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24/Mai/2022

Impactos da alta das taxas de juros no agronegócio

Em momentos de incerteza, a atenção do produtor deve ser redobrada. Na última quarta-feira (04/05), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou o décimo aumento seguido da taxa Selic, a taxa básica de juros da Economia. Desde janeiro de 2021 (quando era de 2%) a taxa aumentou 6,37 vezes e passou para 12,75% na última reunião do comitê. Segundo o boletim Focus, existe a expectativa de mais um aumento de 0,5% até o fim do ano, chegando a 13,25%. Esse aumento visa a conter a inflação, que acumula uma alta de 12,03% nos últimos 12 meses e que vem aumentando desde os primeiros meses da pandemia. O aumento das taxas de juros desencoraja pessoas e empresas a procurarem crédito, consequentemente, reduzindo a demanda por produtos e serviços e contendo a inflação. No agronegócio, o aumento da taxa de juros afeta a tomada de financiamentos e empréstimos pelos produtores. Pequenos e médios produtores são os que mais sentem essas variações nas taxas.

O crédito rural pode ser usado para:

Crédito de custeio - cobrir despesas normais dos ciclos produtivos, da compra de insumos à colheita;

Crédito de investimento - aplicações em bens ou serviços cujo benefício se estenda por vários períodos de produção, como a aquisição de um trator;

Crédito de comercialização - viabilizar ao produtor rural ou às cooperativas os recursos necessários à comercialização de seus produtos;

Crédito de industrialização - industrialização de produtos agropecuários, quando efetuada por cooperativas ou pelo produtor na sua propriedade rural.

Para o Plano Safra 2021/2022, as taxas de juros subiram comparado à safra anterior em virtude do aumento das taxas de inflação e da Selic. Pequenos e médios produtores, que procuram crédito por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), tiveram elevações menores das taxas para não os desencorajar a continuar na atividade. Outros acontecimentos ainda devem afetar o agronegócio brasileiro, como o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos, que passou de 0,25% a 0,5% para 0,75% a 1% no dia 4 de maio, o novo lockdown que está acontecendo na China, por causa dos casos crescentes de Covid-19 e a incerteza quanto ao fim do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Os Estados Unidos possuem o mercado financeiro mais robusto e consistente do mundo, onde se encontram os maiores investidores e as maiores empresas do planeta e, aliado à sua moeda forte, faz o Risco País ser baixíssimo. Ao elevar a taxa de juros atrai o fluxo de investimentos direcionados a outros países para lá, entre eles o Brasil, desvalorizando o Real frente ao dólar. O lockdown na China traz insegurança com relação a uma disrupção na cadeia de abastecimento, que pode aumentar ainda mais a inflação, uma vez que a China é a principal parceira comercial de mais de 180 países. Além disso, um cessar fogo entre Rússia e Ucrânia parece ser remoto, elevando o custo de produção com o encarecimento dos insumos agrícolas. O agronegócio brasileiro já vem sofrendo os impactos dessa conjuntura. A alta dos juros é um deles. Caso a inflação não seja contida, mais aumentos na taxa de juros virão, dificultando custeios e investimentos. Está ficando difícil para o produtor. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.