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31/Mai/2022

Inflação faz consumidor mudar hábitos de compra

No ambiente de inflação elevada, a alta dos preços deixou de ser um tema relevante apenas para as famílias com menor rendimento. Os reajustes estão hoje na pauta de todas as camadas da população brasileira e vem provocando mudança de hábitos na hora das compras, desde o dia das compras até o formato de loja. A transformação na maneira de abastecer o lar tem impactado as estratégias comerciais de redes de supermercados, que correm para se adaptar. Segundo estudo realizado pela Fronte Pesquisa na primeira quinzena de maio, já são 93% dos brasileiros que percebem os produtos mais caros nas prateleiras dos supermercados. Os dados mostram que as adaptações ao novo contexto foram feitas por 89% das pessoas e em todas as camadas sociais: 73% das pessoas de classe mais alta mudaram algum costume na hora de encher o carrinho de compras.

No recorte de renda média alta, foram 76%; enquanto entre os de classe média baixa, 85% fizeram alguma mudança. Nas classes de renda baixa, foram 90%. Um dos hábitos que sofreu mudança foi o dia de compra. A pesquisa mostra que 41% das pessoas passaram a concentrar as compras no início do mês para aproveitar o salário. Outras 39% já tinham esse hábito e apenas 20% dizem não fazer isso hoje em dia. As duas primeiras semanas do mês são as preferidas por 62% para fazer as compras de maior volume. Para a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), esse é um exemplo de mudança que interfere no planejamento dos varejistas do segmento. Essa concentração de compras no início de mês afeta, primeiro, operacionalmente o varejo.

Isso gera um desafio grande de operar a loja, pois é preciso ter quadros maiores de funcionários em períodos específicos e menores em outros momentos. Comercialmente, há mais desafios de estoque. Há produtos que têm validade menor e é preciso tomar mais cuidado, por exemplo. O planejamento de compra e abastecimento se tornam mais críticos. Outro exemplo de adaptação comercial é que algumas redes passam a fazer ações promocionais quando as lojas estão mais vazias e o dinheiro do consumidor está mais escasso. Ainda assim, a pesquisa indica que, mesmo tentando fazer as compras mais pesadas no começo do mês, os consumidores não têm ido menos ao supermercado. Na comparação com a vida antes da pandemia, passou de 27% para 39% o número de pessoas que têm feito várias compras pequenas durante o mês.

O entendimento é de que as pessoas concentram a compra no início do mês para aproveitar o salário, mas elas acabam tendo que voltar outras vezes ao mercado para compras pequenas, provavelmente porque alguns itens importantes não couberam naquela compra grande do mês. É possível que o aumento do trabalho informal possa ter contribuído para que a renda ficasse mais espalhada ao longo do mês, impedindo parte das pessoas de fazer uma compra abastecedora o bastante para durar o mês todo, ainda que essa fosse a intenção. Sobre o fato de até mesmo as classes de mais alta renda terem dito ter novos hábitos para lidar com a alta de preços, nesse caso as mudanças costumam ser mais relacionadas ao fato de o consumidor não achar justo pagar determinado preço por um produto, do que pela falta de recursos para adquiri-lo.

O setor está em transformação para entender esses novos hábitos, já que o País está há cerca de 2 anos em inflação de dois dígitos e todo mundo tem sentido. Há a inflação de fato e a percepção de inflação. Está se falando muito de inflação na mídia, o que gera a sensação de que o dinheiro escapa pela mão. Assim, as pessoas começam a ter a sensação de que o dinheiro precisa ser usado ou aplicado rapidamente. A pesquisa avaliou também as mudanças na cesta de compras do consumidor. Entre os 67% que disseram buscar marcas mais baratas para economizar, por exemplo, 78% trocaram as marcas dos alimentos básicos, como feijão, arroz e açúcar. Outros 74% mudaram marcas de materiais de limpeza e 66%, de itens de higiene pessoal e beleza.

A categoria onde o impacto da mudança de marca foi menor é a de produtos infantis, como fraldas, xampu e leite. Apenas 20% passaram a comprar esses produtos de marcas mais baratas. Já os produtos de supermercado que saíram temporariamente da lista de compras do consumidor, por conta da alta dos preços, foram artigos para o lar (que não fazem mais parte do carrinho de 40% dos pesquisados), bebidas (para 39% dos consumidores), carnes e peixes (para 36%) e frios e laticínios (para 33%). Além disso, 52% afirmaram que passaram a pesquisar mais os preços em diferentes supermercados. Outros 31% já faziam isso antes e apenas 16% afirmam não ter esse hábito. Já 47% afirmaram ter passado a comprar mais em atacado ou atacarejo para conseguir preços menores, 33% já faziam isso e apenas 21% não faziam e não fazem isso hoje em dia.

Sem dúvida, o atacarejo vem ganhando força pelo apelo de preço. Todo ano esse segmento vem ganhando participação de mercado. O formato que mais perde é o de hipermercados, que já vinha caindo em desuso. Segundo a pesquisa, é possível que o hábito de comparar mais os preços tenha beneficiado as compras online. Hoje, 37% das famílias pesquisadas já disseram ter o costume de fazer compras de supermercado online. Esse percentual é ainda maior entre as famílias de renda média e alta (51% e 59%, respectivamente). Entre os que são adeptos da compra online, iFood é o aplicativo utilizado por 69%, seguido dos aplicativos ou sites dos próprios mercados (48%). O fato de o aplicativo de entrega de refeições já estar presente nos celulares de muitos consumidores e ter alta recorrência de acessos faz com que ele seja uma das primeiras opções quando alguém decide comprar digitalmente.

Além disso, o aplicativo oferece cupons de desconto para a compra de itens de supermercado. Isso não significa que os aplicativos próprios das redes de supermercados falharam. O empenho das redes varejistas com suas próprias plataformas de entrega é novo e o uso está em crescimento. O levantamento foi realizado pela Fronte Pesquisa, especialista em estudos de potencial de mercado, que diminuem o risco do investidor ao escolher um novo ponto comercial, e em pesquisas de estratégia de mercado. Foram ouvidos 1.005 internautas brasileiros de todas as regiões do País entre os dias 09 e 10 de maio de 2022. A margem de erro é de 3%, para mais ou para menos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.