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31/Mai/2022

Dólar fecha em alta com ajustes e ruídos políticos

Apesar da onda de enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior e da valorização das commodities, o Real não encontrou forças para nova rodada de apreciação nesta segunda-feira (30/05). O dólar até chegou a cair nas primeiras horas de negociação, rompendo o piso de R$ 4,70 na mínima (R$ 4,69), mas retomou fôlego e passou a maior parte da sessão entre estabilidade e leve alta. Com uma arrancada na reta final do pregão, o dólar fechou a R$ 4,75. Pesaram sobre o mercado de câmbio local o tom negativo do Ibovespa, abalado pelo tombo das ações de Petrobras e já de olho na corrida presidencial, e ajustes técnicos no mercado futuro na véspera da formação da última Ptax de maio. Operadores ressaltam que a liquidez foi bastante reduzida, em razão da ausência de negócios nas Bolsas em Nova York e no mercado de renda fixa norte-americano, fechados em conta do feriado de Memorial Day nos Estados Unidos. O contrato de dólar futuro para junho, principal termômetro do apetite dos investidores, girou menos de US$ 8 bilhões.

Além disso, o dólar vem de duas semanas seguidas de queda (quando passou desceu do patamar de R$ 5,05 para perto do piso de R$ 4,70) e era de se esperar que houvesse uma pausa para ajuste de posições. No exterior, a moeda norte-americana caiu em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, favorecidas pelo anúncio de relaxamento de medidas restritivas de combate à Covid-19 em Pequim e Xangai, na China. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) trabalhou em queda ao longo de todo pregão e recuava 0,32%, aos 101,337 pontos, quando o mercado local fechou. O principal ganhador foi o euro, após a inflação na Alemanha reforçar a aposta em alta de juros na zona do euro no início do segundo semestre. A taxa anualizada do índice de preços ao consumidor (CPI) acelerou de 7,4% em abril para 7,9% em maio, acima das expectativas (7,5%). Na Espanha, a inflação anual acelerou 8,5% em maio, enquanto a previsão de economistas era de 8,1%.

O Banco Central Europeu (BCE) defendeu altas seguidas da taxa básica em 25 pontos-base em julho e setembro. Com o euro mais forte e as sinalizações do BCE, a moeda norte-americana caiu bastante no exterior. Segundo a corretora Ourominas, o dólar acompanhou esse movimento no Brasil no início da sessão e chegou até R$ 4,69, mas acabou subindo um pouco depois, porém a liquidez está muito baixa. Já começou também a disputa entre 'comprados' e 'vendidos' pela formação da Ptax. A Treviso Corretora observa que, com que a liquidez reduzida, operações pontuais tem mais peso na formação da taxa de câmbio e, dada a queda recente do dólar, a alta desta segunda-feira (30/05) é bem comedida. O aumento dos ruídos políticos diante de ataques do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política de preços da Petrobras, é natural o mercado fique mais arisco e busque proteção (hedge).

Pesquisa eleitoral FSB/BTG Pactual divulgada nesta segunda-feira (30/05) confirmou o crescimento das intenções de voto do ex-presidente Lula apontada na semana passada pelo Datafolha. Segundo o levantamento, na simulação para o primeiro turno, Lula sobe de 41% para 46%, Bolsonaro permanece com 32%, Ciro Gomes continua com 9% e a pré-candidata do MDB, Simone Tebet, passa de 1% para 2%. Caso a eleição fosse hoje, Lula teria chances de ter a maioria dos votos válidos e liquidar o pleito já no primeiro turno. Nas mesas de operação, comentou-se que players estavam posicionados em ações de estatais na expectativa de que Bolsonaro pudesse recuperar terreno nas pesquisas eleitorais. Com o avanço do ex-presidente Lula, houve liquidação de posições e busca de hedge no câmbio. Lula já afirmou que pretende mudar a política de preços da Petrobras, que também é alvo de críticas frequentes de Bolsonaro. A questão política acaba pesando um pouco. Cada pesquisa agora tende ter algum impacto no mercado.

Mas, o dólar ainda tem espaço para cair mais e até buscar os R$ 4,50 com o quadro externo mais favorável. O mercado parece mais confortável com o plano de voo traçado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), de mais duas altas de 50 pontos-base na taxa básica dos Estados Unidos. Já se vislumbra uma alta de juros mais comedida nos Estados Unidos. Na Europa, deve começar com 0,25 ponto no segundo semestre. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a moeda brasileira tem sido destaque positivo desde a virada do ano, em meio a mudanças como a entrada do juro real doméstico em campo restritivo e o fim do overhedge dos bancos e do endividamento de exportadores. Segundo Serra, em três ou quatro meses, a valorização do Real deve se fazer sentir nos números de inflação. A taxa Selic, hoje em 12,75% ao ano, deve ficar acima de 13% por um período específico para desinflacionar a economia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.