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07/Jun/2022

UE: desafios para acelerar a transição energética

Diminuir o uso de combustíveis fósseis na União Europeia (UE) deve custar ao menos 1 trilhão de euros, mais de três vezes o estimado pelo bloco. A Europa terá que lidar com custos e desafios burocráticos para alcançar a segurança e a transição energética. Com quase 100 dias de guerra e depois de semanas de impasse com a Hungria, os 27 Estados-membros da UE entraram em um acordo de embargo ao petróleo russo. Das importações, 75% devem ser atingidas imediatamente e 90% banidas até o fim deste ano. A Comissão Europeia destacou a importância do REPowerEU para eliminar a dependência de importações de energia russa o mais rápido possível. O foco ficou para a nova e ambiciosa meta de que 45% das fontes de energia sejam sustentáveis até 2030, ante os 40% anteriormente previstos. Só que alcançá-la terá um custo que, na avaliação da Rystad Energy, é subestimado pela União Europeia.

Análise da consultoria prevê que ao menos 452 bilhões de euros em energia solar e outros 820 bilhões de euros em eólica, nos próximos oito anos, serão necessários para a proposta central. Sem contar investimentos adicionais, como armazenamento de bateria, em um sistema elétrico continental que precisará ser reestruturado para garantir fornecimento estável de energia. Na versão atualizada do REPowerEU, a Comissão Europeia menciona um investimento de até 300 bilhões de euros, sendo 225 bilhões de euros em empréstimos e até 72 bilhões de euros em subsídios. A Rystad Energy destaca a falta de clareza e detalhes na comunicação do bloco e afirma que os números parecem estar consideravelmente abaixo do investimento adicional necessário em transmissão e armazenamento de energia, infraestrutura de gás e produção de hidrogênio.

Embora as metas sejam alcançáveis, fazê-lo até 2030 exigirá planejamento em tempo semelhante a guerra, níveis de investimento, construção e produção. Várias das energias renováveis, como solar e eólica, são as fontes mais baratas de eletricidade na Europa, conclui pesquisa da Bloomberg New Energy Finance (BNEF). Os custos de renováveis e preços de gás estão interligados. Apesar do aumento do custo das energias renováveis devido à crise das cadeias de suprimentos, a crise do gás ainda estava tornando as energias renováveis muito mais competitivas na nova base. A transição é muito rápida, apesar dos atuais desafios e o processo de independência não elimina a sujeição do bloco a compras de materiais de outros países. A União Europeia poderia se livrar dos combustíveis fósseis até 2050 com US$ 5,3 trilhões (ou 4,9 trilhões de euros), projeta a BNEF. Desses, US$ 3,8 trilhões iriam para projetos de geração de energia e, em um cenário mais econômico e menos ambicioso, US$ 2,3 trilhões.

Mesmo na transição econômica, a parcela de energia ofertada por fontes eólica e solar subiria dos atuais 18% para 48% até 2030 na União Europeia e os combustíveis fósseis cairiam para 28% até 2050. Para o Grupo Julius Baer, não é o capital que restringe o mercado de economia limpa. O principal obstáculo é o licenciamento demorado, seguido por barreiras de informação e os recentes gargalos na cadeia de oferta. Obter uma permissão para projetos eólicos pode levar até nove anos e para os solares, quatro anos e meio. A Comissão Europeia propôs uma recomendação aos Estados-membros para explorarem todas as possibilidades dentro das atuais limitações legislativas para acelerar o processo. Para implementar a recomendação, o órgão deve reunir especialistas em energia renovável e em avaliação ambiental dos 27 países no dia 13 de junho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.