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01/Jun/2022

Dólar fecha maio com perdas e amplia queda no ano

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (31/05) praticamente estável, no patamar de R$ 4,75, muito influenciado por questões técnicas do mercado doméstico de câmbio. O dia foi marcado pela disputa em torno da formação da última taxa Ptax de maio, referência para liquidação de contratos futuros e fechamento de balanços corporativos, e pela típica rolagem de posições de fim de mês. O anúncio de novos estímulos econômicos na China, que começa a relaxar restrições de combate à Covid-19, e os dados domésticos positivos, como o resultado fiscal do setor público em abril (superávit primário de R$ 38,876 bilhões), teriam dado certo fôlego ao Real, que conseguiu em parte se descolar do sinal predominante de alta da moeda norte-americana no exterior.

Afora uma escalada na primeira hora de negócios, quando correu até a máxima de R$ 4,77, o dólar trabalhou a maior parte do dia entre estabilidade e leve baixa. Na mínima, chegou a romper o piso de R$ 4,70, ao marcar R$ 4,69. No fim do pregão, era cotado a R$ 4,75, variação de -0,02%. Mesmo com leve alta de 0,30% nesta semana, a moeda termina maio com queda de 3,85%, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 14,77%. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) se recuperou do tombo de segunda-feira (30/05) e operou em alta, mas não conseguiu se firmar acima dos 102,000 pontos.

Quando o mercado local fechou, era negociado a 101,773 pontos, avanço de 0,45%. O dólar também ganhou força em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities, embora tenha recuado frente a pares do Real como peso chileno e colombiano. Para a Valor Investimentos, os investidores estrangeiros estão retornando ao Brasil, tanto para capturar os juros altos da renda fixa quanto para investir em ações de empresas de commodities, de olho na reabertura da China. Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 602,915 milhões na bolsa doméstica na sessão de sexta-feira (27/05).

Com a entrada de capital externo na B3 nos últimos dias, o saldo negativo acumulado no mês, que chegou a superar R$ 12 bilhões, agora está na casa de R$ 9 bilhões. Como não há dados atualizados do fluxo cambial, em razão da greve dos servidores do Banco Central, não é possível saber se houve aporte líquido de recursos no País em maio. A queda do dólar em maio é atribuída à redução dos temores de desaceleração forte da economia da China, o que ensejou recuperação de preços de commodities, e à perda de força do índice DXY, sobretudo com a recuperação do euro. Sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que vai manter o ritmo de alta da taxa básica em 50 pontos-base nas próximas reuniões fizeram investidores apararem apostas em um dólar globalmente cada vez mais forte.

Segundo o Banco Ourinvest, a expectativa de alta das commodities com a reabertura da China favoreceu todas as moedas emergentes e fez o dólar se desvalorizar pouco mais de 3% frente ao Real. Também se observa uma aparente melhora da conjuntura doméstica como fator impulsionador da moeda brasileira. Há expectativa de privatização da Eletrobras e a questão do teto do ICMS. A taxa de juros está elevada e o Banco Central vai continuar subindo a Selic. Isso ajudou na entrada de fluxo neste mês. Nesta terça-feira (31/05), em audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o Real tem tido o melhor desempenho ante o dólar entre todas as moedas dos países do G20 em 2022, em parte em razão da mensagem de combate à inflação.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a apreciação do Real estaria contribuindo para suavizar o choque de preços de commodities e que a queda recente do dólar ainda se faria sentir com mais força nas leituras de inflação. Para a HCI Invest, o dólar corrigiu bastante em maio. Houve fluxo forte para a Bolsa e ainda há oportunidades. Contudo, o dólar não deve romper o piso de R$ 4,60. A inflação global ainda preocupa bastante o mercado e tem reunião do Fed em junho (dias 14 e 15). O dólar pode subir até a resistência de R$ 4,95. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.