07/Jun/2022
Seis meses após a Cúpula do Clima (COP-26), os principais compromissos assumidos pelo Brasil em Glasgow ainda estão, em sua maioria, apenas no papel. Com o desmatamento e as emissões de gases do efeito estufa em alta, o País se aproxima da 27ª edição, em novembro, no Egito, sem ter o que mostrar nos dois mais importantes pontos do acordo. Na COP-26, o Brasil assinou acordos para zerar o desmatamento ilegal até 2028, reflorestar 18 milhões de hectares até 2030, reduzir emissões de metano e recuperar 30 milhões de hectares de pastagens. Além disso, se comprometeu a cortar pela metade gases de efeito estufa até 2030, atingir a neutralidade climática (saldo zero entre emissões e absorções de carbono) em 2050 e a ter, em 2030, de 45% a 50% de suas fontes de energia renováveis. Os esforços são mundiais e tentam conter o aquecimento em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Segundo o grupo Uma Concertação pela Amazônia, que reúne mais de 400 empresários, economistas, pesquisadores e políticos, a sociedade sabe quais são os elementos centrais desse debate e sabe como lidar, mas não está conseguindo implementar. Isso vale para a agenda da COP-26. Alguns compromissos, como a redução na emissão de metano, tomam forma. Outros, como o fim do desmatamento ilegal, não aparecem no horizonte. Há avanços como o decreto para o mercado regulado de carbono e as metas de emissão setoriais. O Brasil se comprometeu a zerar a derrubada ilegal das florestas até 2028. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em abril, pela primeira vez para o mês, o desmate na Amazônia ficou acima de mil Km², área equivalente a mais de 140 mil campos de futebol. O País teve em 2020 um aumento de 9,5% nas emissões de gases do efeito estufa em relação a 2019. A tendência mundial no mesmo ano foi de queda de 7%.
Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Após pressão dos Estados Unidos, o Brasil aderiu ao Compromisso Global de Metano. O documento prevê reduzir as emissões do gás em 30% até 2030, ante os níveis de 2020. Até 2030, 18 milhões de hectares precisam ser reflorestados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área estimada de florestas plantadas totalizou, em 2020, 9,3 milhões de hectares. Ou seja, nos próximos oito anos o País precisa dobrar esse número. O momento é de implementação de ações e não de formulação de planos. O Brasil empenhou sua palavra em recuperar 30 milhões de hectares de pastagens. Entre 2010 e 2018, houve redução de 26,8 milhões de hectares degradados, de um total de 170 milhões de hectares no País, de acordo com a Universidade Federal de Goiás (UFG). Por fim, a transição energética é considerada uma das áreas de maior potencial para o País.
A maior parte da energia elétrica brasileira vem de hidrelétricas. Neste ano, apesar da pequena participação na matriz energética, o presidente Jair Bolsonaro prorrogou até 2040 a contratação de energia de uma usina a carvão em Santa Catarina. A medida gerou críticas de especialistas. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a pasta tem implementado ações de descarbonização das matrizes energéticas, como leilões para a expansão do sistema elétrico, o Programa Combustível do Futuro e o marco para energia eólica offshore. O Ministério da Agricultura afirma que o Plano ABC + tem como meta mitigar 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente até 2030. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) rebateu críticas sofridas pela política ambiental brasileira, sobretudo no exterior. Todas as operações do BNDES estão alinhadas ao governo federal e ao ministério do Meio Ambiente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.