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03/Jun/2022

Brasil: PIB teve crescimento no 1º trimestre/2022

De acordo com dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgados nesta quinta-feira (02/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou alta de 1,0% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o PIB apresentou alta de 1,7% no primeiro trimestre de 2022. O PIB do primeiro trimestre de 2022 totalizou R$ 2,2 trilhões. O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária caiu 0,9% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o PIB da agropecuária mostrou queda de 8%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 3,5% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, a FBCF mostrou queda de 7,2%. A taxa de investimento (FBCF/PIB) do primeiro trimestre de 2022 ficou em 18,7%. As exportações cresceram 5,0% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, as exportações mostraram alta de 8,1%. As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, caíram 4,6% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, as importações mostraram queda de 11%. A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços. Apesar do mau desempenho no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, com queda de 0,9% ante os três últimos meses de 2021 e tombo de 8,0% sobre o primeiro trimestre do ano passado, a agropecuária puxou as exportações. A queda na atividade da agropecuária foi explicada pela quebra na safra de soja, afetada, principalmente, pela seca que atingiu a Região Sul do País durante o verão, na virada de 2021 para 2022.

Tanto que o tombo de 8,0% ante o primeiro trimestre de 2021 foi o pior desempenho para primeiros trimestres, na comparação interanual, desde os três primeiros meses de 2012, quando a queda foi de 11,2% ante o primeiro trimestre de 2011. Apesar da queda na produção, o que foi colhido foi direcionado para as exportações. O mesmo ocorreu com a produção de carne. Por isso, mesmo com o desempenho pior do que um ano antes, a agropecuária contribuiu para o crescimento das exportações, de 8,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2021 e de 5,0% ante os três últimos meses do ano passado. O crescimento na comparação como trimestre imediatamente anterior é facilmente explicado, também, pelo fato de que, no fim do ano, não tem colheita da soja, a principal cultura agrícola nacional. Ou seja, mesmo que o desempenho da atual safra de soja tenha sido pior do que a anterior, há impulso positivo nas exportações. O crescimento na comparação com os três primeiros meses de 2021 tem uma particularidade.

Na safra 2020/2021, a demora no início das chuvas na primavera levou a um atraso no plantio da soja, atrasando também, evidentemente, a colheita. Com isso, em 2021, houve uma concentração atípica de exportações de grãos no segundo trimestre. Neste ano, a soja foi exportada no período mais usual, contribuindo para o forte crescimento das exportações no PIB, ainda mais que a base de comparação do primeiro trimestre de 2021 foi atipicamente baixa, por causa do deslocamento para o segundo trimestre. Mesmo com a queda na produção, a soja foi exportada no período tradicional, o que favoreceu a alta interanual. Na comparação com ajuste (sazonal, ante o quarto trimestre de 2021), mesmo com a safra menor, a comparação é com período que não tem safra. O avanço de 1,0% registrado no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021 fez o PIB do País ficar 1,6% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, no período pré-pandemia de Covid-19.

No entanto, o PIB brasileiro ainda está 1,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014. O nível do PIB está próximo do registrado no primeiro trimestre de 2015. O avanço de 1,0% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021 no PIB do País foi impulsionado pelo desempenho do setor de serviços. O PIB de Serviços avançou 1,0% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021, setor que representa 70% da economia do País. Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia. Dentro dos serviços, os Transporte, armazenagem e correio cresceram 2,1%. Houve aumento do transporte de cargas, relacionado ao aumento do e-commerce no País nesse período, e do de passageiros, principalmente pelo aumento das viagens aéreas, outra demanda represada na pandemia.

O PIB da agropecuária recuou 0,9% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. A queda foi puxada pela estiagem na Região Sul, que reduziu a estimativa da produção de soja, principal cultura da lavoura brasileira. O PIB da indústria teve apenas leve alta de 0,1% no primeiro trimestre. Embora a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos tenha expandido 6,6%, houve uma queda de 3,4% nas indústrias Extrativas (-3,4%). As extrativas puxaram o PIB industrial para baixo, devido a um recuo na produção de minério de ferro. Como a Indústria da Transformação teve alta (1,4%) e tem bastante peso no grupo, isso equilibrou o resultado da Indústria. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre deste ano ante o quarto trimestre do ano passado, enquanto o consumo do governo teve pequeno aumento de 0,1%. No consumo das famílias, a demanda também está relacionada aos serviços que são principalmente feitos de forma presencial, como as atividades ligadas a viagens.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) caiu 3,5%, devido a uma diminuição na produção e importação de bens de capital, enquanto a construção registrou crescimento no período. No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, abaixo dos 19,7% registrados no mesmo período do ano passado. O crescimento de 1,0% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2022 ante o trimestre anterior e de 1,7% ante igual período de 2021, fez o País figurar na 9ª posição em ranking internacional de desempenho da atividade econômica, desta vez com 32 países, compilado pela agência de classificação de risco Austin Rating. O Brasil ficou à frente de países como Reino Unido, que experimentou alta de 0,8% no PIB do 1º trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021; Coreia do Sul (0,8%), Suíça (0,5%), Alemanha (0,2%), França (-0,1%) e Japão (-0,3%) e Estados Unidos (-1,4%). Além desses últimos países, também integram a lista de dez países com resultados negativos na margem trimestral a Itália (-0,2%), Israel (-0,4%), Suécia (-0,4%), Chile (-0,8%) e Noruega (-0,9%).

A liderança do ranking foi ocupada pelo Peru, que cresceu 2,0% ante trimestre anterior e 3,8% na comparação interanual, ou seja, na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Em seguida, surge Filipinas (1,9% e 8,3%), Canadá (1,6% e 3,3%) e Taiwan (1,6% e 3,1%). Os Estados Unidos ficaram apenas em 28º lugar, com recuo de 1,4% no PIB do primeiro trimestre desse ano ante o quarto trimestre de 2021, mas alta de 3,6% na comparação interanual. A China ficou em 5º lugar com alta de 1,3% na margem trimestral e 4,8% interanual. A Rússia é a última colocada, em 32º lugar, sem ter informado a variação do PIB no primeiro trimestre de 2022, mas com avanço de 3,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Também sem ter informado o comportamento do PIB nos primeiros três meses do ano estão Arábia Saudita e Índia, que antecedem a Rússia por terem avançado 9,6% e 4,1% respectivamente na comparação com igual trimestre de 2021.

A demanda reprimida por serviços elevou o consumo das famílias no primeiro trimestre deste ano, mas a inflação e o juro elevado impediram um crescimento maior. No primeiro trimestre, o consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021. Em relação ao primeiro trimestre de 2021, a alta foi de 2,2% no primeiro trimestre de 2022, a quarta expansão consecutiva nesse tipo de comparação. Ainda assim, o consumo das famílias está 0,7% abaixo do nível do quarto trimestre de 2019, no pré-pandemia, e 1,2% aquém do pico da série, registrado no primeiro trimestre de 2014. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurada pelo IBGE, encerrou o mês de março de 2022 com uma alta acumulada de 11,30%. Em abril, subiu a 12,13%. Já a taxa básica de juros, a Selic, está atualmente em 12,75% ao ano. Até meados de março, era de 10,75% ao ano. Um ano antes, em meados de março de 2021, a Selic estava em apenas 2,00% ao ano.

Não fosse inflação e Selic, o consumo poderia ter aumentado mais. No mercado de trabalho, cresce a ocupação, mas com rendimento em queda. A massa salarial real está muito afetada pela inflação. Por outro lado, a expansão do crédito e a liberação de recursos do governo para as famílias, como Auxílio Brasil e antecipação do décimo terceiro salário de aposentados e pensionistas do INSS, ajudaram o desempenho positivo. Os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) só começaram a ser pagos em abril, portanto ainda não influenciaram o PIB do primeiro trimestre. O avanço de 1,0% registrado no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021 no PIB do País foi impulsionado pelo desempenho do setor de serviços. O PIB de serviços cresceu também 1,0% no período, e já está 2,2% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, no pré-crise sanitária. No primeiro trimestre de 2022, a retomada da demanda por serviços foi bastante importante.

A queda de 7,2% na formação bruta de capital fixo (FBCF, a conta dos investimentos) no PIB, na comparação do primeiro trimestre com igual período do ano anterior foi a maior desde o terceiro trimestre de 2020, quando os efeitos negativos da pandemia ainda estavam mais presentes e houve um recuo de 7,5% ante o terceiro trimestre de 2019. O forte recuo de agora, porém, ainda sofre impactos das mudanças nas regras do Repetro, regime fiscal do setor de óleo e gás. A mudança nas regras do Repetro, anunciada em 2017, obrigou as petroleiras em atuação no País a "importações fictas" de plataformas de petróleo, ou seja, registrando na jurisdição nacional equipamentos com bandeira estrangeira que já estavam em operação. O movimento de nacionalização de plataformas vem ocorrendo desde 2018. Nos dados do PIB, embora sejam operações meramente contábeis, essas importações entram na FBCF, como toda importação de bens de capital.

Após sucessivos adiamentos no prazo final para a adequação das petroleiras nas novas regras do Repetro, as nacionalizações tinham que ser feitas até 31 de dezembro de 2020. Mesmo assim, várias operações do tipo foram registradas no início de 2021, porque a Receita Federal tinha um prazo adicional para analisar os pedidos de nacionalização feitos dentro do prazo, como revelou o Broadcast em junho do ano passado. No primeiro trimestre de 2022 não houve mais nenhum registro significativo de importação ficta de plataformas. Mesmo assim, a base de comparação (os três primeiros meses de 2021) estava inflada pelas operações contábeis. Dessa forma, parte da queda na FBCF se deve à comparação com um valor "artificialmente" inflado pelas normas do Repetro. Mesmo assim, a queda na FBCF também foi impactada por recuos tanto na produção quanto na importação de máquinas e equipamentos. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, na qual não há qualquer efeito da mudança nas normas do Repetro, a FBCF caiu 3,5%. O crescimento no PIB do primeiro trimestre, na comparação com os três últimos meses de 2021, foi a maior alta nessa base de comparação desde o início do ano passado.

No primeiro trimestre do ano passado, houve crescimento de 1,1% ante o último de 2020. O crescimento de 1,6% no comércio, dentro do PIB de serviços, foi a maior desde o quarto trimestre de 2020. Naquela ocasião, o comércio cresceu 3,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2020. Ainda na ótica da oferta, o crescimento de 0,8% na indústria da construção sobre o quarto trimestre de 2021, embora tenha sido o sétimo trimestre seguido de avanços, foi o menor desde o quarto trimestre de 2020. Naquela ocasião, a construção avançou apenas 0,1% na comparação com o terceiro trimestre de 2020. Já na ótica da demanda, a queda de 4,6% nas importações foi a maior desde o terceiro trimestre do ano passado, quando houve recuo de 5,6% ante o trimestre imediatamente anterior. O tombo de 11,0% nas importações, na comparação com o primeiro trimestre de 2021, foi o maior, nessa base de comparação, desde o terceiro trimestre de 2020. Quando os efeitos da pandemia de Covid-19 ainda eram mais intensos, as importações tombaram 25,0% frente um ano antes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.