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03/Jun/2022

Dólar fecha em baixa com ambiente externo positivo

O dólar recuou na sessão desta quinta-feira (02/06) e voltou a se situar abaixo da linha de R$ 4,80, em meio ao enfraquecimento da moeda norte-americana tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. Apesar da valorização das commodities, na esteira da reabertura da economia chinesa, e da alta firme do Ibovespa, o Real apresentou um desempenho modesto em comparação com outras divisas emergentes. O dólar poderia ter caído mais no País não fosse o recrudescimento das preocupações fiscais. São fortes os rumores de que o governo pode decretar estado de calamidade, abrindo a porta para mais gastos públicos em ano de eleição, incluindo subsídios para compensar a escalada dos preços dos combustíveis. A alta de 1% PIB brasileiro no primeiro trimestre (na margem), embora levemente abaixo do esperado (mediana de 1,2%), foi considerada positiva, mas não teve impacto relevante na formação da taxa de câmbio. Depois de certa instabilidade, o dólar operou em queda ao longo do dia.

Com oscilação de apenas R$ 0,03 entre a mínima (R$ 4,77) e a máxima (R$ 4,80), a dólar fechou a R$ 4,78, baixa de 0,32%. Na semana, a moeda ainda acumula valorização de 1,06%. Há uma disputa entre a ala política do governo e a equipe econômica, que estaria tentando barrar a edição de decreto de estado de calamidade, cuja justificativa seria o risco de desabastecimento do diesel. O ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que não vê necessidade de adotar essa estratégia agora, mas ressaltou que tudo vai depender da situação do País e que a população está sofrendo. O risco fiscal entrou novamente no radar. Segundo a Terra Investimentos, essa ideia de estado de calamidade já deixou de ser apenas um balão de ensaio e encontra eco nas principais lideranças políticas. O dólar poderia ter caído muito mais nesta quinta-feira (02/06) com o ambiente positivo no exterior, mas a questão fiscal jogou contra.

No exterior, depois da forte alta de quarta-feira (1º/06), o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) voltou a ser negociado abaixo dos 102,000 pontos, sobretudo por conta da recuperação do euro. Investidores ajustaram posições na esteira da divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e da taxa anualizada de 37,2% da inflação ao produtor (PPI) na zona do euro em abril, aceleração em relação a março (36,9%), mas abaixo das expectativas (38,6%). As atenções seguem voltadas ao ritmo de ajuste das políticas monetárias pelo Banco Central Europeu (BCE) e, em especial, pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na véspera da divulgação do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos de maio, o relatório ADP mostrou que o setor privado norte-americano criou 128 mil vagas no mês passado, bem abaixo da previsão, de 299 mil.

A dinâmica do mercado de trabalho é um dos indicadores mais relevantes para a condução da política monetária dos Estados Unidos. A presidente do Fed de Cleveland alertou que, se a inflação não mostrar moderação até setembro, pode ser necessário aumentar o ritmo de alta dos juros. Mas, ponderou que leituras mensais trazem evidência de que a inflação está cedendo. Por ora, está na conta do mercado elevações da taxa básica, hoje na faixa entre 0,75% e 1%, em 50 pontos-base nas próximas duas reuniões do Fed. A vice-presidente do Fed, Lael Brainard, afirmou que considera razoável a precificação de mais duas altas de 50 pontos-base (em junho e julho), mas alertou que é muito difícil encontrar argumentos para uma pausa do processo de alta em setembro dadas as pressões inflacionárias. A alta persistente do petróleo, em meio ao embargo da União Europeia ao óleo russo em razão da guerra na Ucrânia, preocupa os investidores.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu elevar a produção em 648 mil barris por dia em julho, medida considerada insuficiente pelo mercado. O tipo Brent para agosto, referência para a Petrobras, fechou em alta de 1,40% nesta quinta-feira (02/06), a US$ 116,87 por barril, impulsionado também pela redução maior que a esperada do estoque dos Estados Unidos na semana passada. O Santander Brasil antevê um aperto monetário nos Estados Unidos mais intenso do que o esperado, o que, aliado à ansiedade pré-eleitoral, pressiona a moeda brasileira. O Santander elevou sua projeção para a taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5,00 para R$ 5,15. Para 2023, a expectativa passou de R$ 4,80 para R$ 5,00. A Terra Investimentos lembra que um dos principais propulsores do Real nos últimos meses foi a ampliação do diferencial entre juros interno e externo, dado que o Banco Central brasileiro saiu na frente no processo de aperto monetário. Agora, o Banco Central já fala em encerrar o ciclo, enquanto no resto do mundo os juros vão subir mais, porque a inflação está muito elevada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.