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18/Mai/2022

Auxílio Brasil: dificuldades para acessar benefício

Emperrou de novo o Auxílio Brasil, a versão bolsonariana (eleitoreira e ineficaz) do Bolsa Família. Cerca de 1,3 milhão de famílias estão à espera da ajuda, numa fila parada e crescente, segundo estimativa baseada em critérios da Confederação Nacional dos Municípios e do Cadastro Único do Ministério da Cidadania. Em janeiro, a administração federal anunciou ter zerado a fila. Mas, os novos beneficiários da verba mínima de R$ 400,00 por mês permanecem à espera. O poder central evitou, durante meses, tratar do assunto publicamente. Informações de várias fontes indicam, no entanto, o ressurgimento de um problema recorrente na atual administração. O presidente Jair Bolsonaro propôs em agosto do ano passado, por meio de medida provisória (MP), a substituição do programa Bolsa Família pelo Auxílio Brasil. O Congresso aprovou a proposta em dezembro. A partir daí, o presidente da República, em busca da reeleição, passou a dispor de um grande programa social com seu carimbo.

Mas, faltava cuidar de alguns detalhes cruciais: garantir recursos para as transferências de renda e administrar as operações. Planejamento, administração e execução, como já ficou evidente muitas vezes, são atividades estranhas ao impropriamente chamado "governo" Bolsonaro. Essa incompatibilidade foi novamente comprovada. Uma grande fila de famílias candidatas ao Bolsa Família foi noticiada em fevereiro de 2020, começo do segundo ano de mandato do atual presidente. Falou-se, na época, de números em torno de 1 milhão. O assunto reapareceu em fevereiro de 2021, com informações sobre 1,8 milhão de famílias na fila. Em junho, o contingente havia aumentado para 2,2 milhões. Quando se divulgaram essas informações, o presidente já havia encaminhado ao Congresso a MP sobre o Auxílio Brasil. Enquanto congressista, Bolsonaro foi conhecido por sua agressividade e antipetismo.

Foram notórias suas declarações de desprezo ao Bolsa Família, por ele chamado de "bolsa farelo" e descrito como política destinada a garantir votos de cabresto. O Bolsa Família, disse o deputado Bolsonaro durante o governo de Dilma Rousseff, "nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda, para que use seu título de eleitor e mantenha quem está no poder". O presidente comprovou, durante a pandemia, o potencial político-eleitoral das ações de socorro aos pobres. No ano seguinte ele avançou nas conclusões práticas, propondo a conversão da herança petista em programa a serviço de sua reeleição. Se o programa deslanchar e for executado com alguma eficiência até o fim do ano, Bolsonaro apenas promoverá, de fato, um pequeno reparo dos estragos causados pelos erros, pelos desmandos e pela enorme incompetência de sua administração. Grande parte da pobreza brasileira, facilmente visível nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, e nas áreas menos desenvolvidas, é produto do bolsonarismo.

Eleito em um País ainda afetado pela recessão de 2015-2016, o político Jair Bolsonaro interrompeu a recuperação apenas iniciada, manteve o desemprego muito alto, desperdiçou bilhões com seus aliados e criou ambiente para uma inflação muito acelerada. O Brasil tem a quarta maior taxa de inflação do mundo, mas entre os países com números piores estão a Argentina, uma economia há muito tempo desarranjada, e a Rússia, com problemas agravados pela guerra e pelas sanções decretadas por grandes potências. Poucas economias capitalistas têm desemprego igual ou superior a 7%, mas a taxa, no Brasil, ainda ficou em 11,1% no primeiro trimestre. O efeito desastroso da combinação de alto desemprego, inflação desatada e juros elevados é amplamente conhecido. O Auxílio Brasil daria algum alívio aos mais atingidos, mas nem esse modesto remédio vem sendo corretamente distribuído. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.