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02/Jun/2022

Dólar avança com possível alta nos juros dos EUA

O dólar abriu junho em alta firme, tocando novamente o patamar de R$ 4,80, em movimento alinhado à onda de fortalecimento da moeda norte-americana no exterior. Indicadores econômicos nos Estados Unidos e alta persistente do petróleo avivam temores inflacionários e trazem de volta a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode ser mais agressivo no ajuste da política monetária. Em tal cenário, nem a perspectiva positiva para preços das commodities, sustentada por relaxamento das medidas restritivas contra a Covid-19 em Xangai e Pequim e por dados acima do esperado da produção industrial chinesa, conseguiram dar sustentação ao Real. Exceto por uma queda na primeira hora de negócios, quando marcou mínima a R$ 4,72, o dólar trabalhou em alta durante toda a sessão desta quarta-feira (1º/06), tendo superado o teto de R$ 4,80, quando atingiu a máxima de R$ 4,81 (+1,30%). O dólar encerrou a sessão a R$ 4,80, alta de 1,08%.

Com isso, acumula valorização de 1,39% nesta semana. No ano, as perdas são de 13,84%. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operou em alta firme, novamente acima dos 102,500 pontos, em meio a perdas fortes de euro, da libra e, em especial, do iene, após o Baco do Japão (BOJ) reforçar a intenção de manter a política monetária frouxa. O dólar também subiu frente à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O Real, que vinha se sobressaindo entre seus pares, amargou as piores perdas. Nos Estados Unidos, o índice de gerentes de compras (PMI) da indústria medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) subiu de 55,4 em abril para 56,1 em maio, na contramão das expectativas do mercado, de queda para 54,2.

Essa leitura forte foi, em parte, temperada pelo avanço de 0,2% dos investimentos em construção em abril, menor que o previsto (+0,5%) e pela queda do PMI industrial da S&P Global de 59,2 em abril para 57 em maio. O Livro Bege, sumário das condições econômicas que serve de base para a decisão de política monetária do Fed, não chegou a ter influência relevante nos negócios. Em todo caso, a sinalização é de que a economia norte-americana ainda exibe bom desempenho, o que autoriza apostas de que o Fed pode ser mais agressivo e promover altas seguidas da taxa básica ao longo deste ano. A dúvida é se o aperto das condições financeiras induzido pelo Fed vai conseguir arrefecer a inflação sem provocar uma desaceleração mais forte da atividade econômica. A JF Trust observa que o mercado já começa a questionar a perspectiva de que, após mais duas altas seguidas da taxa norte-americana em 50 pontos-base, o Fed adotará uma pausa para avaliar os indicadores econômicos.

Dados fortes dos Estados Unidos ajudam a valorizar o dólar no exterior e no Brasil. Apesar do fluxo de recursos externos para a Bolsa nos últimos dias, a tendência é de um dólar mais forte, ligado ao exterior. A alta persistente do petróleo prejudica as perspectivas para o crescimento global e, por tabela, alimenta a aversão ao risco. A presidente do Fed de São Francisco afirmou que é preciso subir a taxa de juros rapidamente para o nível neutro, que ela estima em 2,5%. Os Fed Funds hoje estão na faixa entre 0,75% e 1%. Tido como integrante mais duro, o presidente do Fed de St. Louis afirmou que o ritmo atual de alta dos juros, de 50 pontos-base por reunião, é adequado neste momento. Contudo, ele é contra pausa no ciclo de alta de juros e espera taxa em 3,5% até o fim do ano, acima do que considera o nível neutro (em torno de 2%). A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos está descartada.

A Blue3 observa que é grande a expectativa para a divulgação, na sexta-feira (03/06), do relatório de emprego (payroll) e da taxa de desemprego nos Estados Unidos em maio. É preciso ver como está a questão do emprego para saber qual será a postura do Fed. O mercado deve continuar volátil até lá e o dólar tende a se fortalecer. A preocupação com a inflação global deve continuar a pesar sobre os ativos de risco e favorecer a moeda norte-americana. A Planejar lembra que começa neste mês o início do processo de redução do balanço patrimonial do Federal Reserve, o que vai reduzir a liquidez no mercado e, por tabela, o apetite por ativos de risco. Isso provavelmente deve trazer mais pressão sobre o dólar ao longo de junho. Dados divulgados nesta quarta-feira (1º/06), como o PMI/ISM, mostram que os Estados Unidos seguem com atividade forte, em meio a um quadro de desemprego baixo e inflação elevada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.