ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Jun/2022

Alimentos: foodtechs buscam combater desperdício

Por trás das vitrines com quitutes deliciosos, padarias e confeitarias enfrentam o desperdício de alimentos. Nos bastidores, quando esses estabelecimentos não conseguem vender todos os itens expostos, a solução encontrada é a doação ou, o que ocorre na maior parte das vezes, o descarte, mesmo que os itens estejam perfeitos para o consumo. Para amenizar o prejuízo recorrente dos estabelecimentos, startups da área de alimentos (as foodtechs) começam a ganhar força por meio de um modelo que consegue aproveitar a comida antes que ela seja despejada nos lixões do País. No Brasil, as pioneiras são a Food to Save e a Refood, criadas na pandemia e concorrentes diretas no mercado de São Paulo (SP). Ambas as empresas têm aplicativos próprios, em que os consumidores encontram padarias, confeitarias e outros estabelecimentos do tipo, fazem as compras e recebem uma cesta em casa, com bolos, pães e doces no cardápio.

A plataforma se encarrega de processar o pagamento e cuidar da entrega, embutindo no preço uma taxa de serviço a cada operação. As startups afirmam que conseguem revender os produtos por preços até 70% mais baixos dos que os praticados na loja, um bom argumento de venda em tempos de inflação na cesta de alimentos. Além disso, tanto a Food to Save quanto a Refood apostam no formato de "sacola surpresa": até a chegada da encomenda, o consumidor não sabe o que virá no pacote. No ato da compra, constam informações vagas, como "doces", "salgados" e "mistos". Quem escolhe o que irá para cada cliente é o estabelecimento. O modelo foi criado pela Food to Save. No mundo, o modelo foi criado pela dinamarquesa Too Good to Go, cujas vendas superam 120 milhões de refeições que iriam para o lixo. É um formato provocativo, curioso e que traz redução de custos. Similar ao "boom" da dinamarquesa (que atua também na Europa e na América do Norte), a Food to Save percebeu a popularização da "sacola surpresa".

A startup realizou 125 mil vendas desse tipo desde a fundação, em abril de 2021, com aceleração do negócio em 2022. Em maio, levantou R$ 1,3 milhão em crowdfunding e abriu operação no Rio de Janeiro (RJ). Para este ano, a meta é atingir 370 mil vendas. As franquias da B.Lem, Manai e Carole Crema estão entre os estabelecimentos parceiros em São Paulo. Já a Refood, criada em dezembro de 2020, não revela o número de sacolas entregues, mas afirma que 80 mil consumidores já usaram a plataforma. A startup tem expectativa de atender toda a cidade de São Paulo até o fim do ano. Segundo a consultoria Galunion, o desperdício nas vitrines é um problema crônico dos estabelecimentos. Além de fatores imprevisíveis que influenciam na demanda, como a chuva, por exemplo, que afasta clientes, há produtos que perdem valor de venda com o tempo ou, ainda, casos em que o próprio estabelecimento "decreta" a morte desses itens. Todo mundo quer uma vitrine cheia, e a beleza desse estabelecimento está associada a ter muitos produtos expostos, mesmo que não sejam consumidos.

Cerca de 5% do que é exposto nas vitrines chega a ser descartado. Esse é um mercado muito grande para essas startups. É uma oportunidade recorrente. Porém, tecnologias que estendam a vida desses produtos em exposição nas lojas podem ser um entrave para essas companhias no médio prazo. Nos últimos meses, aportes nas foodtechs vêm ocorrendo com mais frequência. Neste ano, as startups Diferente, Floki e Raízs receberam cheques que somam US$ 17 milhões (cerca de R$ 80 milhões). A gestora Outcast Ventures apontou, em março passado, que há 350 startups brasileiras na área de alimentos e acredita haver potencial para compor a próxima onda da tecnologia no Brasil. A Food to Save concorda e diz que é hora de a sociedade enfrentar problemas como a fome e o desperdício. Não faltam alimentos. É preciso lidar com novas formas de produção, distribuição e consumo. E quem vai puxar isso são as foodtechs. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.