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24/Mai/2022

Brasil: desafios para o corte das emissões de CO²

O Brasil precisa evitar que 21 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente sejam despejadas na atmosfera nos próximos anos. Não é pouco: representa dez vezes o total emitido no País em 2020 ou duas vezes a poluição da China naquele mesmo ano. O CO2 equivalente é uma forma de mensurar todos os gases estufa em uma mesma medida. O corte de emissões é também o único caminho para chegar em 2050 com o balanço de liberação de gases estufa zerado, compromisso assumido na Cúpula do Clima de Glasgow (COP-26), onde foram mobilizados esforços para frear o aquecimento global. O cálculo do volume a ser evitado é de estudo inédito feito pela CDP América Latina, organização internacional que mede o impacto ambiental de empresas e governos em todo o mundo, e pelo Laboratório Cenergia da Coppe, da Universidade Federal do Rio (UFRJ).

O trabalho traça ainda o caminho para que os principais setores da economia atinjam a meta. Entre as recomendações estão aumentar as florestas plantadas do Brasil e dobrar os sistemas integrados ou agroflorestais, que unem espécies perenes, como árvores, com culturas agrícolas sazonais e criação de animais. Outra estratégia é elevar a participação das fontes renováveis de energia dos atuais 48% para 73% do total, com investimento em biocombustíveis avançados. Na rota da mudança, ainda estão necessariamente conservar florestas nativas, erradicar o desmate até 2030 e recuperar grandes áreas de pastagens. Apesar do tombo econômico causado pela pandemia, e na contramão dos outros países, o Brasil teve em 2020 alta de 9,5% nas emissões ante o ano anterior, a queda global foi de quase 7%. O motor dessa inversão foi a alta no desmate da Amazônia e do Cerrado. Um estado como São Paulo pode nunca zerar a emissão de um poluente, mas outro como o Amazonas pode ser francamente negativo.

Por isso é necessário plano de ação nacional. A CDP América Latina diz que o estudo também se destina a dar transparência climática para governos locais. O CDP trabalha com os Estados para prover informações que possam virar políticas públicas. Neste mês, 13 anos após ser previsto na Política Nacional de Mudança do Clima, o mercado de carbono regulado foi instaurado por decreto federal. Mas, o texto ainda precisa ser regulamentado. Conforme o estudo, se os caminhos das mudanças estruturais forem cumpridos, a partir de 2040 o setor de agropecuária, florestas e outros usos do solo, responsável pela maior parte das emissões nacionais, passará a contribuir com a captura de CO2 da atmosfera para tornar o balanço das emissões negativo. Para isso, o relatório recomenda medidas de mitigação, como recuperar pastagens, crescer em 3,6 milhões de hectares as florestas plantadas e expandir sistemas agroflorestais, de 17,5 milhões de hectares em 2020 para cerca de 36 milhões de hectares em 2050.

Para o avanço da energia limpa, o desafio está em contornar o teto da energia hidrelétrica. Os maiores potenciais para esse tipo de fonte renovável estão hoje na Amazônia. Mas, projetos hidrelétricos nessa região implicam necessariamente impactos ambientais. O caminho está no aumento da participação de energia eólica, solar e, principalmente, biomassa, que podem levar o País, após 2035, ao patamar de emissões negativas no setor. Isso se dará, principalmente, por meio da captura e armazenamento de CO2, que devem ser inseridos na produção de biocombustíveis avançados. A adoção desses biocombustíveis, produzidos a partir da biomassa, para a frota de veículos pesados e a gradual eletrificação de veículos leves entram na conta. Falar de biocombustível para o futuro não é falar em carro flex, mas em combustíveis de ponta para veículos pesados de carga, aviação e navegação. O estudo também considera o setor de resíduos sólidos, embora pese menos no total de emissões. O modelo estima que a reciclagem será responsável por tratar 20% dos resíduos sólidos em 2050. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.