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09/Jun/2022

Agronegócio mais próximo do mercado de capitais

Há tempos queríamos escrever sobre um tema importante na área micro que pudesse ter impacto na área macro. Recentemente, principalmente dois setores fazem jus a isso. Um deles é o setor de infraestrutura. Com os já R$ 850 bilhões contratados, a serem investidos nos próximos dez anos por conta de privatizações e concessões feitas nos últimos anos, trarão finalmente o volume de infra que tanto temos carência e necessidade. Ainda trarão, sem dúvida, um aumento de produtividade e de crescimento para os próximos anos. Mas infra ficará para um artigo um pouco mais à frente. Queremos falar de um movimento muito importante em outro setor, o agrícola. Movimento esse que deverá promover um salto de produção no setor, com consequências macroeconômicas, de tão relevante que é. Como sabemos, o setor agrícola brasileiro, quando conectado à tecnificação e à ciência agrônoma acumuladas ao longo das últimas décadas, é capaz de gerar ganhos crescentes de produtividade que poucos países ou regiões do mundo conseguem acompanhar.

Difícil dizer que a solução para o alimento no mundo não será cada vez mais de protagonismo do Brasil. Esse setor foi historicamente se modernizando em cultivo, práticas e insumos empregados. A tecnologia e o conhecimento disponíveis para aplicação sempre estiveram passos à frente da disponibilidade de recursos financeiros para fomentar mais transformação, mesmo com todo subsídio financeiro fornecido pelo governo. Se por um lado, o dinheiro para safra é extremamente relevante, principalmente em um país de custo de juros muito elevado, por outro lado, a pouca participação do mercado de capitais na equação limitou alternativas de mercado, de capital de médio e longo prazo para sua atividade. Ativos pulverizados, como se vê, por exemplo, vindos da área imobiliária, não aconteceram em volumes razoáveis a ponto de ajudar mais amplamente o desenvolvimento do setor. Por exemplo, crédito privado no agro ainda é majoritariamente de grandes produtores rurais com modelos tradicionais de garantias.

Recentemente, com as emissões de CRA e a partir da lei do Agro de 2019, essa história tem mudado. O mercado de capitais tem a oportunidade de se aproximar mais do setor, com os novos instrumentos como a CPR digital, CRA em dólar e o FIAgro, além de maior segurança, promovendo novos formatos de financiamento. Uma maior aproximação do agro com o mercado de capitais gera oportunidades para mais financiamento, em especial de longo prazo, e quer dizer também um grande espaço para inovação. Fintechs passam também a entrar na equação, oferecendo soluções agregadoras e mais eficientes para compor com as ferramentas de mercado de capitais. Finalmente, vale adicionar soluções de financiamento via "blended finance" (ou financiamento híbrido), onde diferentes tipos de capitais com premissas específicas podem compor fundos de maneira a oferecer "na ponta", para o tomador de crédito, uma solução atraente em termos de custos e condições.

Nessas soluções, empresas podem participar como investidores de impacto, barateando o financiamento e conciliando recursos de assistência técnica para melhor uso da terra. Soluções economicamente atraentes são fundamentais para promover novos modelos de produção que conciliam produtividade e sustentabilidade via sistemas produtivos integrados. O Brasil tem hoje 16 milhões de hectares cultivados via sistemas integrados. A Embrapa prevê o dobro de crescimento em dez anos. O financiamento acessível é crucial para essa transformação. Assim, temos investimentos de impacto, com solução vinda de mercado de capitais para seu funding, e conseguimos acoplar consultores isentos para monitorar os KPIs ESG. Ou seja, agro + mercado de capitais podem, juntos, transformar esse setor que em muito nos orgulha pelo seu desenvolvimento e vanguarda em algo tão importante e sensível não só para o Brasil, mas também para o mundo. Fonte: Carolina da Costa. Broadcast Agro.