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31/Mai/2022

Plano Safra 2022/2023: as alternativas e desafios

O Bradesco garantiu que os bancos continuarão aumentando a carteira de recursos livres para o financiamento do agronegócio. Assim, mesmo que o governo federal aumente as exigibilidades bancárias (percentual de depósitos à vista de correntistas que têm de ir, obrigatoriamente, para o crédito rural), como pleiteiam a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), esses recursos extras não vão ser suficientes para atender a 100% do financiamento dos clientes do agro. Será necessário continuar ampliando a carteira de recursos livres (sem taxas equalizadas pelo Tesouro Nacional e a juros de mercado) para financiar o agronegócio. Aumentar ou não o porcentual das exigibilidades bancárias é um tema de governo, principalmente. Mas, o governo tem de mostrar um Plano Safra maior este ano. O número que tiver de vir, em relação ao percentual das exigibilidades bancárias, vai vir e com uma parcela de recursos direcionados ao crédito rural.

O governo está estudando qual o percentual ideal. Mas, de toda forma, não serão suficientes e o produtor vai precisar do crédito a juros livres também. Foram citadas algumas ferramentas para o produtor se financiar, como as Letras de Crédito do Agronegócio, que cresceram muito o volume de recursos e podem crescer mais ainda. Há também a CPR (Cédula do Produto Rural), que é o título mais forte atualmente. O Santander avaliou que existe a possibilidade de o governo federal reduzir o compulsório (parcela de depósitos, poupança e aplicações que deve ser depositada no Banco Central pelos bancos, para garantir a segurança do sistema financeiro) a fim de liberar mais recursos para o agronegócio, sem com isso gerar pressão inflacionária. Caso a redução fosse acompanhada de elevação do percentual de aplicações (de depósito à vista, poupança rural e Letras de Crédito do Agronegócio) que bancos precisam destinar ao agronegócio, seria mantido o equilíbrio no sistema financeiro.

Há três grandes partes (destinações dos depósitos à vista): uma parte maior, que fica livre para ser liberada pelos bancos; uma segunda, que são os 25% direcionados ao agro, e uma terceira que é o compulsório (depositado no Banco Central). Historicamente, quando se mexe no direcionado ao agronegócio, é contra (tirando da) a parte livre; se for pensar em fazer esse ajuste de redução do compulsório mais destinado para o agro e menos para o livre, se mantém o montante de recurso do sistema igual, o que teoricamente não gera inflação, que é uma das preocupações do Banco Central. Nas duas últimas safras, as exigibilidades de depósito à vista recuaram gradualmente, de 30% obrigatoriamente aplicado em crédito rural para 27,5% e 25%, aumentando os recursos que ficaram livres para os bancos distribuíram como preferissem, e que ao mesmo tempo os depósitos à vista cresceram de forma expressiva no período.

Esta é a grande queda de braço: o quanto o Banco Central quer ou não gerar inflação, tirando de um lugar que já existe (compulsórios ou recursos livres dos bancos) para um lugar mais específico, que são as linhas do agro. Esse é o grande debate. Também é possível apenas elevar o percentual de recursos livres que é direcionado ao agro, mantendo o mesmo montante de recursos circulando no mercado. A mesma coisa vale para a LCA, que hoje tem um direcionamento de 35%, ficando 65% (dos recursos captados por bancos por LCAs) livres (para qualquer direcionamento pelos bancos). É possível aumentar esse direcionamento ao setor agropecuário e os bancos têm pedido via Febraban é para simplificar o direcionamento. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicita o aumento do percentual da LCA que vai para o agro de 35% para 50%. Hoje, desses 35%, tem uma parte que precisa ser aplicada em título (geralmente, Cédulas de Produto Rural - CPR) e outra parte em recurso livre (sob regras do Banco Central, mais burocráticas).

Os bancos pedem via Febraban para simplificar para que seja possível acessar mais volume de LCA e oferecer dinheiro mais barato para o agro (uma referência à demanda para que todo a fatia da LCA que vai para o agro possa ser distribuída por meio de CPRS). A LCA é um mercado grande, tem crescido e, com as taxas de juros mais altas, investidores têm colocado dinheiro em LCA. Segundo o Santander, obter recursos para a equalização das taxas de juros para o crédito rural será o principal desafio do Tesouro e do governo federal para viabilizar a Safra 2022/2023. A equalização terá de se dar sobre uma taxa Selic que subiu pelo menos seis vezes em relação à safra passada. Assim, uma alternativa para o governo seria subir a taxa de juros no Plano Safra 2022/2023, o que não é agradável para ninguém. E outra é colocar mais recursos do Tesouro, orçamento da União é apertado. Uma alternativa seria direcionar mais recursos dos depósitos à vista que obrigatoriamente devem ser destinados ao crédito rural.

A questão da LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) é uma fonte que, dada a taxa de juros, há interesse em investir. Assim, este título poderia ser uma alternativa. Aumentar a percentagem obrigatória dos depósitos à vista que é destinada ao crédito rural, como querem entidades do agronegócio, é uma tentativa de compensar a parte de equalização de taxas de juros do Tesouro. De todo modo, os depósitos à vista, mesmo sob o atual percentual de obrigatoriedade para o crédito rural de 25%, cresceram muito neste ano, em função da relativa recuperação da economia. O depósito à vista segue grande e, por consequência, é um dinheiro que está nos bancos e pode ser direcionado ao crédito rural. Já do lado do produtor rural, mesmo com alta de custos, os preços das commodities agrícolas seguem em alta, e por isso o produtor está capitalizado. Já os bancos querem crescer. Então, não vai faltar recurso. Os bancos têm interesse em seguir crescendo no setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.