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24/Mai/2022

Alimentos: guerra segue impulsionando os preços

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o conflito entre Rússia e Ucrânia continua impulsionando os preços de commodities agrícolas utilizadas pela indústria de alimentos. No caso do trigo e do óleo de soja, a oferta desses produtos está diretamente relacionada ao conflito. Já os preços do café refletem a volatilidade do mercado financeiro em meio à guerra. O preço do trigo subiu 2,3% de março a abril no mercado interno. Em um ano (abril de 2021 a abril de 2022), a alta do valor pago pelo cereal no mercado interno foi de 18,5%, atingindo R$ 1.903,00 por tonelada. O preço em dólar do cereal importado avançou 1,8% no mês e 76% no ano. A commodity é dos principais produtos exportados por Rússia e Ucrânia. O mercado global de trigo continua com muitas incertezas em virtude do conflito no Leste Europeu, que prejudica a oferta mundial da commodity, em meio à demanda aquecida e estoques globais reduzidos.

Os preços internacionais permanecem com tendência de alta, elevando os do mercado interno e os dos demais países do Mercosul. A entidade não trabalha com o risco de desabastecimento interno da commodity, já que a Argentina é o principal fornecedor do Brasil. Os impactos da guerra também foram observados no mercado de óleos vegetais. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e, consequentemente, em meio ao conflito, o preço do óleo bruto subiu, impulsionando também o biodiesel, que é feito à base de óleo de soja. Este cenário de demanda firme por óleos vegetais, pela elevada paridade do petróleo, e de restrições na oferta levaram os preços do óleo de soja a um patamar recorde. No mercado interno, o preço do óleo de soja caiu 1,9% em abril ante março, mas acumula alta de 37,3% em um ano, para R$ 11.189,00 por tonelada ao fim de abril.

A queda mensal do óleo é atribuída à valorização do Real ante o dólar na primeira quinzena do mês. Já os preços internacionais da commodity, em dólar, ficaram estáveis em abril ante março e subiram 39,1% em relação a abril do ano passado. Os preços tendem a permanecer elevados nos mercados interno e externo devido ao aumento da demanda mundial por óleo de soja, diante das restrições de oferta. Maior exportadora mundial, a Argentina está com restrição de produção e a Indonésia restringiu a exportação de óleo de palma, o que aumenta a demanda por óleo de soja, pressionando a oferta de óleos vegetais no curto prazo. Outra commodity que tende a seguir em alta é o café robusta. Os preços do café robusta seguirão pressionados no mercado interno. De março para abril, a cotação do café robusta subiu 6,1% no mercado interno, para R$ 13.561,00 por tonelada ao fim de abril.

O aumento foi impulsionado pela maior demanda pela indústria brasileira. Em um ano, os preços da commodity subiram 80,7% no mercado doméstico. No curto prazo, os preços permanecerão em patamares altíssimos, pois a disponibilidade de cafés no mercado interno continua restrita até a entrada da nova safra, a partir de maio. No mercado internacional, os preços do café robusta em dólar ficaram estáveis em abril e acumulam alta de 39,7% em um ano. A guerra entre Rússia e Ucrânia reflete no mercado de commodities em geral, com impacto nos preços e maior volatilidade no mercado financeiro. A indústria de alimentos, por sua vez, é afetada pelos custos de suas matérias-primas, por isso a importância em monitorar atentamente as variações do mercado e a disponibilidade de abastecimento destes produtos. Por outro lado, o preço do milho, também uma das commodities mais utilizadas pela indústria de alimentos, recuou em abril ante março no mercado interno.

O arrefecimento da commodity é atribuído à oferta do grão da nova safra que estimula a expectativa em relação à produção e contribui para reduzir as pressões sobre os preços. De março para abril deste ano, as cotações do cereal recuaram 10,9% no mercado interno e somam queda de 8,6% em relação a abril do ano passado. Contudo, a disponibilidade interna do grão pode ser afetada pela seca que atinge pontualmente a Região Centro-Oeste e pelas chuvas no Paraná. No mercado internacional, os preços do cereal em dólar subiram 3,8% em abril ante março e 29,8% em um ano, base Estados Unidos. Os preços internacionais seguem pressionados e com grande volatilidade, diante da permanência da guerra na Ucrânia, importante país produtor e exportador da commodity. Outro fator de pressão é o atraso na semeadura nos Estados Unidos. Além disso, o preço recorde do trigo é fator adicional de pressão às cotações do milho já que são substitutos na alimentação animal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.