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25/Mai/2022

Fome: relevância da oferta da Ucrânia e da Rússia

A Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que um acordo global seja feito para que a produção de grãos e outros produtos alimentícios da Ucrânia sejam escoados, bem como os fertilizantes produzidos na Rússia, de forma a evitar uma crise alimentar mundial. É preciso colocar essas produções à disposição do mercado internacional. Também é necessário liberar crédito e liquidez a economias em situações mais fragilizadas. Sem essas medidas, haverá fome como não é vista há várias décadas. Resolvidas as questões mais urgentes, o sistema de governança global precisa ser reformado, de forma a aumentar sua eficiência. A invasão na Ucrânia mostrou que os mecanismos de governança global atuais claramente não são suficientes, uma vez que não foram capazes de impedir a guerra no Leste Europeu. Por fim, foi demonstrada preocupação com o crescimento das tendências políticas autoritárias em todo o mundo e a dificuldade das democracias em lidar com a revolução tecnológica.

Segundo a Comissão Europeia, a Rússia está fazendo chantagem alimentar e prejudicando os países mais pobres e vulneráveis. O governo russo está retendo alimentos para elevar os preços globais ou negociar trigo em troca de apoio político. A Rússia, já tendo como arma a energia, agora está fazendo o mesmo com os alimentos, minando a capacidade da Ucrânia de exportar e retendo produtos russos. As forças russas que invadiram a Ucrânia em fevereiro estão confiscando grãos e máquinas agrícolas, atacando deliberadamente armazéns de grãos e interrompendo as exportações de alimentos ucranianos com bloqueios no Mar Negro. Aproximadamente 20 milhões de toneladas de trigo estão presas na Ucrânia e as exportações mensais normais de cerca de 5 milhões de toneladas caíram para 200 mil ou 1 milhão de toneladas. As consequências desses atos estão à vista de todos.

Os preços globais de trigo estão disparando. Os países pobres e vulneráveis são os que mais sofrem, como é o caso do Líbano, onde os preços do pão subiram 70% devido ao bloqueio da Rússia aos embarques de grãos ucranianos. Além disso, a Rússia está agora segurando suas próprias exportações de alimentos como forma de chantagem. O Programa Mundial de Alimentos da ONU depende fortemente de grãos ucranianos. Em resposta, a União Europeia está trabalhando para encontrar novas maneiras de retirar grãos da Ucrânia, como o transporte por terra para portos europeus. A guerra da Ucrânia fortaleceu a determinação da Europa de se livrar da dependência de combustíveis fósseis da Rússia. Empresas e países, já atingidos por dois anos de Covid-19 e todos os problemas resultantes da cadeia de suprimentos, agora precisam lidar com o aumento dos preços de energia como resultado direto da guerra.

A Rússia tentou pressionar a Europa, por exemplo, cortando o fornecimento de energia. Diante disso, a União Europeia deve acelerar a transição para energia limpa, como a partir do plano REPowerEU. A crise climática não pode esperar. Mas, agora, as razões geopolíticas também são evidentes. A União Europeia já definiu o rumo para a neutralidade climática e, felizmente, já dispõe de meios para o fazer. O bloco está trabalhando para garantir a resiliência das cadeias de suprimentos, a partir de fortes parcerias internacionais. No entanto, deve-se evitar substituir antigas dependências por novas. As economias do futuro não dependerão mais do petróleo e do carvão, mas do lítio para as baterias, em silício metálico para chips, em ímãs permanentes de terras raras para veículos elétricos e turbinas eólicas. E é certo: as transições verdes e digitais aumentarão massivamente a necessidade desses materiais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.