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31/Mai/2022

Brasil: cenário de recessão técnica no 2º semestre

A melhora das projeções do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 esconde cenários desiguais para a atividade entre o primeiro e o segundo semestres. Enquanto os fortes resultados de março e os estímulos fiscais concedidos pelo governo devem levar a bons resultados entre janeiro e junho, os efeitos defasados da política monetária sugerem um risco crescente de quedas da atividade no terceiro e quarto trimestres, configurando um quadro de recessão técnica no ano. Longe de um risco de cauda, o quadro já está incorporado aos cenários-base de parte do mercado. A mediana de 25 estimativas para o PIB de 2022 atingiu 1,2% em pesquisa do dia 17 de maio, feita após a divulgação dos resultados positivos dos serviços (1,8%) e varejo ampliado (4,3%) do primeiro trimestre. Mas, as estimativas intermediárias já sugerem contrações da atividade no terceiro (-0,2%) e quarto (-0,3%) trimestres.

O debate em torno da atividade econômica tomou corpo em duas reuniões do Banco Central com analistas do mercado. Os analistas citaram expectativas de um PIB mais forte no primeiro semestre, mas reiteraram a previsão de arrefecimento da atividade à frente. A dúvida é quando os impactos do aperto monetário já conduzido, de 10,75% desde março de 2021, vão se materializar sobre a atividade. Nas contas da TENAX Capital, esses efeitos já devem surgir com força na virada para o segundo semestre. A previsão é de expansão de 1,6% da atividade em 2022, com viés de alta, mas praticamente explicada pelo aumento da estimativa de PIB do primeiro trimestre, de 0,9% para 1,5%, após a surpresa com os dados de março. A expansão da economia no segundo trimestre será de 0,1%, mas haverá contrações de 0,3% e 0,5% no terceiro e quarto trimestres, respectivamente.

O PIB anualizado do primeiro trimestre é de 6,0%, um crescimento chinês. O Brasil terminou o trimestre com uma expansão forte, com choques positivos de renda ajudando o cenário. Isso vai perdurar no segundo trimestre, com a entrada do FGTS, a antecipação do décimo terceiro para aposentados e a alta de commodities. Mas, passadas essas ajudas de curto prazo, de efeito da reabertura e impulso fiscal, o choque de política monetária vai se fazer sentir com mais força. A perspectiva de um primeiro trimestre mais forte é o fator essencial para o bom desempenho previsto em 2022. Matematicamente, o período é o mais importante para montar o carrego estatístico do ano, por definir o nível de atividade em relação ao qual os próximos resultados vão variar. A TENAX estima mais dois aumentos de 0,5 ponto da taxa Selic, a 13,75% no fim do ciclo.

Na mesma linha, a XP Investimentos dobrou a sua projeção de crescimento do PIB de 2022, de 0,8% para 1,6%. A revisão foi atribuída à expectativa de crescimento de 1,4% do PIB do primeiro trimestre, com carrego de 1,9% para o ano. O cenário indica expansão de 0,4% para a economia no segundo trimestre, devido à recuperação do mercado de trabalho e aos impulsos fiscais, mas quedas de 0,3% no terceiro e 0,5% no quarto trimestres. As condições monetárias mais restritivas devem impactar a demanda de forma mais expressiva a partir de meados deste ano, principalmente os investimentos privados e o consumo de bens duráveis. O endividamento das famílias em trajetória de alta, a menor massa de renda disponível aos consumidores e o crescimento mais lento da economia global são outros 'ventos contrários' relevantes para o PIB do Brasil nos próximos trimestres.

A Kínitro estima crescimento de 1,5% do PIB de 2022, principalmente devido à alta de 1,4% esperada para o primeiro trimestre. À frente, no entanto, a tendência é de desaceleração da economia, com expansão de 0,3% no segundo trimestre e atividade praticamente de lado (0,1%) no terceiro. No último período do ano, a tendência é que os fundamentos negativos predominem e levem a uma queda de 0,4% da atividade. Esse momento desfavorável da economia vai ser desafiado por uma série de fatores: o efeito da diluição de impactos positivos de medidas pontuais e da superação da pandemia, com o rescaldo da reabertura, principalmente para serviços; a desaceleração da economia global; o aperto monetário fazendo efeito e a perda do impulso fiscal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.