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24/Mai/2022

Brasil: baixo investimento e ritmo econômico lento

O salto da taxa de investimentos no Brasil entre 2015 e 2021, de 15,52% para 19,17% do Produto Interno Bruto (PIB), com aumento de quase 3,7%, traz expectativas animadoras. Aferido pelo Centro de Estudos de Mercados de Capitais (Cemec) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estimativas próprias, esse avanço pode sugerir que a economia brasileira recuperou sua capacidade de investir. Desse modo, o Brasil teria conseguido reduzir sua distância em relação aos países em desenvolvimento que cresceram em ritmo intenso nas últimas décadas e, assim, readquirido sua própria capacidade de voltar a crescer com maior velocidade.

Embora auspiciosos, os dados precisam ser examinados com cuidado e estão longe de projetar crescimento rápido e sustentado nos próximos anos. Problemas recentes e históricas restrições estruturais ao aumento dos investimentos do setor público ainda desafiam o País e, se não enfrentados, manterão a economia em ritmo exasperantemente lento, com o que velhos problemas sociais persistirão, se não ficarem mais graves. Mesmo eliminados os registros de exportações fictícias de plataformas de petróleo, a evolução da taxa de investimentos é expressiva. Entre 2019 e 2021, ela passou de 16,2% para 18,2% do PIB, uma evolução de 2 pontos porcentuais num período marcado pela pandemia de Covid-19. Mas, em boa medida, o aumento se deveu a uns poucos segmentos da economia.

Ele foi puxado, em primeiro lugar, por máquinas e equipamentos, mas, desses itens, os que mais cresceram foram os voltados para o setor agrícola. O segundo fator foi a construção civil. Outros setores tiveram papel pouco expressivo nos investimentos nos últimos anos. A eficiência da agropecuária tem sido demonstrada há décadas. Seus ganhos de produtividade e a expansão notável de sua produção, bem como seu papel na geração de superávits excepcionais da balança comercial, o destacam dos demais setores. É o campo que, num período de estagnação ou baixo crescimento, tem evitado resultados econômicos ainda mais decepcionantes. É preciso observar, no entanto, que o aumento recente de sua demanda por bens de capital tem muito a ver com a boa cotação internacional.

Surgem indicações fortes de que o bom momento do mercado mundial para os produtos agrícolas pode estar passando. No caso da construção, o grande estímulo nos últimos tempos foi a oferta abundante de crédito a custos historicamente baixos. Desde meados do ano passado, porém, os juros básicos vêm sendo elevados pelo Banco Central para conter a inflação, que já passa de 12% em 12 meses. O aumento do custo dos empréstimos imobiliários, a maior cautela das instituições financeiras em razão da evolução da inadimplência e a corrosão da renda real pela inflação podem reduzir os negócios no setor. Além dessas mudanças para os dois setores que mais têm estimulado os investimentos, há o caso do setor público. Os investimentos públicos estagnaram e os bons resultados observados nos últimos anos são frutos apenas dos investimentos privados. O desafio é, ao mesmo tempo, recuperar a capacidade de investimento do setor público e assegurar condições para atrair mais e mais investimentos privados.

Quanto ao setor público, na atual estrutura fiscal, as despesas correntes crescem mais do que a inflação, o que, paulatinamente, reduz o espaço para os investimentos. Romper essa evolução que degenera o gasto público exigirá uma verdadeira reforma do Estado, que permita o controle efetivo da evolução dos gastos correntes de modo a assegurar o aumento dos investimentos. Ao mesmo tempo, a economia terá de crescer mais rapidamente, com ganhos de produtividade por meio da incorporação das inovações tecnológicas em ritmo e em volumes compatíveis com os observados no exterior. A economia terá de se abrir efetivamente ao mercado mundial. É difícil ver algo parecido com isso entre as muito poucas ideias e raríssimos projetos que os principais candidatos à Presidência vêm apresentando. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.