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24/Mai/2022

Dólar recua com maior apetite ao risco no exterior

O dólar encerrou a primeira sessão desta semana em queda de 1,41%, cotado a R$ 4,80, menor valor desde 22 de abril. O dia foi marcado por apetite ao risco e enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, sobretudo em relação ao euro. A divisa chegou a romper o piso de R$ 4,80 e registrou mínima a R$ 4,78. Operadores relataram entrada de fluxo de recursos para a bolsa brasileira, em especial para ações ligadas a commodities, fechamento de câmbio por exportadores e redução de posições cambiais defensivas no mercado futuro. A moeda brasileira e os ativos locais se beneficiam da perspectiva de estímulos econômicos na China, o que diminui os temores de uma desaceleração do PIB global e dá suporte aos preços das commodities.

Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acenou com a possibilidade de retirar tarifas a produtos chineses (impostas no governo Donald Trump) justamente em momento de fragilidade do comércio internacional em razão da guerra na Ucrânia. O governo chinês vai fornecer abatimentos de créditos fiscais a mais setores econômicos e elevará o corte de impostos anuais em mais de 140 bilhões de yuans, para 2,64 trilhões de yuans. Na semana passada, o Banco do Povo da China (PBoC) cortou a taxa para empréstimos de longo prazo de 4,60% para 4,45%, para amenizar o tombo do setor imobiliário. A China também já iniciou um relaxamento de medidas restritivas prescritas pela política de Covid-zero que minam o crescimento econômico. Segundo a Treviso Corretora, o cenário externo é positivo. A China dando estímulos para sustentar a economia significa boa perspectiva para commodities.

Isso atrai investidores para a bolsa brasileira e aumenta entrada de dólar do lado comercial. Questões domésticas, como a aprovação da privatização da Eletrobras e o projeto de unificação da alíquota do ICMS sobre combustíveis e energia contribuem para alavancar os ativos locais. Com raras exceções, a moeda norte-americana apresentou perdas frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, trabalhou em queda superior a 0,90% a maior parte do dia e ameaçou romper os 102,000 pontos na mínima (102,040 pontos). Esse movimento teve como principal responsável a forte valorização do euro (acima de 1%), após o Banco Central Europeu (BCE) sinalizar alta de juros em junho e dizer que o cenário de taxas negativas para depósitos na região deve terminar em setembro.

No mesmo tom, o Banco da França afirmou, no Fórum Econômico Mundial de Davos, que uma alta de juro no curto prazo na região está praticamente fechada. Para a Treviso, a alta de juros na Europa atenua a tendência recente de fortalecimento da moeda americana no exterior, na esteira do processo de elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que divulga a ata do seu último encontro de política monetária nesta quarta-feira (25/05). Se não houver episódios agudos de aversão ao risco no exterior, o Real pode seguir se apreciando e o dólar pode romper R$ 4,60, dado que o Brasil ainda oferece condições atraentes para o investidor estrangeiro, como taxa de juros elevadas e uma bolsa ligada a commodities. O dólar pode continuar em queda nas próximas semanas, mas deve retornar em agosto para um patamar de R$ 5,00 e pode até alcançar R$ 5,20 com a eleição para presidencial.

A última vez que o dólar fechou no patamar de R$ 4,60 foi em 20 de abril, véspera do feriado de Tiradentes. Na volta dos negócios, em 22 de abril, a divisa disparou e encerrou com alta de 4%, a R$ 4,80, em meio a forte perda de ativos de risco provocada por sinais mais duros emitidos pelo Fed. A JF Trust afirma que o Real foi beneficiado nesta segunda-feira (23/05) pela menor aversão ao risco no exterior, mas o dólar deve voltar a subir no mercado doméstico. A imprevisibilidade da gestão futura da política econômica e a proximidade da eleição presidencial vão se somar à correção para baixo das previsões de crescimento nos Estados Unidos com um juro mais elevado, superior a 3% ao ano. O anúncio da desistência de João Doria (PSDB) de concorrer à presidência, o que pode levar a chamada terceira via a se unir em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB), não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.