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30/Mai/2022

China: lockdown atrapalha setor industrial no Brasil

Os lockdowns na China agravaram o quadro, que já era delicado, de abastecimento de peças na indústria brasileira, resultando em maior custo no transporte dos materiais e mais casos de atraso de produção ou interrupções em fábricas de automóveis e de produtos eletrônicos. Ainda que a situação atinja praticamente todos os setores industriais pelo aumento do frete, e maior tempo até os insumos chegarem às fábricas, as montadoras de carros e fabricantes de aparelhos como notebooks, celulares e tevês são mais vulneráveis por enfrentarem há mais de um ano um quadro bastante apertado na oferta de semicondutores. Qualquer nova interferência tem, assim, reflexos no fluxo de produção. Na situação mais crítica desde o início do ano, metade das fábricas de aparelhos eletroeletrônicos sofreu com atrasos ou teve, em alguns casos, que parar parte da produção por causa da irregularidade no fornecimento de componentes eletrônicos.

Na indústria de veículos, também por falta de componentes eletrônicos, a Honda vai suspender por dez dias, a partir desta segunda-feira (30/05), a produção de carros no Brasil. Foi o mesmo motivo que levou a Volkswagen a paralisar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) durante 20 dias deste mês e a suspender o segundo turno de trabalho da unidade que monta o T-Cross no Paraná. As restrições na segunda maior economia do mundo comprometeram não só as exportações de produtos chineses, como também, de forma global, a disponibilidade de contêineres e embarcações para o transporte de mercadorias, dado o congestionamento de navios provocado pelo fechamento de portos no país asiático. O mundo, antes mesmo de todos esses problemas, já não conseguia produzir chips suficientes para fazer frente ao avanço da eletrônica em quase todos os produtos junto com a digitalização rápida das economias. A esperança de um maior equilíbrio entre oferta e demanda ainda neste ano foi frustrada com a quebra no fornecimento de insumos essenciais à produção de semicondutores a partir da guerra na Ucrânia.

Com a política chinesa que visa zerar os casos de Covid-19, a tempestade perfeita, que no Brasil inclui ainda a lentidão no desembaraço de cargas em alfândegas devido à mobilização de fiscais da Receita Federal, ganha mais um impulso. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), quando o setor pensou que a cadeia de suprimentos voltaria ao normal, começou a guerra no Leste Europeu. Na sequência, os lockdowns na China pioraram ainda mais a situação porque o setor depende de componentes chineses. A vulnerabilidade da indústria é enorme. Realizada no mês passado, a última sondagem da Abinee com associados mostrou que quase sete (66%) de cada dez fábricas de aparelhos eletroeletrônicos que importam peças da China estão com dificuldade de abastecimento em função dos lockdowns. Maior gargalo do setor, a falta de componentes eletrônicos causou, em abril, atraso na produção e entrega em 44% das fábricas e paralisação parcial em outras 7%.

Ou seja, 51% das empresas tiveram a produção afetada de alguma forma, mais do que no primeiro trimestre, quando a parcela girou entre 41% e 44%. Impactos na disponibilidade de peças importadas da China também já são verificados na indústria de caminhões, embora sem paralisar a produção. A Honda, ao comunicar que vai dar férias coletivas em suas fábricas de automóveis no interior de São Paulo diz que vem monitorando os lockdowns na China junto com os fornecedores. Mesmo nas fábricas que estão conseguindo gerenciar atrasos nas entregas de peças sem mudar substancialmente os planos de produção, como é relatado nas indústrias de medicamentos, motos e de máquinas e equipamentos, o impacto nos preços dos insumos é inescapável. Isso porque o frete, tanto o marítimo quanto o aéreo, ficou ainda mais caro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.