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30/Mai/2022

Rússia está usando a fome como arma de guerra

A verdade incontestável é que a guerra foi não provocada. O próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, o admite, ao manufaturar o conceito de "agressão preventiva". E nenhum "realismo" geopolítico pode justificar as atrocidades em Bucha ou Mariupol. Mesmo que, em tese, a guerra fosse inevitável, crimes de guerra nunca deixarão de ser crimes. Abalos nas cadeias de fornecimento talvez fossem inevitáveis. Mas, a escassez de alimentos não era. Vladimir Putin não precisava usar a fome como arma. Tendo falhado em dominar militarmente a Ucrânia, quer estrangulá-la economicamente, confiscando grãos e maquinários. Mais do que isso, está bloqueando o Mar Negro e retendo grãos na Rússia para chantagear o mundo.

O Organização da Nações Unidas (UNU) prevê um forte aumento da fome. Estima-se que em novembro até 243 milhões de pessoas podem se juntar ao atual 1,6 bilhão em insegurança alimentar, especialmente em países da África e Oriente Médio sem parte no conflito. Resolver o problema é responsabilidade de todos. As nações devem manter os mercados abertos. A Europa deve ajudar a Ucrânia a escoar seus grãos por terra. Suprimentos emergenciais devem ser dirigidos aos pobres. O verdadeiro alívio viria do fim do bloqueio. Uma concertação, talvez envolvendo finalmente China e Índia, precisaria garantir que a Turquia permita escoltas navais no Bósforo, e a Ucrânia retire suas minas em Odessa.

Mas, tudo depende de que a Rússia autorize os embarques. A julgar, porém, pelo diagnóstico de Boris Bondarev, que até esta semana integrava a missão russa na ONU, há poucas chances de negociação. Segundo ele, hoje, o Ministério do Exterior da Rússia não trata de diplomacia. É tudo sobre belicismo, mentiras e ódio, afirmou ao renunciar à carreira diplomática. Ainda, que o objetivo da guerra é um só: permanecer no poder para sempre, viver em pomposos palácios de mau gosto, velejar em iates comparáveis em custo e tonelagem à Marinha Russa, gozando de poder ilimitado e impunidade completa. Para isso, estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias.

Bondarev disse que nunca sentiu tanta vergonha. Para ele, a guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o Ocidente, não é só um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, um crime ainda mais grave contra o povo da Rússia, com uma grossa letra Z riscando as esperanças e perspectivas de uma sociedade livre e próspera. Em meio à guerra de opiniões, o testemunho de alguém credenciado para se dizer um genuíno "entendedor de Putin" é um choque de realidade a ser assimilado pelas lideranças empenhadas em estratégias para mitigar o impacto dos crimes russos, como a fome mundial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.