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07/Jun/2022

Combustíveis: defasagem da gasolina se acentua

Há quase três meses sem reajuste (87 dias), a gasolina nas refinarias da Petrobras já registra uma defasagem de preço em relação ao mercado internacional de 20%, patamar que não registrava desde meados de maio. A alta de valores no mercado externo, puxada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, aumenta a pressão para que a Petrobras reajuste o combustível. A diferença de preços está sendo impactada pela alta do petróleo e a desvalorização do Real nesta segunda-feira (06/06). O diesel, reajustado no dia 10 de maio pela estatal, é comercializado no Brasil com uma defasagem média de 14%.

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), com a leve alta no câmbio e uma alta mais expressiva nos preços de referência do óleo diesel e da gasolina no mercado internacional, os cenários das defasagens tanto para a gasolina como para o óleo diesel afastaram-se da paridade, o que inviabiliza as operações de importação. Com a demora do reajuste, principalmente da gasolina, o nível do aumento de preços fica cada vez maior. Se a Petrobras quiser alinhar seus preços hoje ao mercado internacional, terá que elevar a gasolina e R$ 0,95 por litro e o diesel em R$ 0,78 por litro. A empresa vem sendo pressionada pelo presidente Jair Bolsonaro para manter os preços congelados, com objetivo de segurar a inflação e com isso aumentar a chance de ser reeleito.

Os combustíveis têm sido os grandes vilões do custo de vida, já que o transporte no Brasil, na grande maioria, é feito pelas rodovias. Na Bahia, única refinaria de grande porte privatizada no País, os reajustes têm sido semanais. No dia 4 de junho, a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe, elevou o preço da gasolina entre 3,2% e 4,6% e o diesel entre 10% e 11%, dependendo do mercado. A situação está muito difícil. Operações de importações totalmente inviabilizadas e a Petrobras continua praticando preços muito abaixo da paridade. Além de inviabilizar as importações, os preços artificialmente baixos prejudicam os demais produtores dos combustíveis fósseis e pressionam os combustíveis alternativos, como por exemplo o etanol.

Apesar da alta no mercado internacional, a queda de preço do etanol e a concorrência vêm reduzindo um pouco o preço da gasolina nos postos de abastecimento no Brasil. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina no País fechou a semana de 29 de maio a 4 de junho em R$ 7,218 por litro, 0,4% abaixo da semana anterior e queda de 1% desde 14 de maio. O maior preço encontrado pela ANP foi de R$ 8,490 por litro e o menor R$ 6,180 por litro, ambos na Região Sudeste. O diesel também cedeu de preço na mesma semana, com queda de 0,5%, sendo negociado, em média, a R$ 7 o litro do S10, o menos poluente. Com o começo da safra do etanol anidro, os preços caíram e impactaram a gasolina. Em março e abril, o preço havia subido por conta da alta do biocombustível, cuja mistura na gasolina é da ordem de 27%.

Houve um pico de preços do anidro, que encareceu a gasolina C (com mistura), e quando o preço fica muito tempo sem reajuste estimula muito a competição, porque o cliente já sabe quanto cada posto cobra e busca o mais barato. Os postos começam a achar que estão perdendo clientes e reduzem a margem. Já no caso do diesel, a recessão é a melhor explicação para a leve queda de preços, já que a mistura do biodiesel não tem tanto peso (10%) como o etanol na gasolina e o valor desse biocombustível também é alto no mercado. Junho está sendo péssimo, o revendedor está reduzindo a margem para ganhar o consumidor. Para a Fecombustíveis, as decisões dos donos de postos são individuais e muito dinâmicas, principalmente em ambiente de maior competição. O mercado é muito dinâmico e existem oscilações diariamente da distribuição para com os postos.

Sem reajustes desde o último dia 10 de maio, quando elevou o diesel em 8,9%, a Petrobras segue sob pressão do presidente Jair Bolsonaro, que já demitiu três presidentes por causa da alta dos preços, inclusive o atual, que segue no cargo até a substituição. Nesta segunda-feira (06/06), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que nos próximos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai resolver a questão dos combustíveis no tocante a impostos. Falou também, que a intenção do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, é mudar toda a direção da Petrobras, não apenas o Conselho de Administração, processo que já está em andamento à espera dos novos nomes que serão enviados pelo governo para preencher os cargos que ficaram vagos após a demissão do presidente da estatal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.