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24/Mai/2022

Suécia faz esforço para salvar acordo Mercosul-UE

A Suécia lidera um renovado movimento na União Europeia (UE) para tentar salvar o acordo comercial com o Mercosul, paralisado em meio a insatisfações com a política ambiental do governo brasileiro. Os esforços, no entanto, esbarram na resoluta oposição da França, que insiste na posição de que o tratado não deve ser implementado sem garantias mais sólidas sobre o cumprimento do Acordo de Paris. No início deste mês, uma reportagem da Bloomberg informou que um grupo de pelo menos 10 países prepara uma carta à Comissão Europeia que defende o desbloqueio de pactos de livre comércio. O objetivo seria aproveitar a liberação dos fluxos comerciais como um veículo para reduzir a dependência de atores geopolíticos considerados hostis, na esteira da guerra decorrente da invasão russa da Ucrânia. A Suécia está entre os principais defensores da pauta.

Desde o início do conflito, os países da Europa Ocidental buscam infligir um custo elevado ao governo russo por meio de sanções e medidas que enfraqueçam os laços econômicos com a Rússia. A Suécia, em particular, aposta na integração comercial como uma maneira de se contrapor às ameaças da Rússia. Na semana passada, o país se juntou à Finlândia em um pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Para conseguir acelerar a tramitação do acordo, contudo, o governo sueco terá que superar a firme resistência encabeçada pela França. Havia entre analistas alguma expectativa de que a definição da eleição no país pudesse, enfim, abrandar a objeção francesa. A reeleição do presidente Emmanuel Macron, em abril, diminuiu drasticamente as chances de uma mudança de posição do governo francês.

O Ministério das Relações Exteriores da França enfatizou que o acordo não será ratificado se não houver salvaguardas na área ambiental, embora não tenha fechado a porta às discussões. A Comissão Europeia está trabalhando em ligação com os Estados-Membros e os Estados do Mercosul em soluções para estas preocupações, que são partilhadas por outros Estados-Membros e partes interessadas europeias. Finalizado em 2019 após duas décadas de negociações, o tratado de livre comércio entre os dois blocos foi celebrado como a primeira grande vitória do presidente Jair Bolsonaro na política externa. O projeto precisa receber o aval de cada um dos parlamentos nacionais das duas regiões, mas a tramitação empacou diante da crescente repercussão na Europa da criticada gestão ambiental do governo brasileiro. O desmatamento ilegal na Floresta Amazônica é encarado como principal entrave ao processo.

Em abril, os alertas de desmate na Amazônia superaram 1000 Km² e renovaram recorde para o mês, de acordo com dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O documento do acordo fechado há três anos tem um capítulo específico que prevê diretrizes ambientais, mas opositores consideram o dispositivo insuficiente. Em 2020, o Parlamento Europeu aprovou uma moção simbólica que indicava que o tratado comercial não poderia ser aprovado nas condições atuais. A eurodeputada alemã Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação de relações com o Brasil, é uma das principais opositoras do tratado. Segundo ela, até o momento, a Alemanha não assinou a carta sueca à Comissão. O acordo comercial com o Mercosul só será ratificado se contiver obrigações juridicamente vinculantes para padrões ambientais, sociais e de direitos humanos, bem como acordos adicionais para a proteção e preservação da Floresta Amazônica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.