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16/Mai/2022

Dólar em alta com a retomada do apetite de riscos

A recuperação de ativos de risco mundo afora, atribuída à percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não vai acelerar o passo do ajuste monetário, abriu espaço para uma queda firme do dólar no mercado doméstico de câmbio na sexta-feira (13/05). Operadores relataram fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa brasileira, em dia marcado por valorização das commodities agrícolas e metálicas, e para renda fixa local, dado o diferencial de juros interno e externo. Afora uma alta pontual na primeira hora de negócios, quando cravou R$ 5,15 na máxima, o dólar operou em queda por todo pregão. Em uma sequência de mínimas, chegou a romper o piso de R$ 5,05 e desceu até R$ 5,04 (-1,81%). No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 5,05, em baixa de 1,61%, o que levou a moeda a encerrar a semana passada em leve queda (-0,35%), após ter subido 2,86% na semana passada. Com isso, os ganhos do dólar em maio agora são de 2,32%. Em 2022, a divisa acumula perdas de 9,30%.

Retomando dinâmica vista no primeiro trimestre, o Real, que vinha apanhando mais que seus pares nos surtos de aversão ao risco, liderou os ganhos entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities na sexta-feira (13/05). Após a forte reprecificação do Real em abril, a divisa começa a encontrar dificuldades para se manter acima de R$ 5,10, dado o alto custo de manter posições compradas em dólar em razão da taxa de juros doméstica elevada. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas fortes) trabalhou em queda, na casa dos 104,500 pontos. O tombo poderia ter sido até maior não fosse a derrocada do iene, após o Banco do Japão sinalizar que vai manter a política monetária expansiva para tentar trazer a inflação para cerca de 2% no curto prazo. O presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que o plano da instituição é promover altas de 50 pontos-base na taxa básica dos Estados Unidos nas próximas duas reuniões, embora tenha ressaltado que pode "fazer mais ou menos" dependendo do desempenho da economia.

O presidente do Fed de Minneapolis, afirmou que o Federal Reserve vai fazer tudo que for necessário para controlar a inflação, mas que tem esperança de que o aperto monetário não precise ser tão agressivo. A presidente Fed de Cleveland, que na terça-feira (10/05) causou alvoroço no mercado ao dizer que uma elevação da taxa norte-americana em 75 pontos base não estava descartada, defendeu, na sexta-feira (13/05), altas de 50 pontos-base na reunião do Fed em junho e julho. A decisão de acelerar ou diminuir o passo ficaria para setembro. Segundo o Banco Original, não parece essencialmente relevante essa discussão do Fed (50 pontos base versus 0,75 pontos base), mas o mercado tem essa tendência de se apegar a pontos focais. O índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em abril, acima das expectativas, sinaliza com mais juros e a velocidade do aperto passa pelo ajuste fino do Fed. Olhando o Real e demais exportadores de commodities, pode-se credenciar à desvalorização do yuan (moeda chinesa) boa parte da desvalorização do Real e de seus pares nas últimas semanas.

Notícias positivas na China deveriam repercutir positivamente no Brasil. Para a Galápagos Capital, o debate em torno de uma alta dos Fed Funds em 75 pontos base deve voltar à mesa, dada a necessidade de desinflacionar a economia norte-americana. Vai ser um problema para o mercado e impedirá uma melhora mais substancial dos ativos. A projeção é de um quadro de desaceleração da atividade global em ambiente de inflação ainda em níveis elevados nos próximos meses. Além da perda de fôlego da economia norte-americana, há preocupação com a China, em razão da política de tolerância zero com a Covid-19, e com a Europa. Países da região, como a Itália, apresentam fragilidade fiscal e devem sofrer com a provável alta de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) neste ano. Os apertos monetários nos países desenvolvidos retiram liquidez global em um ambiente de desaceleração da economia, o que é muito negativo para ativos de risco. O ambiente é de dólar forte no mundo.

O euro pode vir abaixo da paridade com o dólar nos próximos 12 meses. Apesar do cenário global conturbado e da provável volta da questão fiscal doméstica ao radar dos mercados com a proximidade das eleições, o Real não deve enfrentar uma rodada forte de depreciação. A moeda local conta com dois trunfos: perspectiva de manutenção de preços de commodities ainda em nível elevados, em razão de gargalos específicos de oferta, e taxa real de juros robusta, quando se compara a taxa Selic com a inflação projetada 12 meses à frente. O risco maior para o Real vai ser o segundo semestre, até a eleição e no pós-eleição, porque não se sabe qual vai ser o regime fiscal. Mas, o Brasil deve se beneficiar da questão estrutural das commodities e do juro alto. O dólar deve ficar nesse patamar de R$ 5,00. O fato de a China ter depreciado o yuan é o motivo principal para a derrocada do Real em abril e na primeira semana de maio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.