06/Jun/2022
Segundo a Coface Internacional, empresa francesa líder mundial em seguro de crédito e serviços especializados como análises de risco de países e setores da economia e com forte atuação no Brasil, as consequências da guerra da Ucrânia serão sentidas principalmente a partir do segundo semestre deste ano e se materializarão de forma mais intensa a partir de 2023. Nenhuma região será poupada das consequências econômicas desta guerra. A percepção geral é a de que após os sucessivos choques dos anos 2020, o mundo mudou e jamais será o mesmo. Os papéis significativos da Rússia e da Ucrânia na produção de muitas commodities, juntamente com o medo de interrupções no fornecimento, levaram a um aumento nos preços, resultando em um declínio na renda disponível das famílias e, portanto, no consumo.
A volatilidade e a incerteza também pesarão fortemente nas decisões de investimento das empresas, pois a situação financeira provavelmente se deteriorará significativamente à medida que os custos de produção permanecem altos ou continuem a subir. "Os impactos do conflito são vistos em todo o planeta. Além das economias da Europa Central e Oriental, que têm importantes laços econômicos com a Rússia, os países da Europa Ocidental são os mais expostos devido à sua forte dependência dos combustíveis fósseis russos. A Alemanha e a Itália, cujas economias são as mais dependentes do gás russo, provavelmente serão fortemente impactadas, com decréscimo de cerca de 1,6% no crescimento do PIB.
O impacto provavelmente será mais fraco, mesmo assim significativo em outras regiões da Europa. Do outro lado do Atlântico, o impacto no crescimento será mais modesto devido ao comércio limitado e à baixa exposição financeira com a Rússia e a Ucrânia. Entretanto, nos Estados Unidos, a taxa global de inflação atingiu seu nível mais alto em 41 anos impulsionada pelos preços dos alimentos e da energia, o impacto será maior. Excluindo estes itens, o crescimento mensal dos preços tem se moderado, mas permanece bem acima da meta de 2% do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o que leva o Fed a agir mais cedo do que o esperado.
Após um primeiro aumento de fundos do Fed em março, a maioria dos membros do Comitê de Política Monetária expressou apoio a uma taxa "neutra" até o final de 2022, estimada entre 2% e 3%. Este seria um dos ciclos de aperto mais agressivos desde os anos 1990, e ajudaria a moderar o crescimento dos Estados Unidos, o que levou a Coface a rever para baixo a previsão de crescimento do PIB norte-americano em 2022 a 2,7%. A África, onde um efeito líquido da guerra será uma desaceleração de 0,5% do PIB, é considerada como um exemplo perfeito de como a situação atual está afetando as economias emergentes, com a intensificação das pressões inflacionárias, e o início do aperto da política do Fed, com seu efeito sobre os fluxos de capital.
A Ásia também não será poupada das consequências da guerra, além da desaceleração na China ligada à variante Ômicron. Um conflito prolongado na Europa ou uma nova escalada terá um impacto negativo líquido estimado de 0,5% no crescimento do PIB em 2022. A América Latina é outra região vulnerável ao aperto das políticas do Fed, mas deve se beneficiar do aumento dos preços das commodities. O efeito líquido da guerra na região estimado em -0,1% ainda é incerto e pode não ser plenamente sentido no futuro próximo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.