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18/Mai/2022

Dólar cai e zera a alta acumulada no mês de maio

O dólar à vista mais de 2% na sessão desta terça-feira (17/05) e fechou abaixo da linha de R$ 5,00 pela primeira vez desde 4 de maio, em dia marcado por enfraquecimento global da moeda norte-americana e apetite ao risco no exterior. Relaxamento do lockdown em Xangai, na China, e indicadores positivos na zona do euro e nos Estados Unidos (vendas no varejo e produção industrial) diminuíram temores de que a economia global caminhe para a "estagflação". Além disso, declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçaram a perspectiva de nova alta da taxa básica em 50 pontos-base em junho, afastando, por ora, apostas em um ajuste mais rápido e intenso da política monetária nos Estados Unidos. O dólar já iniciou o dia em forte baixa e rompeu o piso de R$ 5,00 ainda pela manhã, em meio a relatos de entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa e desmonte de posições defensivas no mercado futuro. O dólar acentuou as perdas ao longo da tarde e chegou a ser negociado pontualmente a R$ 4,92, em reação inicial a declarações de Jerome Powell, presidente do Fed.

Powell afirmou que há amplo apoio no comitê de política monetária do Fed para um novo aumento da taxa de juros em 50 pontos-base. Ele ponderou que a instituição pode ser mais agressiva se a inflação não arrefecer e que não hesitará se tiver que subir a taxa de juros além do nível neutro. Ele afirmou que pode ser preciso reduzir crescimento para controlar a inflação. Em relação ao tom incisivo de Powell a respeito da inflação, a moeda norte-americana reduziu o ritmo de baixa no exterior. No Brasil, o dólar retornou momentaneamente ao patamar de R$ 4,95, embora ainda em queda firme. No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 4,94, perda de 2,15%. Com isso, o dólar zerou a alta no mês. A baixa em 2022 voltou a ser de dois dígitos (11,35%). Segundo a CM Capital, a fala de Powell reforçou o comunicado da última decisão, de aumentos de 50 pontos-base e comprometimento com o combate à inflação. Ele disse também que pode aumentar os juros acima do nível neutro, que ainda não está definido por conta da incerteza global. A ênfase de Powell no combate à inflação deixa a porta ainda aberta para aceleração do aperto monetário nos Estados Unidos, com alta de 75 pontos-base após a reunião de junho.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) trabalhou em queda e registrou mínima aos 103,411 pontos, em correção após a recente escalada. As perdas mais pesadas foram contra a libra esterlina e o euro, em meio a declarações duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e à alta de 0,3% do PIB da zona do euro no primeiro trimestre (na margem), levemente acima das expectativas (0,2%). Na comparação anual, houve expansão de 5,1%, ante expectativa de 5%. O Travelex Bank ressalta que a alta das taxas dos Treasuries e a inclinação positiva da curva de juros norte-americanas (com as taxas longas acima das curtas) mostram apetite ao risco e diminuição dos temores em relação ao crescimento dos Estados Unidos e global. Os dados dos Estados Unidos de vendas no varejo e da produção industrial foram positivos. A China está saindo do lockdown. Isso deu ânimo para o mercado. As bolsas estão subindo e o dólar perdendo força. Mas, a despeito do alívio, a insegurança com o crescimento global se mantém e pode ensejar novas ondas de fuga de ativos de risco.

O Real ainda se beneficia do patamar taxa de juros doméstica e dos preços elevados das commodities, mas terá seu fôlego limitado pela perspectiva de que a moeda norte-americana siga forte no exterior. O dólar pode cair para R$ 4,90 ou até R$ 4,80, mas já não dá para esperar que vá para R$ 4,60, porque o cenário no mundo está mais difícil e o dólar deve continuar a se valorizar. O Banco Fibra afirma que o mercado global reflete a melhora da perspectiva para a economia chinesa, com a flexibilização das medidas restritivas em Xangai, que deve experimentar uma reabertura gradual. Isso levou a uma alta das moedas emergentes, com destaque para o rand sul-africano, o Real e o peso colombiano. O Fibra mantém a estimativa de apreciação do Real nas próximas semanas. Os preços das commodities devem se manter em níveis elevados até o fim deste ano e as divisas emergentes devem sofrer os efeitos cumulativos do aperto monetário nos Estados Unidos no ano que vem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.