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31/Mai/2022

Grãos: Rússia quer viabilizar exportação ucraniana

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, no dia 28 de maio, que quer viabilizar a exportação de grãos ucranianos, principalmente por via marítima. Em conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz, Putin também defendeu a possibilidade de aumento da oferta russa de fertilizantes e produtos agrícolas. Segundo o governo da Alemanha, Putin também prometeu que a abertura do cinturão de minas colocado para proteger os portos ucranianos para permitir a exportação de grãos por meio de navios não seria usado pela Rússia para ações ofensivas. O governo russo afirmou que está pronto para ajudar a encontrar opções para a exportação de grãos sem impedimentos, incluindo a exportação de grãos ucranianos dos portos do Mar Negro. Um aumento na oferta de fertilizantes e produtos agrícolas russos também ajudará a reduzir as tensões no mercado global de alimentos, o que, é claro, exigirá o levantamento das restrições de sanções relevantes.

Os preços do trigo caíram 10% em duas semanas desde que o Ocidente aumentou a pressão para que grãos ucranianos cheguem ao mercado e a Rússia afirmou que poderia liberar envios, caso houvesse a suspensão de sanções impostas. Para o Instituto Chatham House, a posição da Rússia, porém, soa como uma simples chantagem e as condições do mercado não devem mudar. Cerca de 36 países dependem da Ucrânia para mais da metade de suas importações de grãos. O principal cliente é o Egito, seguido pela Indonésia, Paquistão e Bangladesh. Segundo o Programa Mundial de Alimentos da ONU, será catastrófico se não os portos da Ucrânia não forem abertos para movimentar suprimentos de alimentos. A Rússia ocupou um importante porto ucraniano, Mariupol, e fechou todos os outros por meio do controle naval do Mar Negro, o que prejudicou 10% das exportações mundiais de trigo.

À medida que os combates na Ucrânia se recolhem para algumas cidades no Donbas, aumentam os temores de que o bloqueio de grãos possa matar muito mais pessoas do que a própria guerra. Na avaliação de analistas, mesmo que haja um avanço diplomático para liberar o envio das commodities agrícolas, a comercialização de grãos enfrentaria obstáculos físicos. O principal porto de grãos da Ucrânia, Odessa, enfrenta bombardeios desde o início da guerra. A colheita deste verão no país também pode ser 30% menor em virtude dos conflitos. A presença de navios de guerra e minas nas proximidades do Mar Negro é outra barreira para transportadores comerciais de grãos e suas seguradoras. Outro ponto importante, na visão de especialistas, é o fato de que, com a oferta da Ucrânia prejudicada, o maior produtor mundial de trigo torna-se a Rússia, que planeja colher uma safra recorde do cereal a partir de junho. A Rússia estará disposta a vender o grão a preços inflacionados pelo bloqueio provocado pelo próprio país.

Na avaliação do banco alemão Commerzbank, qualquer proposta da Rússia que exija relaxamento das sanções em troca da liberação dos envios provavelmente será rejeitada pela União Europeia (UE). Portos ucranianos estão fechados desde o início da guerra, há mais de três meses, porque estão sendo bloqueados pela Rússia. Vias de acesso a esses locais também são fechadas por minas. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 25 milhões de toneladas de grãos estejam atualmente em estoque na Ucrânia por causa dessas limitações. Um acordo diplomático entre Rússia e União Europeia é improvável, já que o bloco está em processo de lançar outro pacote de sanções contra o país. Dirigentes da União Europeia vão se reunir nesta semana para tentar chegar a uma decisão sobre um possível embargo de petróleo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.