08/Jun/2022

A proposta do governo federal de reduzir a carga tributária sobre combustíveis não é suficiente em um cenário de preços dependentes da paridade internacional e do câmbio. Há preocupação com a expectativa de R$ 5,05 para o dólar no fim do ano, divulgada no Focus de segunda-feira (06/06), que pode impor pressão adicional aos preços. Se de fato o câmbio ficar mais próximo de R$ 5,00, é inevitável que a Petrobras anuncie novos reajustes, e aí a expectativa de inflação aumenta. O governo parece caminhar na direção de um discurso duplo. Diz que está fazendo o que pode e esgotando as alternativas e, no segundo momento, que todo mundo precisa dar sua contribuição.

Seria mais eficaz adotar uma receita implementada em outros países, de reverter receitas extraordinárias pela inflação de combustíveis em um benefício focalizado para subsidiar populações vulneráveis, como vouchers para motoristas de aplicativo, taxistas e caminhoneiros. Não há uma garantia de impacto das desonerações nos preços, já que, além da paridade internacional, empresários podem não repassar a redução. Também não ficou claro como seriam feitas as transferências compensatórias aos Estados. A impressão é que existe uma ressalva muito grande de governadores e secretários da Fazenda de o PLP 18 ser votado e só depois vir a PEC. Isso não é muito seguro.

Também há o receio de outras `jabuticabas' surjam ao longo da tramitação dessa PEC, e aí o efeito sobre o câmbio pode ser o oposto do desejado. Diante da proposta do governo, deve haver uma nova rodada de discussão intensa sobre o teto de gastos, após todo o debate sobre o tema no fim do ano passado. Existe preocupação no mercado sobre o que isso significa em termos de estresse fiscal. Contamina muito o cenário, ainda mais em ano de eleição. O problema não é discutir o teto, mas como ocorre essa discussão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.