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23/Mai/2022

Adidos Agrícolas facilitam a abertura de mercados

O Brasil conta com um esquadrão de elite de 26 especialistas espalhados pelo mundo que atuam em prol dos interesses do agro brasileiro. São os adidos agrícolas, servidores públicos ligados ao Ministério da Agricultura (Mapa) que têm a missão de defender e mostrar ao mundo a excelência da agropecuária brasileira. Eles atuam na identificação de oportunidades, desafios e possibilidades de comércio, investimentos e cooperação, contribuindo para a estratégia de ampliação da participação do agronegócio brasileiro no mercado global. Atualmente, os adidos agrícolas estão lotados em 26 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica (União Europeia), Canadá, China, Colômbia, Coreia do Sul, Egito, EUA, França, Índia, Indonésia, Japão, Marrocos, México, Peru, Reino Unido, Itália, Rússia, Cingapura, Suíça, Tailândia e Vietnã. Juntos, esses países responderam por US$ 94,5 bilhões das exportações brasileiras de produtos agropecuários em 2021. Isso representa 78,4% do total exportado no ano passado.

O processo de seleção dos adidos é rigoroso e engloba análise curricular, prova discursiva e entrevista. Uma das exigências é que o candidato seja, há pelo menos dez anos, servidor público, ou empregado de empresa pública federal ou de sociedade de economia mista federal. Proficiência em idioma estrangeiro também faz parte dos requisitos para participação. Esses profissionais são construtores de pontes entre o agro brasileiro e o mundo. Por estarem dentro das embaixadas brasileiras no exterior, atuam em coordenação com o corpo diplomático, agregando conhecimentos específicos sobre agricultura. Como o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, o setor agropecuário tem um peso relevante nas relações comerciais do Brasil com diversos países. Neste sentido, os adidos propiciam a aproximação entre as áreas técnicas do Mapa, as embaixadas e os interlocutores governamentais do Brasil e dos países onde estão lotados, agilizando e qualificando as trocas de informações.

Diferente do que acontece com outros setores, a entrada da maioria dos produtos agropecuários em um país precisa ser aprovada pelo governo local. A negociação dos requisitos sanitários e fitossanitários, produto a produto, é conduzida pelo Mapa. Contar com um representante do Ministério, especialista na área, que esteja fisicamente no país importador é um diferencial. Assim como as representações diplomáticas prestam assistência ao cidadão brasileiro no exterior, os adidos dão suporte ao setor produtivo nacional, aproximando importadores e exportadores, estimulando investimentos mútuos, prospectando negócios, identificando tendências e atuando ativamente em ações de promoção comercial dos produtos agropecuários. Alguns números demonstram a importância dos adidos agrícolas. Desde 2019, o Mapa contabilizou a abertura de 210 novos mercados internacionais para produtos do agro. Desse total, cerca de 65% foram postos com adidos.

Nessa lista estão a abertura da Colômbia para a importação de maçãs do Brasil, da Argentina para ovos, do Vietnã para bovinos vivos e do México para o pescado brasileiro. No mesmo período, mais de 2 mil novos estabelecimentos de produtos de origem animal foram habilitados a exportar para diversos países. Houve avanços tanto na diversificação de pauta quanto nos mecanismos de trocas de informações, com possibilidade de uso de Certificados Fitossanitários Internacionais (CFIs) digitalizados em alguns países em substituição a documentos impressos e assinados que tinham necessariamente que acompanhar cada carga. Adicionalmente, os adidos acompanham temas regulatórios dos países em que estão lotados e atuam em negociações internacionais, buscando soluções para as diversas barreiras impostas aos produtos brasileiros. Eles ainda defendem os interesses brasileiros em diversos fóruns internacionais, como Codex Alimentarius, FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Económico e OMC (Organização Mundial do Comércio), entre outras.

Os adidos têm o papel de porta-vozes do agro brasileiro no exterior, disseminando os aspectos de sustentabilidade, produtividade e sanidade da produção agropecuária nacional, visando a defesa e o fortalecimento da imagem do Brasil como parceiro confiável, que tanto contribui para a segurança alimentar mundial. No momento em que o mundo passa por crises como a da Covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia, a preocupação com a segurança alimentar aumenta. Países que dependem da importação de alimentos para garantir o abastecimento interno buscam a garantia dos seus fornecedores de que não haverá interrupção nas exportações. Essa é uma preocupação legítima. Levantamento feito por um centro de estudos do Estados Unidos mostrou que a guerra levou 23 países a adotar medidas protecionistas na área alimentar. Neste cenário, fica ainda mais importante a atuação dos adidos como fontes confiáveis para transmissão de informações técnicas e verídicas aos parceiros comerciais do Brasil. Fonte: Sueme Mori. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Broadcast Agro.