privatização é para abater dívida e não para financiar gastos ou compensação para Estados. E ainda há o risco grande de judicialização.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) também teve um pregão instável, mas se firmou em alta, no patamar dos 102,500 pontos, com ganhos de mais de 1% em relação ao iene, que está no menor patamar frente à moeda norte-americana desde 2002. O PIB japonês caiu 0,1% na margem no primeiro trimestre, reforçado a posição do Banco do Japão em manter a política monetária frouxa. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com o yield da T-note de 10 anos acima de 3%, e as cotações do petróleo avançaram mais de 2%, superando a marca de US$ 120,00 por barril, o que aumenta as preocupações com a inflação global. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira (08/06) a decisão de proibir importação de petróleo e gás da Rússia.

Alertando para impactos da guerra entre Ucrânia e Rússia, ambos grandes exportadores de commodities, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortou a projeção para o crescimento global de 4,5% para 3%. Para 2023, a expectativa é de avanço de 2,8%. O Banco Mundial já havia cortado sua estimativa para o PIB global neste ano de 4,1% para 2,9%. Nesta quinta-feira (09/06), haverá reunião de política monetária do Banco Central (BCE), seguida de entrevista da presidente da instituição, Christine Lagarde. A terceira leitura do PIB da zona do euro no primeiro trimestre (na margem) mostrou avanço de 0,6%, acima da anterior, que apontava expansão de 0,3%. Na sexta-feira (10/06), será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em maio, o que pode mexer com as expectativas em relação ao ritmo e a intensidade do ajuste monetário capitaneado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.