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31/Mai/2022

Diesel: risco de desabastecimento no 2º semestre

O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que os estoques de diesel S10 do Brasil representam 38 dias de importação, ou seja, se as importações do combustível fossem suspensas hoje, os estoques, somados à produção nacional, seriam suficientes para suprir o País por este período. A informação veio a público depois que a Petrobras enviou ofício ao ministério reforçando a gravidade do risco de desabastecimento no País no segundo semestre, devido ao aperto da oferta global do combustível por conta da guerra entre a Rússia e Ucrânia e aumento da demanda prevista no mundo inteiro, e mais especificamente no Brasil pela época da safra de grãos, que aumenta a circulação de caminhões no País.

Segundo o MME, desde o início da intensificação do monitoramento do abastecimento por um comitê criado para essa função, a autonomia do diesel no País passou de 30 para 38 dias, aumento de 26,7%. Atento ao abastecimento nacional de combustíveis, quando do início do conflito que eclodiu no Leste Europeu, com reflexos na conjuntura energética global, o MME adotou medidas imediatas para intensificar o monitoramento dos fluxos logísticos e da oferta de petróleo, gás natural e seus derivados, nos mercados doméstico e internacional. Entre as medidas, o ministério criou em março o Comitê Setorial de Monitoramento do Suprimento Nacional de Combustíveis e Biocombustíveis, grupo técnico para monitorar os estoques durante a guerra do Leste Europeu.

A Mesa, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia, tem a participação da ANP, EPE e associações representativas e agentes do setor, incluindo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Acelen e Petrobras, que reúnem-se semanalmente às segundas-feiras, buscando consolidar as expectativas de oferta (produção nacional e importação) com as expectativas de demanda de diferentes prismas e obter diagnósticos mais precisos e antecipados sobre o abastecimento de diesel para os meses futuros. A redução da oferta e dos estoques mundiais de óleo diesel, em função da conjuntura energética mundial, e o aumento da demanda pelo produto, no segundo semestre do ano, são fatos amplamente conhecidos e monitorados pelo Comitê.

Foi nesse fórum que surgiu os primeiros alertas sobre os riscos de desabastecimento de diesel no 2º semestre. As discussões do grupo subsidiaram os primeiros comunicados informais sobre a ameaça da crise do diesel e a necessidade de se manter os preços alinhados com o exterior para não desestimular a importação. As reuniões continuam e as partes envolvidas têm ciência de que é necessário deslocar o foco do grupo do curtíssimo prazo (dois próximos meses), priorizado no início da guerra, para o médio prazo, uma vez que não há previsão do fim do conflito. O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) afirmou que não há risco de desabastecimentos de combustível, em especial, diesel, no curtíssimo prazo, ou seja, nos próximos dois meses. Mas, de agosto em diante, há riscos reais de distúrbios se o País não se preparar.

Os riscos a partir de agosto vêm em função da combinação de aumento da demanda interna devido à safra de grãos; ruídos de mercado em função da relação entre governo e Petrobras; e a conjuntura externa, que vai limitar de forma crescente a oferta global de combustíveis para importação. Por enquanto, o Brasil tem estoques. Até agora, o setor conseguiu comprar no mercado internacional e está no nível adequado. Mas, há problemas no horizonte, dentro de um contexto mundial de oferta e demanda muito apertado. Circulou no setor de óleo e gás na sexta-feira (27/05) a informação de que, em meados de maio, o Brasil tinha estoque de diesel para cerca de 20 dias. A natureza dos estoques de refinados é naturalmente curta. O estoque médio dos Estados Unidos nos últimos 10 anos, por exemplo, foi de 36 dias, mas, de março a maio esse tempo caiu 20%, para 28 dias e experimentando patamares próximos a 20 dias.

O Ministério de Minas e Energia informou que o estoque de diesel do País representa 38 dias de importação. Esse dado diz sobre o estoque relativo somente ao volume importado e não ao consumo total, portanto, não deve ser comparado a dados divulgados por outros países. O IBP não forneceu números sobre os estoques brasileiros, o que diz ser atribuição da reguladora do setor, a ANP. Ainda assim, reconheceu que os estoques estão mais apertados em todo o mundo. Desde o início da guerra na Ucrânia, quando a oferta mundial encolheu por perturbações logísticas e boicote à produção russa, o setor de óleo e gás brasileiro iniciou um trabalho para reforçar estoques e manter contato com fornecedores externos.

O relacionamento ativo de importadores brasileiros com fornecedores estrangeiros no Golfo do México, Índia e outros polos produtores é estratégico para o terceiro e quarto trimestres. Então, a concorrência por diesel no mundo deve escalonar e levar a episódios regionais de destruição de demanda, seja por falta de combustível no mercado, seja por preços impraticáveis ao consumidor. O Brasil precisa ter uma estratégia segura e respeitar a paridade de preços internacionais a fim de preservar o fluxo de importação no momento mais delicado do ano para o fornecimento de combustíveis derivados. É importante ter uma sinalização de preços correta. Se o governo diz que vai controlar preços, isso manda uma sinalização errada para o importador e todo o mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.